("A origem da Noite", artista: Cecilia González Oreján -Técnica: Mista sobre papel)
Lenda da Noite (em nheengatu tupi)
Ipirungáua ramé intimaan pituna, ara anhó opaim ara pupê. Pituna okéri oiko y repipe. Intimaha sooeta opaim maha onheen.
Durante o princípio não havia noite, somente dia todo o tempo. A noite estava adormecida no fundo do rio.
Boiaussu membira ipaha oiumendare iepe curumin ussu irumo. Quaha curuminussu oreko mossapira miassua caturete.
A filha de Cobra Grande, dizem, casou-se com um rapaz. Este rapaz tinha três criados muito bons.
Oiepe ara upe ocenoim mossapira miassua onheen aeta supe:
Um dia ele chamou os três criados e disse-lhes:
— Pecoim peoatá, xeremirecó inti okéri putári ce irúmo.
- Ide passear, minha mulher não quer dormir comigo.
Durante o princípio não havia noite, somente dia todo o tempo. A noite estava adormecida no fundo do rio.
Boiaussu membira ipaha oiumendare iepe curumin ussu irumo. Quaha curuminussu oreko mossapira miassua caturete.
A filha de Cobra Grande, dizem, casou-se com um rapaz. Este rapaz tinha três criados muito bons.
Oiepe ara upe ocenoim mossapira miassua onheen aeta supe:
Um dia ele chamou os três criados e disse-lhes:
— Pecoim peoatá, xeremirecó inti okéri putári ce irúmo.
- Ide passear, minha mulher não quer dormir comigo.
Miaussua ossô ana.
Os criados foram.
Os criados foram.
Aramê ahê ocenoim xemirecó okéri arama ahê irúmo. Xemirecó ossuaxára:
Então ele chamou sua mulher para dormir com ele. Sua esposa respondeu:
- Inti raim pituna.
Ainda não é noite
- Intimaha pituna ara anhum.
- Não há noite, só dia.
- Xe ruba oreko pituna. Rekeri putari rame xe irumo remundu paimo ahe parana rupi.
- Meu pai tem a noite. Se queres dormir comigo manda buscá-la pelo rio.
Ahe ocenoim mossapira miassua xemireko omundu aeta iruba oca pyri osso opiamo arama iepe tucumã rainha.
Ele chamou os três criados, sua mulher e os mandou irem à casa de seu pai, para buscarem um caroço de tucumã.
Aeta ocyca rame Boiaussu oca upe quaha omehee aeta oiepe tucumã rainha oiucikinau reté onheen:
Quando chegaram na casa do Cobra Grande, ele deu-lhes um caroço de tucumã bem fechado e disse-lhes:
- Kussukui ane rerasso tenhe curi pe pirari... Pepirari rame pecanhyma curi.
— Aqui está, levai, mas não o abri... Se o abrirdes, o perdereis.
Miassua osso Ana, ocena teapu tucumã rainha pupe: ten-ten-ten-ten, xi-xi-xi-xi...Aicoreme teapu jaky sapo pupe baê onhengara pituna bo Outassaba ojepottámo igapucábo popyatã.
Os criados foram, ouviram o som dentro do caroço de tucumã: ten-ten-ten-ten, xi-xi-xi-xi... Era o barulho dos grilos e sapos dos que cantavam pela noite. À viagem continuaram remando forte.
Assapyá nheranacábo xeretaetê aan amoiirê, apu cuaba aicoreme apó baê, nhemonoonga sui igara pupê paum monhangatatá moycu breu oiucikináu rainha baê. Moputuna atãrupi opa.
De repente não suportando mais a curiosidade para saber que barulho era aquele reuniram-se no meio da canoa, fizeram fogo e derreteram o bréu que fechava o caroço. Tudo escureceu de repente.
Pituna semãorecô tukumã rainha suí. É nhé ui, ocamenduara mõ pupê, ocuabámo mojaboéra baê iraarõ angaetê okéri supê. Boiaussu membyra ucuara onheen:
A noite havia saído do caroço de Tucumã. Nesse instante, lá longe na cabana nupcial, os que esperavam para dormir souberam que a semente havia sido aberta. A filha do Cobra Grande ofegante disse:
- Irabámo pituna, orossô é nhé arõ coema.
- Soltaram a noite, vamos esperar agora o amanhecer.
Então ele chamou sua mulher para dormir com ele. Sua esposa respondeu:
- Inti raim pituna.
Ainda não é noite
- Intimaha pituna ara anhum.
- Não há noite, só dia.
- Xe ruba oreko pituna. Rekeri putari rame xe irumo remundu paimo ahe parana rupi.
