terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Índios Guarani-Nhandeva

TRISTEZA!

Pai e filho cometem suicídio em aldeia
(por Ângela Kempfer - Fonte: Campo Grande News, encaminhada pela Lista de Literatura Indígena)

As tragédias parecem cada vez mais tristes nas aldeias de Mato Grosso do Sul. Hoje uma família guarani-ñandeva sofreu a dor de perder de uma só vez filho e pai, ambos por suicídio.
Na aldeia Potrero Guassú, em Paranhos, a 575 quilômetros de Campo Grande, o adolescente Ronei Benite, de 14 anos, chegou em casa, após a escola, determinado a ganhar um caderno. O pai, Cecílio Benite, tentou explicar ao filho que no momento não tinha dinheiro para a compra, mas que estava disposto a vender um porco para atender a vontade do rapaz. Cecílio não teve tempo.Revoltado com a pobreza, Ronei pegou uma espingarda pressionou contra a barriga e, com o dedo do pé, atirou. A tragédia começava ali, mas ainda teria um desfecho pior. O pai, ao ver o corpo do filho caído no quintal, pegou a arma, seguiu para o quarto e também se suicidou, aos 34 anos.A esposa, Plácida Benite, acompanhou tudo, ao lado de outros seis filhos, o menor de um ano de idade. “Ela não consegue falar nada, só chora, ninguém acredita. Hoje eu vim com ele da escola, a gente estava feliz, combinando de jogar bola”, conta o primo de Ronei, Robson Pires, de 15 anos.O adolescente estudava na cidade, em uma escola municipal de Paranhos. Era um dos orgulhos da aldeia, diz o primo. “O melhor aluno da sala”, conta Robson.As duas mortes são agora o 8º e o 9º suicídio de índios guarani neste ano em Mato Grosso do Sul.Os casos chocam, mas o maior motivo de preocupação, segundo o coordenador do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), Egon Heck, é que o problema, antes restrito aos guarani-kaiowá, atinge agora os ñandeva. “Essa população sempre negou o suicídio, por considerar uma doença que pode contaminar todos os outros.Esse caso nos surpreende por isso, o que antes era negado pelo ñandeva, até como defesa, agora invade a vida dessa comunidade e vira algo público”, avalia.
A questão fundiária é novamente apontada como a causa do lamento, da pobreza, da tragédia entre os guarani. Em Potrero Guassú, 709 famílias ocupam uma área por anos explorada pela pecuária. Recuperar a terra, para o plantio de culturas tradicionais, não é tarefa fácil diante do colonião e da braquiaria.Assembléia indígena – Na próxima sexta, os guarani abrem mais uma assembléia indígena, a Aty Guassu. Na aldeia Lagoa Rica, em Dourados, são esperados 500 índios que vão discutir assuntos importantes para a etnia.
Uma das presenças esperadas é do presidente da Funai, Márcio Meira.Durante o encontro, os índios devem cobrar, mais uma vez, celeridade na demarcação de terras no Estado, investimentos na produção e discutir a questão dos suicídios.Em 2007, 48 índios guarani kaiowá se suicidaram no Estado, segundo a Ffundação Nacional de Saúde, média de uma morte por semana.

10 comentários:

Cristina Soares disse...

Ah, que triste !! Por causa de um caderno, da vontade de ter as coisas e não poder...

Matilda Penna disse...

É, muito triste, muito difícil de lidar com tudo isso, realmente muito trágico.
Beijos, :).

Jôka P. disse...

Que bagaceira ! Se matou por causa de um caderno ?! Esse foi pro beleléu direto e não sai de lá nunca mais.

Angela Ursa disse...

ficticia, Nanbiquara e Jôka, o caderno foi apenas a gota d´água de uma situação difícil que esse povo indígena vem enfrentando. Para o menino, tinha um significado importante em termos de perspectiva. Beijos da Ursa

Anônimo disse...

Ai Ângela... que história tão triste...essa não vou chamar a Tomie não...
Beijão

Kristal disse...

Certa vez tive um amante que era um gigantesco cacique de uma tribo africana.
Êle era um homem vigoroso, de dotes desproporcionais, que me possuia com o seu membro monstruoso na beira de um riacho cálido e exótico.
Esse gigante africano emitia sons guturais, babando e gemendo de prazer incontrolável, enquanto me amava sobre o chão áspero de junco.

Pois no dia em que parti de volta ao Brasil, o pobre negro selvícola desesperado suicidou-se, engolindo dezenas de taturanas venenosas.

No lugar em que o enterraram, nasceu uma planta extremamente afrodisíaca, que os botânicos do continente africano passaram a chamar de Phitophucus Kristalinus.

Angela Ursa disse...

Ana, é verdade, esse tópico não é bom mesmo para a Tomie. Beijos!

Kristal, seja bem-vinda! Mas o seu relato é um verdadeiro romance de aventuras. Você precisa escrever um livro! :)) Beijos da Ursa

Anônimo disse...

Ursa, isso me surpreendeu9nunca imaginei ter casos de suicídio entre índios).
Lógico que podemos pensar;se matar por falta de um caderno?
mas , veja bem;o problema não foi o caderno em si, e sim um símbolo de adquirir estudos, cultura, educação.
Mas e os valores que são passados entre os familiares (os índios) não foram bem assimilados, para um rapaz chegar a esse extremo por causa de um caderno, é triste(o que será que aconteceu , o que disseram a ele para fazer isso...).
Mais uma coisa:suicídio como o aborto são crimes espirituiais extremos, de tamanha gravidade...
Um abraço.

Angela Ursa disse...

Janaína, infelizmente, acontecem muitos casos de suicídio entre os índios, exatamente por causa da violência física e moral exercida contra eles, sua cultura e direitos. Beijos da Ursa

greentea disse...

é chocante !!!como é possivel que estas culturas ancestrais cheguem a este estado de desanimo , a esta situação de pobreza total e ao desespero que os conduz ao suicidio ??? Leis modernas - exploração, desrespeito, desgoverno ...

um beijo para ti , por não calares !