O Sono das Águas
(Guimarães Rosa - Fonte)
Há uma hora certa,
no meio da noite, uma hora morta,
em que a água dorme.
Todas as águas dormem:
no rio, na lagoa,
no açude, no brejão, nos olhos d’água,
nos grotões fundos.
E quem ficar acordado,
na barranca, a noite inteira,
há de ouvir a cachoeira
parar a queda e o choro,
que a água foi dormir...
Águas claras, barrentas, sonolentas,
todas vão cochilar.
Dormem gotas, caudais, seivas das plantas,
fios brancos, torrentes.
O orvalho sonha
nas placas da folhagem.
E adormece
até a água fervida,
nos copos de cabeceira dos agonizantes...
Mas nem todas dormem, nessa hora
de torpor líquido e inocente.
Muitos hão de estar vigiando,
e chorando, a noite toda,
porque a água dos olhos
nunca tem sono
Lindo esse poema, muito lindo!
ResponderExcluirBeijos, :).
Belíssimo. Guimarães, adormeceu e com ele o Nordeste de alma insone. Com o poeta, ele disse, tem-se sonho de meste, de repente aprende.
ResponderExcluirO grande mestre da literaturaGuimarães Rosa nos presenteou
ResponderExcluircom textos maravilhosos. Beijos da Ursa :))
que silêncio...que coisa mais linda: porque a água dos olhos nunca tem sono.
ResponderExcluirobrigada querida. beijo.
Albinha, as imagens poéticas dele são muito lindas mesmo. Beijos! :))
ResponderExcluirUrsa: poesia e Natureza...interagem harmonicamente sempre...amei.
ResponderExcluirBjus e mais bjus.
Verdade.A água dos olhos nunca tem sono.Fazem de conta que estão dormindo e qualquer emoção as desperta.As vezes correm pelo rosto calmas como a água deste rio.
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