TRISTEZA!
Pai e filho cometem suicídio em aldeia
(por Ângela Kempfer - Fonte: Campo Grande News, encaminhada pela Lista de Literatura Indígena)
As tragédias parecem cada vez mais tristes nas aldeias de Mato Grosso do Sul. Hoje uma família guarani-ñandeva sofreu a dor de perder de uma só vez filho e pai, ambos por suicídio.
Na aldeia Potrero Guassú, em Paranhos, a 575 quilômetros de Campo Grande, o adolescente Ronei Benite, de 14 anos, chegou em casa, após a escola, determinado a ganhar um caderno. O pai, Cecílio Benite, tentou explicar ao filho que no momento não tinha dinheiro para a compra, mas que estava disposto a vender um porco para atender a vontade do rapaz. Cecílio não teve tempo.Revoltado com a pobreza, Ronei pegou uma espingarda pressionou contra a barriga e, com o dedo do pé, atirou. A tragédia começava ali, mas ainda teria um desfecho pior. O pai, ao ver o corpo do filho caído no quintal, pegou a arma, seguiu para o quarto e também se suicidou, aos 34 anos.A esposa, Plácida Benite, acompanhou tudo, ao lado de outros seis filhos, o menor de um ano de idade. “Ela não consegue falar nada, só chora, ninguém acredita. Hoje eu vim com ele da escola, a gente estava feliz, combinando de jogar bola”, conta o primo de Ronei, Robson Pires, de 15 anos.O adolescente estudava na cidade, em uma escola municipal de Paranhos. Era um dos orgulhos da aldeia, diz o primo. “O melhor aluno da sala”, conta Robson.As duas mortes são agora o 8º e o 9º suicídio de índios guarani neste ano em Mato Grosso do Sul.Os casos chocam, mas o maior motivo de preocupação, segundo o coordenador do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), Egon Heck, é que o problema, antes restrito aos guarani-kaiowá, atinge agora os ñandeva. “Essa população sempre negou o suicídio, por considerar uma doença que pode contaminar todos os outros.Esse caso nos surpreende por isso, o que antes era negado pelo ñandeva, até como defesa, agora invade a vida dessa comunidade e vira algo público”, avalia.
A questão fundiária é novamente apontada como a causa do lamento, da pobreza, da tragédia entre os guarani. Em Potrero Guassú, 709 famílias ocupam uma área por anos explorada pela pecuária. Recuperar a terra, para o plantio de culturas tradicionais, não é tarefa fácil diante do colonião e da braquiaria.Assembléia indígena – Na próxima sexta, os guarani abrem mais uma assembléia indígena, a Aty Guassu. Na aldeia Lagoa Rica, em Dourados, são esperados 500 índios que vão discutir assuntos importantes para a etnia.
Uma das presenças esperadas é do presidente da Funai, Márcio Meira.Durante o encontro, os índios devem cobrar, mais uma vez, celeridade na demarcação de terras no Estado, investimentos na produção e discutir a questão dos suicídios.Em 2007, 48 índios guarani kaiowá se suicidaram no Estado, segundo a Ffundação Nacional de Saúde, média de uma morte por semana.
(por Ângela Kempfer - Fonte: Campo Grande News, encaminhada pela Lista de Literatura Indígena)
As tragédias parecem cada vez mais tristes nas aldeias de Mato Grosso do Sul. Hoje uma família guarani-ñandeva sofreu a dor de perder de uma só vez filho e pai, ambos por suicídio.
Na aldeia Potrero Guassú, em Paranhos, a 575 quilômetros de Campo Grande, o adolescente Ronei Benite, de 14 anos, chegou em casa, após a escola, determinado a ganhar um caderno. O pai, Cecílio Benite, tentou explicar ao filho que no momento não tinha dinheiro para a compra, mas que estava disposto a vender um porco para atender a vontade do rapaz. Cecílio não teve tempo.Revoltado com a pobreza, Ronei pegou uma espingarda pressionou contra a barriga e, com o dedo do pé, atirou. A tragédia começava ali, mas ainda teria um desfecho pior. O pai, ao ver o corpo do filho caído no quintal, pegou a arma, seguiu para o quarto e também se suicidou, aos 34 anos.A esposa, Plácida Benite, acompanhou tudo, ao lado de outros seis filhos, o menor de um ano de idade. “Ela não consegue falar nada, só chora, ninguém acredita. Hoje eu vim com ele da escola, a gente estava feliz, combinando de jogar bola”, conta o primo de Ronei, Robson Pires, de 15 anos.O adolescente estudava na cidade, em uma escola municipal de Paranhos. Era um dos orgulhos da aldeia, diz o primo. “O melhor aluno da sala”, conta Robson.As duas mortes são agora o 8º e o 9º suicídio de índios guarani neste ano em Mato Grosso do Sul.Os casos chocam, mas o maior motivo de preocupação, segundo o coordenador do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), Egon Heck, é que o problema, antes restrito aos guarani-kaiowá, atinge agora os ñandeva. “Essa população sempre negou o suicídio, por considerar uma doença que pode contaminar todos os outros.Esse caso nos surpreende por isso, o que antes era negado pelo ñandeva, até como defesa, agora invade a vida dessa comunidade e vira algo público”, avalia.
