Coleção de árvores
(trechos de matéria por Marcelo Leite, Folha de SP, dia 06/07/08)
(trechos de matéria por Marcelo Leite, Folha de SP, dia 06/07/08)
A Amazônia é muito mais que uma coleção de árvores. Também é mais que uma coleção de hidrelétricas, mais que uma coleção de governadores e mais que uma coleção de votos.
A Amazônia é uma coleção de ambientes. Tem grandes áreas de campos naturais e de cerrado, que Lula e seu ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, prefeririam ver cobertos de soja, capim e cana.
A Amazônia é uma coleção de campinaranas, capoeiras, matas de igapó, florestas densas e florestas abertas. Cada um desses ambientes constitui uma coleção única de plantas.
Em matéria de vegetais, a Amazônia tem a maior coleção do planeta. Não em número de árvores individuais, provavelmente, porque as florestas boreais do hemisfério Norte, conhecidas como taiga, são mais extensas. Em quantidade de espécies de plantas, porém, a Amazônia é uma coleção sem rival: 40 mil, estima-se. Vale dizer, uns 13% do total do planeta.
A Amazônia é uma coleção de espécies peixes de água doce: entre 3.000 e 9.000 (quase um terço dos que existem na Terra). Uma coleção de borboletas: 1.800 (24%). Uma coleção de aves: 1.300 (13%). Uma coleção de abelhas: 2.500 a 3.000 (10%).
A Amazônia é uma coleção de gentes: 180 aikanãs, 94 ajurus, 6 akunsus, 192 amanaiés, 87 amondawas, 182 anambés, 317 aparais, 278 apolimas-araras, 3.256 apurinãs, 569 arapaços, 271 araras-ukaramãs, 332 araras-shawanawas, 339 arauetés, 29 aricapus, 69 aruás, 969 ashaninkas, 384 asurinis do Tocantins e 124 asurinis do Xingu. Isso na letra A, de Amazônia.
Na Z, há 177 zo'és e 144 zuruahãs. Só esses povos de A e de Z falam uma coleção de famílias lingüísticas: aikanã, tupari, tupi-guarani, karib, aruak, tukano, pano, jabuti e mondé. Os dados são do Instituto Socioambiental.
A Amazônia é uma coleção de culturas. Só a ignorância pode enxergar ali uma coleção de índios aculturados reconvertidos em nações originais por uma coleção de organizações multiculturalistas.
A Amazônia é também uma coleção de terras indígenas: ali estão 99% de mais de 1 milhão de quilômetros quadrados em quase 600 áreas identificadas, demarcadas ou homologadas. Isso dá uns 13% do Brasil, que a frente ofensiva não quer ver nas mãos de apenas 480 mil índios. Grandes latifundiários, já se vê, com seus 200 hectares por pessoa de uma terra que, na verdade, pertence à União e da qual eles só têm o usufruto.
É essa a maior ameaça à integridade nacional que os militares e seus comandantes reais ou imaginários conseguem detectar?
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MARCELO LEITE é autor de "Promessas do Genoma" (Editora da Unesp, 2007) e de "Brasil, Paisagens Naturais - Espaço, Sociedade e Biodiversidade nos Grandes Biomas Brasileiros" (Editora Ática, 2007). Blog: Ciência em Dia. E-mail: cienciaemdia.folha@uol.com.br
A Amazônia é uma coleção de ambientes. Tem grandes áreas de campos naturais e de cerrado, que Lula e seu ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, prefeririam ver cobertos de soja, capim e cana.
A Amazônia é uma coleção de campinaranas, capoeiras, matas de igapó, florestas densas e florestas abertas. Cada um desses ambientes constitui uma coleção única de plantas.
Em matéria de vegetais, a Amazônia tem a maior coleção do planeta. Não em número de árvores individuais, provavelmente, porque as florestas boreais do hemisfério Norte, conhecidas como taiga, são mais extensas. Em quantidade de espécies de plantas, porém, a Amazônia é uma coleção sem rival: 40 mil, estima-se. Vale dizer, uns 13% do total do planeta.
A Amazônia é uma coleção de espécies peixes de água doce: entre 3.000 e 9.000 (quase um terço dos que existem na Terra). Uma coleção de borboletas: 1.800 (24%). Uma coleção de aves: 1.300 (13%). Uma coleção de abelhas: 2.500 a 3.000 (10%).
A Amazônia é uma coleção de gentes: 180 aikanãs, 94 ajurus, 6 akunsus, 192 amanaiés, 87 amondawas, 182 anambés, 317 aparais, 278 apolimas-araras, 3.256 apurinãs, 569 arapaços, 271 araras-ukaramãs, 332 araras-shawanawas, 339 arauetés, 29 aricapus, 69 aruás, 969 ashaninkas, 384 asurinis do Tocantins e 124 asurinis do Xingu. Isso na letra A, de Amazônia.
Na Z, há 177 zo'és e 144 zuruahãs. Só esses povos de A e de Z falam uma coleção de famílias lingüísticas: aikanã, tupari, tupi-guarani, karib, aruak, tukano, pano, jabuti e mondé. Os dados são do Instituto Socioambiental.
A Amazônia é uma coleção de culturas. Só a ignorância pode enxergar ali uma coleção de índios aculturados reconvertidos em nações originais por uma coleção de organizações multiculturalistas.
A Amazônia é também uma coleção de terras indígenas: ali estão 99% de mais de 1 milhão de quilômetros quadrados em quase 600 áreas identificadas, demarcadas ou homologadas. Isso dá uns 13% do Brasil, que a frente ofensiva não quer ver nas mãos de apenas 480 mil índios. Grandes latifundiários, já se vê, com seus 200 hectares por pessoa de uma terra que, na verdade, pertence à União e da qual eles só têm o usufruto.
É essa a maior ameaça à integridade nacional que os militares e seus comandantes reais ou imaginários conseguem detectar?
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MARCELO LEITE é autor de "Promessas do Genoma" (Editora da Unesp, 2007) e de "Brasil, Paisagens Naturais - Espaço, Sociedade e Biodiversidade nos Grandes Biomas Brasileiros" (Editora Ática, 2007). Blog: Ciência em Dia. E-mail: cienciaemdia.folha@uol.com.br
Querida amiga,
ResponderExcluirParabéns pela sempre defesa de nossa Amazônia.
bjs
Bandeiras, obrigada pelo carinho e pelo apoio :)) Beijos floridos da Ursa
ResponderExcluirOlá Angela, obrigado pela visita à SOPPA e pelos votos. Parabéns pela constância na luta! Engraçado, sou "íntimo" do Panda estrangeiro e desconhecia completamente meus vizinhos saguis.
ResponderExcluirBjs!
PPrangel, muito obrigada pelo seu apoio à Floresta! :)) Esses saguis são pouco conhecidos mesmo e exóticos. Beijos floridos!
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