terça-feira, 27 de julho de 2010

Serra do Roncador

Lendas, mistérios e aventuras em um cenário sem igual
(Informações extraídas de matéria no site do jornal O Dia. Para saber mais, clique no link do site)

A Serra do Roncador, em Barra do Garças, no Mato Grosso, guarda ruínas arqueológicas, vulcões extintos e fósseis de animais pré-históricos entre cannyons que ‘roncam’ com a passagem do vento

Rio - Foi um certo explorador inglês, o coronel Percy Fawcet, que deu fama a Serra do Roncador como sendo um local místico e especial, revestido de profundos mistérios, quando organizou uma expedição à região, em 1925. O coronel, inspirado por uma visão espiritualista e iniciado em rituais tibetanos, acreditava que a cidade perdida de Atlântida estava sob as montanhas que formam o Roncador. Aventurou-se pela serra e nunca mais foi encontrado.
Com cannyons que ‘roncam’ com o passar do vento, Serra do Roncador ostenta belezas incríveis e muitos mistérios | Foto: Reprodução Internet
Uns dizem que Fawcet foi morto e enterrado pelos índios Xingu, enquanto outros contam que ele teria encontrado a tal civilização, através de um portal que se abre em certas ocasiões, como o alinhamento de astros, e nunca mais voltou. Ainda hoje, perdura no entender de alguns místicos, a teoria de que esta passagem existe. Assim como diversas outras que estão espalhadas nos subterrâneos do País.
Ruínas arqueológicas, vulcões extintos, fósseis de animais pré-históricos, aparecimento de objetos voadores, rios subterrâneos e lagoas ajudam a formar o cenário mágico da Serra do Roncador, que atrai aventureiros, cientistas, pesquisadores, curiosos e místicos de toda parte. Com diversas comunidades esotéricas instaladas, a região é conhecida mundialmente como santuário metafísico.
Mas nem só de lendas e mistérios vive a Serra. A beleza, a paz, a natureza encantadora e ainda pouco explorada pelo homem é real, e pode ser apreciada em cada passo, em cada olhar.
A Serra do Roncador, localizada em Barra do Garças, no Mato Grosso, se estende por uma área de mais de mil quilômetros chegando até o Pará, entre cannyons que roncam com a passagem dos ventos, grutas e cavernas, rios, lagos e cachoeiras, trilhas e caminhos na mata.
O cenário é ideal para caminhar, praticar esportes de aventura e ecoturismo, ter contato com a natureza, descansar e ficar em paz. E, para quem se habilitar, tentar desvendar os mistérios do Roncador.

UM POUCO DE HISTÓRIA
O nome da cidade se deve ao fato de sua colonização ter se iniciado nas margens dos rios Garças, confluência com o Rio Araguaia.
Barra do Garças foi fundada em 1924, por garimpeiros que vieram para a região com a primeira leva que se estabeleceu às margens destes rios. A grande afluência de pessoas foi motivada pela história de uma garrafa de diamantes, enterrada por ex-combatentes da guerra do Paraguai, sob a Pedra S.S. Arraya.
A população da cidade foi formada por goianos, paraenses, mineiros, maranhenses e baianos, no ciclo do garimpo de diamantes.

SAIBA MAIS
Em 1959, ocorreu o primeiro sequestro aéreo do mundo. Este fato aconteceu no município de Aragarças, em Barra do Garças, quando um grupo de cinco oficiais da Aeronáutica articulou o sequestro de um avião comercial da Panair, com 40 passageiros.
A intenção era montar uma resistência ao governo do presidente Juscelino Kubitschek.

O QUE VER E FAZER

PARQUE ESTADUAL SERRA AZUL
Estrada do Cristo. É preciso guia para acompanhar. O parque fica a 4 km do centro da cidade com uma área de 11 mil hectares. Vale a pena conferir o circuito das 14 cachoeiras, por trilha de duas horas de caminhada. Entre as cachoeiras, a mais famosa e cartão postal do parque é a Cachoeira das Andorinhas, com 28 m de altura.
Ainda dentro do parque encontra-se o marco do centro geodésico do Brasil, o local do futuro Discoporto e o Mirante do Cristo, de onde avista-se toda cidade e o encontro dos rios Garças e Araguaia, cujas águas não se misturam.