A questão fundiária é novamente apontada como a causa do lamento, da pobreza, da tragédia entre os guarani. Em Potrero Guassú, 709 famílias ocupam uma área por anos explorada pela pecuária. Recuperar a terra, para o plantio de culturas tradicionais, não é tarefa fácil diante do colonião e da braquiaria.Assembléia indígena – Na próxima sexta, os guarani abrem mais uma assembléia indígena, a Aty Guassu. Na aldeia Lagoa Rica, em Dourados, são esperados 500 índios que vão discutir assuntos importantes para a etnia.
Uma das presenças esperadas é do presidente da Funai, Márcio Meira.Durante o encontro, os índios devem cobrar, mais uma vez, celeridade na demarcação de terras no Estado, investimentos na produção e discutir a questão dos suicídios.Em 2007, 48 índios guarani kaiowá se suicidaram no Estado, segundo a Ffundação Nacional de Saúde, média de uma morte por semana.
10 comentários:
Ah, que triste !! Por causa de um caderno, da vontade de ter as coisas e não poder...
É, muito triste, muito difícil de lidar com tudo isso, realmente muito trágico.
Beijos, :).
Que bagaceira ! Se matou por causa de um caderno ?! Esse foi pro beleléu direto e não sai de lá nunca mais.
ficticia, Nanbiquara e Jôka, o caderno foi apenas a gota d´água de uma situação difícil que esse povo indígena vem enfrentando. Para o menino, tinha um significado importante em termos de perspectiva. Beijos da Ursa
Ai Ângela... que história tão triste...essa não vou chamar a Tomie não...
Beijão
Certa vez tive um amante que era um gigantesco cacique de uma tribo africana.
Êle era um homem vigoroso, de dotes desproporcionais, que me possuia com o seu membro monstruoso na beira de um riacho cálido e exótico.
Esse gigante africano emitia sons guturais, babando e gemendo de prazer incontrolável, enquanto me amava sobre o chão áspero de junco.
Pois no dia em que parti de volta ao Brasil, o pobre negro selvícola desesperado suicidou-se, engolindo dezenas de taturanas venenosas.
No lugar em que o enterraram, nasceu uma planta extremamente afrodisíaca, que os botânicos do continente africano passaram a chamar de Phitophucus Kristalinus.
Ana, é verdade, esse tópico não é bom mesmo para a Tomie. Beijos!
Kristal, seja bem-vinda! Mas o seu relato é um verdadeiro romance de aventuras. Você precisa escrever um livro! :)) Beijos da Ursa
Ursa, isso me surpreendeu9nunca imaginei ter casos de suicídio entre índios).
Lógico que podemos pensar;se matar por falta de um caderno?
mas , veja bem;o problema não foi o caderno em si, e sim um símbolo de adquirir estudos, cultura, educação.
Mas e os valores que são passados entre os familiares (os índios) não foram bem assimilados, para um rapaz chegar a esse extremo por causa de um caderno, é triste(o que será que aconteceu , o que disseram a ele para fazer isso...).
Mais uma coisa:suicídio como o aborto são crimes espirituiais extremos, de tamanha gravidade...
Um abraço.
Janaína, infelizmente, acontecem muitos casos de suicídio entre os índios, exatamente por causa da violência física e moral exercida contra eles, sua cultura e direitos. Beijos da Ursa
é chocante !!!como é possivel que estas culturas ancestrais cheguem a este estado de desanimo , a esta situação de pobreza total e ao desespero que os conduz ao suicidio ??? Leis modernas - exploração, desrespeito, desgoverno ...
um beijo para ti , por não calares !
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