- Meu pai tem a noite. Se queres dormir comigo manda buscá-la pelo rio.
Ahe ocenoim mossapira miassua xemireko omundu aeta iruba oca pyri osso opiamo arama iepe tucumã rainha.
Ele chamou os três criados, sua mulher e os mandou irem à casa de seu pai, para buscarem um caroço de tucumã.
Aeta ocyca rame Boiaussu oca upe quaha omehee aeta oiepe tucumã rainha oiucikinau reté onheen:
Quando chegaram na casa do Cobra Grande, ele deu-lhes um caroço de tucumã bem fechado e disse-lhes:
- Kussukui ane rerasso tenhe curi pe pirari... Pepirari rame pecanhyma curi.
— Aqui está, levai, mas não o abri... Se o abrirdes, o perdereis.
Miassua osso Ana, ocena teapu tucumã rainha pupe: ten-ten-ten-ten, xi-xi-xi-xi...Aicoreme teapu jaky sapo pupe baê onhengara pituna bo Outassaba ojepottámo igapucábo popyatã.
Os criados foram, ouviram o som dentro do caroço de tucumã: ten-ten-ten-ten, xi-xi-xi-xi... Era o barulho dos grilos e sapos dos que cantavam pela noite. À viagem continuaram remando forte.
Assapyá nheranacábo xeretaetê aan amoiirê, apu cuaba aicoreme apó baê, nhemonoonga sui igara pupê paum monhangatatá moycu breu oiucikináu rainha baê. Moputuna atãrupi opa.
De repente não suportando mais a curiosidade para saber que barulho era aquele reuniram-se no meio da canoa, fizeram fogo e derreteram o bréu que fechava o caroço. Tudo escureceu de repente.
Pituna semãorecô tukumã rainha suí. É nhé ui, ocamenduara mõ pupê, ocuabámo mojaboéra baê iraarõ angaetê okéri supê. Boiaussu membyra ucuara onheen:
A noite havia saído do caroço de Tucumã. Nesse instante, lá longe na cabana nupcial, os que esperavam para dormir souberam que a semente havia sido aberta. A filha do Cobra Grande ofegante disse:
- Irabámo pituna, orossô é nhé arõ coema.
- Soltaram a noite, vamos esperar agora o amanhecer.
Gostei! A curiosidade nasceu com o homem, né? Não tem jeito.
ResponderExcluirBeijo. Linda quarta.
PS. Comeu muitos pedaçcos do bolo do Google, Ursa gulosa. Hehehe.
Adorei a lenda. A vida realmente é feita de ciclos. E quando vem a noite, sempre esperamos um amanhecer...
ResponderExcluirGostei da lenda.
ResponderExcluirMAS FOI ESSE QUADRO QUE ARRASOU !!!
não conhecia essa artista !
É de Paraty, né ?!
Floresta e Galeria de Arte !!!
ÊÊÊÊBAAAA !!!!
Bjs,
JÔKA P.
Ursa: que linda história...a noite tem seus encantos e segredos que só quem a ama consegue desvendar...
ResponderExcluirBom dia pra você amiga e abraços de encostar as costelas!
Ursa, querida
ResponderExcluirQue história maravilhosa...só quem entende a natureza teria essa sensibilidade para os ciclos e a beleza dos dias e noites. Obrigada
Palpiteira, é verdade, acho que já nascemos curiosos (risos). Mas os bichinhos também, principalmente, os gatos ;))
ResponderExcluirA Ursa precisou até tomar um chazinho para digerir todas as fatias de bolo do Google que comeu. Beijos!
Janaína, a noite e o dia são um par perfeito e necessário à vida. Beijos da Ursa
Jôka, achei que você ia gostar do quadro ;)) Beijos carinhosos!
Lia, a noite é cheia de mistérios e linda, enfeitada com estrelas e a lua. Beijos florestais da Ursa e retribuo o abraço de encostar costelas! ;))
Saramar, que bom que você gostou da lenda! Depois, vou postar outras, ok? Beijos!
- URSAAAA !!!!
ResponderExcluir- URSAAAAA !!!!
(gritos de JÔkA procurando a amiga Ursa, pela floresta escura e deserta... )
- URSAAA !!!!
- URSAAAA !!!
Jôka chega ofegante à beira de um rio caudaloso e adormece, exausto, enquanto espera pela amiga Ursa.
:)
Querido Jôka, a Ursa estava recolhida trabalhando. E ainda tem trabalho para fazer esta noite. Você quer falar comigo? Descanse um pouco na oca, tome um chá para repor as energias. Qualquer coisa me mande um e-mail. Beijos!!
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