TRILHA DAS ÁGUAS
Passeio guiado com a agência Portal do Araguaia Turismo. Tel.: (66) 3407-2669 . Trilha ecológica com banho nas cachoeiras de Guardiões e Andorinhas. No passeio, que dura três horas, é possível observar algumas espécies de animais, como o tamanduá-mirim e o lobo guará.

CAVERNA DOS PEZINHOS
Por toda a extensão da caverna existem marcas de pegadas petrificadas de pés de seis dedos, quatro dedos, três dedos, mas nenhum registro de pés de cinco dedos. O que reforça a lenda, contada pelos Xavantes e os Bororos sobre os mitos da região, habitada por seres de outros planetas. Mais adiante, fica o local que a Câmara de Vereadores de Barra do Garças definiu em decreto-lei, área para o pouso de naves intergalácticas (Discoporto)!

PARQUE DAS ÁGUAS QUENTES
Av. das Águas Quentes. Ter a dom, 8h/12h. Em julho funciona até as 21 h. R$ 5. O Parque é uma área de lazer com seis piscinas de águas minerais, toboágua, rio da preguiça, bar molhado, com temperaturas que variam de 31 a 43 graus, com propriedades terapêuticas. Além dos banhos, o parque oferece estrutura com bares, restaurantes, duchas, vestiários, instrutores de hidroginástica e ginástica de alongamento.

TRILHA DO POÇO QUENTE
Fazenda Águas Quentes (57 km de Barra do Garças), passeios guiados. Trilha de 1.500 m que dá acesso a nascentes naturais de águas termais, com temperaturas de 32 a 45 graus. No final da trilha chega-se a uma praia de areias brancas, onde se pode sentir a diferença entre a temperatura do córrego das águas quentes e a das águas do Rio Garças.

RIO ARAGUAIA
O principal rio da região, divisor natural dos estados de Mato Grosso, Goiás e Tocantins teve um importante papel na história da cidade. Por ele passaram pioneiros, aventureiros e garimpeiros, e foi ainda cenário da Guerrilha do Araguaia. Atualmente é uma das maiores atrações da cidade, com atividades náuticas e de pesca, com peixes típicos da bacia Amazônica. Na época da seca (de maio a outubro) aparecem lindas praias, como a Praia do Quarto Crescente e a Praia da Arara, atraindo milhares de pessoas de todo País. Tem como um atrativo a mais as acrobacias dos botos cinza ou cor de rosa nos fins de tarde. No porto do Baé barcos, lanchas e jet-skis circulam criando uma atmosfera alegre e descontraída. As arquibancadas de concreto permitem assistir a eventos náuticos. Tem, ainda, restaurante flutuante, lanchonetes e área de camping.

RAPEL
Passeio guiado com a agência Portal do Araguaia Turismo. Tel.: (66) 3407-2669.
Praticado em uma cachoeira de aproximadamente 15 metros de altura (Playmobil), proporcionando uma grande aventura para os iniciantes desta atividade. As descidas são sempre coordenadas por um profissional responsável, que dá segurança na descida.

TRIBOS INDÍGENAS
Autorização prévia da Funai. É possível visitar algumas aldeias indígenas, como as dos Xavantes, Kajarás e Bororós que ficam na região. Suas reservas oferecem belezas selvagens e atrativas, permitindo uma integração fantástica com a natureza e os costumes dos povos indígenas.

ARTESANATO INDÍGENA
Berô Can. R. da Praia 107. Seg a sáb, 9h/19h; dom, 16h/19h. Lindas peças feitas por 32 tribos indígenas da região e da Amazônia podem ser adquiridas. São bijuterias, instrumentos e utensílios domésticos.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Índios aceitam troca de reféns em usina hidrelétrica do MT
(Fonte: Folha on line )

O grupo de indígenas de 11 etnias que invadiu na manhã deste domingo a usina hidrelétrica de Dardanelos, no Rio Aripuanã (383 km de Cuiabá), Mato Grosso, aceitou trocar os cerca de 150 funcionários que eram mantidos reféns por cinco engenheiros no começo da noite de ontem.

