Criança Ianomami (Foto: Elena Atsma)
"BIOÉTICA"
(Fonte: Revista Época, edição no. 413, de 17/04/2006 - matéria enviada pela amiga Janaína)
A guerra do Novo Mundo
A Universidade Federal do Pará (UFPA) devolveu aos ianomâmis 90 amostras de DNA originadas de uma coleta de sangue realizada em 1990. É a primeira vez que isso acontece no Brasil. E é a primeira vitória dos índios, que iniciaram uma campanha com repercussão internacional em 2000. Neste ano, o jornalista americano Patrick Tierney denunciou, no livro Trevas no Eldorado, atrocidades cometidas contra os índios em expedições comandadas pelo geneticista James Neel e pelo antropólogo Napoleon Chagnon nos anos 60 e 70.
Parte das acusações não foi comprovada, mas os ianomâmis descobriram pelo livro que 12 mil amostras de sangue dos antepassados estavam armazenadas em universidades dos Estados Unidos. No ano passado, a Procuradoria da República em Roraima reivindicou o material indígena de dez instituições americanas. Até agora, apenas quatro responderam e aceitaram negociar a devolução.
O que era pesquisa para os cientistas se transformou em pesadelo cultural para os índios. Pela cultura ianomâmi, todos os vestígios dos mortos devem ser eliminados. Até mesmo a terra pisada pouco antes da morte, assim como as pontas de flecha deixadas na mata. Do contrário, os vivos não terão paz. Milhares de universitários americanos têm apoiado a reivindicação por meio de uma campanha virtual coordenada pelo antropólogo Robert Borofsky, da Hawaii Pacific University. O caso ianomâmi tornou-se um marco bioético internacional.
O material genético devolvido no final de março à Justiça pela UFPA foi coletado durante atendimento médico aos índios, que estavam sendo dizimados por epidemias nos anos 90. Não pertence às polêmicas expedições americanas, mas, segundo os ianomâmis, também foi obtido sem o necessário esclarecimento. Hoje, a lei estipula que qualquer coleta só pode ser realizada após a devida explicação e aceitação pelas comunidades. A questão, agora, é como contar às lideranças ianomâmis que o minúsculo tubinho de água - DNA em solução aquosa - é tudo o que restou. Eles planejam realizar um ritual xamanista antes de devolver o sangue dos avós ao rio.
Aprendi desde cedo que as tradições e crenças dos meus semelhantes têm que ser respeitadas, sob pena de nós mesmos perdermos a nossa identidade pelo desrespeito das nossas convicções, usos e crenças. Espero que num futuro bem próximo os Ianomamis possam completar o ciclo. Como sempre a paz veio ter comigo no canto do pássaro, ao chegar a este seu recanto. Beijo do lado de cá do oceano
ResponderExcluirUrsa: sua homenagem aos índios é diária...aqui ele tem aniversário todos os dias!!!
ResponderExcluirMas o único dia que eles têm de verdade é o 19...ou nem isso!
Beijos e amis beijos de sua amiga Urbana que te admira muito.
Que bom que gostou do mimo...vc merece esse carinho!
ResponderExcluirB-jim
Sim, é preciso se respeitar as tradições, depois de estudar, examinar, para atendimento médico, devolver.
ResponderExcluirRituais precisam ser seguidos, respeitados.
Beijos, :).
Angela, um otimo feriado pra vc.e continue com esse teu trabalho maravilhoso. Beijos do teu amigo Jonas.
ResponderExcluirWhisper, fico muito feliz com as suas visitas! Que o uirapuru traga sempre muita paz a você. Beijos diretamente da floresta para a sua terra portuguesa! :))
ResponderExcluirLia, você tem razão, nesta Floresta virtual todo dia é dia de índio :)) Beijos floridos!
Nanbiquara, os rituais e religiões são vários e devem, sim, ser respeitados. Beijos!
Jonas, desejo também a você um ótimo feriado. Descanse e aproveite bastante! Beijos da Ursa :))