domingo, 11 de dezembro de 2005

PARAÍSO VIOLADO (Fonte: Folha On line)

Pastagens avançam em direção à floresta, de onde é retirada a madeira para a produção nos fornos

Carvoarias ilegais avançam sobre o Pantanal

(Hudson Corrêa, da Agência Folha no Pantanal - Eduardo de Oliveira, da Agência Folha)

Associadas ao desmatamento, carvoarias avançam no Pantanal de Mato Grosso do Sul. E a derrubada de árvores, usadas nos fornos, está transformando trechos da paisagem em imensos pastos. De acordo com dados da ONG ambientalista Conservation International, cerca de 16 mil km2 da vegetação nativa do Pantanal sul-mato-grossense haviam sido retirados até o ano passado."Estudos anteriores revelaram a taxa de 0,46% de desmate por ano na planície [alagável], no período entre 1990 e 2000. A taxa atual de supressão anual é de 2,3%, considerando o período entre 2000 e 2004. Pode-se prever que dentro de pouco mais de 45 anos a cobertura florestal original do Pantanal terá desaparecido completamente", aponta relatório da ONG.Após pressão do Ministério Público Estadual, o governo baixou um resolução, em julho deste ano, para regularizar as carvoarias e instituir um programa de licenciamento ambiental mais rígido. Em seis cidades da área do Pantanal, existem atualmente 28 carvoarias em processo de regulamentação. Mas estima-se um número maior de fornos ilegais espalhados pela região pantaneira.Em Mato Grosso do Sul, o Ibama calcula que existam outras 5.000 carvoarias, boa parte delas irregulares. A Folha percorreu por terra na semana passada parte do Pantanal em Corumbá, Miranda e Aquidauana. Visitou cinco carvoarias. Encontrou fornos no meio das matas, próximos a baías, ao rio Miranda e a áreas de morro. Nos cerca de 400 km percorridos, a reportagem, que esteve há dois anos no Pantanal, percebeu nítido avanço dos pastos em direção à floresta. O tuiuiú, ave símbolo da região, é raramente visto na rodovia BR-262, que corta a planície. Em mais de 150 km, foram avistados apenas três.O desmatamento no Pantanal é resultado de parcerias entre fazendeiros, interessados em aumentar a área de pastos, e donos de carvoarias, que buscam a madeira para fabricar carvão. O governo diz que não há ilegalidade, desde que o fornecedor da madeira tenha licença para desmatamento, que não estejam sendo derrubadas árvores de áreas protegidas ou acima do limite de 20% que cada propriedade deve preservar, conforme determina o Código Florestal Brasileiro. Pecuaristas desmatam e carvoeiros puxam a madeira com o trator e as queimam em fornos rudimentares. Os primeiros dizem ter licença do governo estadual. Os carvoeiros dizem apenas aproveitar árvores já derrubadas. Em meio a isso, a Sema (Secretaria de Meio Ambiente) admite limitações de estrutura e pessoal para fiscalizar as ações.Numa região cortada pelo rio Aquidauana, onde há baías e áreas alagadas, fica a carvoaria São Luís. Tem 246 fornos, emprega 106 pessoas (com registro em carteira, segundo o dono) e produz 3.000 m3 de madeira, suficientes para encher 30 carretas.A produção vai para siderúrgicas de Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. O empresário Ademir José Catafesta, 50, diz que em dois anos aproveitou madeira de uma área desmatada de 1.700 hectares da fazenda Santa Virgínia. Cada ha equivale a 10 mil m2.A São Luís tenta licenciar-se segundo as novas regras do governo. Já fez o pedido, mas precisará retirar 101 fornos das margens de uma estrada vicinal. O empresário diz estar longe do rio, embora admita que a região é pantaneira. Catafesta não acredita que a produção de carvão estimule a devastação. "A carvoaria é como um urubu. Aproveitamos o que sobrou para o fazendeiro não pôr fogo", afirmou.

2 comentários:

  1. Oi Angela,

    Que grande surpresa. Há um tempo, quando entrei na sua página, fiquei com a cabeca pensando: eu conheco essa pessoa.Agora ligou tudo. Que loucura é essa, né nao? Deve ser aquela história do "eterno retorno"... Eu moro aqui em Berlin e devo ir ao Brasil lá depois da Copa...
    Outra coisa: gosto muito de seu Blog.

    Gostaria muito de saber como vai rolar aquele lance da Faculdade de Letras...

    Grande abrcao, estamos sempre por
    aqui

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  2. Oi, Adauto!! Fiquei feliz com sua visita à floresta virtual! Mandei resposta para você por e-mail. Pois é, voltamos a nos encontrar!
    Abraços florestais! :))

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