De acordo com o líder da etnia rikbaktsa, Jair Tsaidatase, os engenheiros e gerentes da hidrelétrica se ofereceram para ficar no lugar dos trabalhadores. A troca aconteceu por volta das 20h e foi realizada com tranquilidade.

Às 11h desta segunda-feira está prevista uma reunião entre os indígenas, uma comissão da Funai (Fundação Nacional do Índio), agentes da Polícia Federal e representantes da usina hidrelétrica. Ainda segundo o líder indígena, mais 250 índios devem chegar pela manhã de hoje para acompanhar as negociações.

De acordo com o chefe do núcleo de apoio local de Juína (729 km de Cuiabá) da Funai, Antônio Carlos Ferreira de Aquino, os índios contestam procedimentos que eles julgam equivocados no licenciamento ambiental da usina.

'Não foram considerados aspectos da situação dos índios. A empresa dinamitou a parte de um sítio arqueológico. A construção está fora da área [dos índios], mas sobre um sítio arqueológico que foi cemitério indígena e tem valor inestimável para eles', diz.

sábado, 24 de julho de 2010

URSA BOTA A BOCA NO TROMBONE (ou pior, na fumaça)

Queimada de palha em canaviais provoca doenças em São Paulo
(Fonte: site do Jornal Nacional - veja reportagem em vídeo no site)

A mecanização já atinge 55% do corte nos canaviais, mas a prática ainda é comum. A sujeira e as doenças respiratórias são os maiores problemas.

No interior de São Paulo, o inverno é a época da queima da palha nos canaviais. A fumaça das queimadas deixa o ar tão poluído quanto o da capital e provoca doenças respiratórias.
Quando se mudou de São Paulo para o interior, a comerciante Célia Regina Mendonça imaginava ficar livre de pelo menos um problema: a poluição. Imaginava. "Eu esperava ar puro, ar melhor, mas a gente percebe o ar é seco, todo mundo com tosse, resfriado".
A poluição no interior de São Paulo, o maior produtor de cana do país, vem das queimadas. A mecanização já atinge 55% do corte nos canaviais, mas a prática ainda é comum nas lavouras.
Por causa da baixa umidade do ar, a queimada só é permitida à noite, mas nem sempre essa restrição é respeitada.
As consequências das queimadas podem ser vistas em áreas distantes dos canaviais. A fuligem é levada pelo vento até as cidades. Nas áreas urbanas, a sujeira é um tormento para as donas de casa, mas os problemas vão além do que a gente pode enxergar.
Minúsculas partículas invisíveis ficam suspensas no ar e são inaladas. Aparelhos instalados pela companhia ambiental do estado revelam que a poluição no interior no período de estiagem pode ser comparada a da capital.
Nos primeiros 15 dias deste mês, a qualidade do ar passou de boa para regular e ultrapassou medições da poluição em bairros de São Paulo. Um dano para a saúde, principalmente de idosos e crianças.
"Começa a arder a garganta, dá um mal-estar e a gente começa a tossir”, disse o aposentado José Jorge.
“Já começa a entupir o nariz, dificuldade de respirar, falta de ar", disse a fonoaudióloga
Carolina Andreo.
A queima da palha da cana de açúcar foi proibida por lei, mas só a partir de 2017. Até lá, quem mora no interior de São Paulo, vai ter que conviver com este incômodo.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Filhotes da espécie Neofelis nebulosa Foto: AFP

Conheça filhotes de pantera nebulosa nascidos no zoo de Paris
(Fonte: Portal Terra)

PARIS - O Museu de História Natural de Paris, na França, divulgou nesta quarta-feira a primeira imagem de dois filhotes de pantera nebulosa nascidos há dois meses no parque zoológico Jardin des Plantes. As informações são da agência Reuters.

Os pequenos, batizados de Pati e Jaya, são da espécie Neofelis nebulosa que se caracteriza por uma pelagem marcada com manchas irregulares parecidas com nebulosas, de formato elíptico e com bordas grossas e escuras. Seus dentes caninos são os mais longos dentre todos os felinos.

A espécie vive em florestas do Nepal, Bornéu, Sumatra, Malásia e China e, segundo biólogos, corre risco de extinção devido à devastação desses habitats.


domingo, 18 de julho de 2010


Filme conta história da Ararinha azul no Rio
(Fonte: blog do Bonequinho - Assista o trailer )

O brasileiro Carlos Saldanha, diretor do sucesso "A era do gelo 3", comanda a história da ararinha azul Blu, que voa para o Rio de Janeiro atrás da última fêmea da sua espécie. Entre os dubladores estão Neil Patrick Harris, Anne Hathaway e o brasileiro Rodrigo Santoro. Aposta da Fox, o filme estreia dia 8 de abril.

quarta-feira, 14 de julho de 2010


Calculadora ecológica: sabe o quanto você impacta o meio ambiente?
(Fonte: site Olhar Digital )

Clique abaixo para acessar a calculadora ecológica:
Calculadora Ecológica

Ferramenta na web faz uma análise se baseando em seus hábitos alimentares, questiona a frequência com que você faz compras, além de outras perguntas de diversos temas
Conheçam o blog do cantor e compositor da Amazônia Nilson Chaves

Amazônia
(composição de Nilson Chaves)

Sim eu tenho a cara do saci,o sabor do tucumã
Tenho as asas do curió,e namoro cunhatã
Tenho o cheiro do patchouli e o gosto do taperebá
Eu sou açaí e cobra grande

O curupira sim saiu de mim, saiu de mim, saiu de mim...

Sei cantar o "tár" do carimbó, do siriá e do lundú
O caboclo lá de Cametá e o índio do Xingu
Tenho a força do muiraquitã

Sou pipira das manhãs
Sou o boto, igarapé
Sou rio Negro e Tocantins

Samaúma da floresta, peixe-boi e jabuti
Mururé filho da selva
A boiúna está em mim

Sou curumim, sou Guajará ou Valdemar, o Marajó, cunhã...
A pororoca sim nasceu em mim,nasceu em mim, nasceu em mim...

Se eu tenho a cara do Pará, o calor do tarubá
Um uirapuru que sonha
Sou muito mais...
Eu sou, Amazônia!

domingo, 11 de julho de 2010

peixe lua no Oceanário



(Fonte das informações: site Oceanário de Lisboa)

O peixe-lua
é o maior peixe ósseo do mundo, podendo atingir mais de 3 metros de comprimento e pesar mais de duas toneladas!
Esta criatura dócil deita-se frequentemente à superfície da água, deixando-se levar pela corrente. Este comportamento permite-lhe equilibrar a temperatura corporal após consecutivos mergulhos em águas profundas e mais frias.
Apesar da sua fisionomia bizarra o peixe-lua é um animal gracioso pela coloração prateada e pelo lento movimentar das suas duas enormes barbatanas.
As fêmeas produzem até 300 milhões de ovos de cada vez, que são libertados para a água e fecundados pelos machos. As larvas passam por três estágios de desenvolvimento em que o peixe perde a barbatana caudal e ganha uma série de espinhos conspícuos.
O peixe-lua destaca-se por transportar uma impressionante carga de parasitas. Até à data a comunidade científica identificou cerca de 50 espécies diferentes, entre parasitas internos e externos!
Devido à sua natureza delicada e aos movimentos lentos, estes peixes são facilmente capturados por redes à deriva e por outros métodos de pesca. Como consequência as populações poderão estar em declínio.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

(Clique na imagem para ampliar)


GENOCÍDIO NA SELVA
O Massacre a Nações Indígenas
(Por Felipe Milanez - Foto por Araquem Alcântara - Fonte:
Vice Magazine - através da Lista de Literatura Indígena)

Rita, uma índia Piripkura, é sobrevivente do crime de genocídio. Nos conhecemos em uma fazenda que fica entre os estados do Mato Grosso e Amazonas. Ela fala português com dificuldade, e eu não falo nada de sua língua, o tupí-kawahíb. Conversamos por pouco mais de uma hora. Ela alterava sorrisos e olhares de profunda tristeza. Suas expressões não pareciam estar diretamente ligadas ao significado de suas palavras, como se essas tivessem um sentido diferente para ela. Rita me contou sobre o massacre sofrido por sua tribo há cerca de 30 anos. Homens armados invadiram sua aldeia de madrugada. Sua tia foi morta a tiros enquanto dormia na rede. Seu pai foi decapitado, assim como várias crianças, homens e mulheres da tribo. A aldeia foi incendiada. Rita conseguiu fugir, mas depois de um tempo vagando pela floresta acabou sendo forçada a conviver com a nossa sociedade. E teve a pior recepção possível. Foi escrava de peões de uma fazenda madeireira, onde prestava serviços sexuais e domésticos até ser resgatada pela Funai (Fundação Nacional do Índio) em 1984.

Por mais de 20 anos Rita foi considerada a única sobrevivente de sua tribo. Até que em 2007 dois índios Piripkura—Tucan e Monde-í—foram encontrados na floresta graças a expedições organizadas pela Funai chefiadas pelo experiente sertanista Jair Candor.
Há menos de mil quilômetros da fazenda onde encontrei Rita, passei uma tarde na Terra Indígena Omerê, no Sul de Rondônia, com uma família Kanoê. Lá, o pequeno Bakwa de sete anos brincou de atirar flechas com seu tio Purá, que lhe ensinava a arte da caça, e recebeu colo e carinho de sua mãe, Tiramantu. Os três são os únicos sobreviventes de sua tribo, também vítima de um massacre. Os Kanoê dividem as terras de 40 mil hectares com os Akuntsú, que já foram um povo numeroso e habitou um vasto território. Hoje, a tribo tem apenas cinco remanescentes. Um deles é Popak, um homem brincalhão e divertido, que fez cara feia quando apontei uma cicatriz nas suas costas—marca de um tiro que levou quando a tribo foi atacada. Konibu é o líder do grupo, um xamã que gosta de cheirar rapé. Além deles, a mulher de Konibu e suas duas filhas. Talvez uma delas um dia se case com o Bakwa. Em outubro do ano passado, morreu a senhora mais velha, irmã de Konibu. Morreu de tristeza, deitada em sua rede e recusando comida e bebida depois de ter passado um mês em tratamento de infecção respiratória em um hospital da região.
Esses genocídios praticados contra povos indígenas na Amazônia brasileira tiveram início durante a ditadura militar, quando a região foi dividida para colonização e nela foram estabelecidas grandes propriedades rurais. Os massacres aconteceram na sua maioria no fim da década de 70 e duram até hoje, com menor intensidade, mas não menos brutalidade. Eles são praticados por grileiros e fazendeiros e suas vítimas ocupam territórios reivindicados por eles.
O cineasta Vincent Carelli passou 20 anos de sua vida investigando o massacre dos índios Akuntsú, ocorrido em 1984. Ele conseguiu reunir um material que mostra a atuação de fazendeiros, com depoimentos de trabalhadores que executaram os serviços e o cinismo de advogados que os defendiam. As investigações resultaram no belo documentário Corumbiara (2009). Fora isso não deram em muita coisa. Pelo contrário. Dez anos depois, Vincent presenciou um novo massacre, contra outro grupo, próximo aos Akuntsú. Junto de sertanistas, descobriu um homem que vivia sozinho. Suspeita-se que sua tribo tenha sido envenenada por arsênico misturado a açúcar e depois atacada por peões da fazenda madeireira Modelo, em 1995. “Ninguém foi para a cadeia. Nem sequer indiciado”, diz Marcelo dos Santos, o sertanista que fez contato com os índios e organizou uma busca por culpados. Santos sofreu ameaças, e por pouco não foi “comido vivo”, como se diz em Rondônia. Ele prefere não citar nomes, mas em Chupinguaia, ou Corumbiara, cidades da região, são suspeitos de envolvimento Antenor Duarte, Antônio Junqueira Vilela, o ex-senador Almir Lando e os irmãos Dalafini, da fazenda Modelo, por serem os proprietários das fazendas onde os índios viviam.
Quando conheci Rita em Colniza, uma violenta cidade no Norte do Mato Grosso, fui surpreendido em um restaurante por um madeireiro chamado Julio Pinto. Seu pai, Renato Pinto, chegou a ser preso com outras 70 pessoas, acusadas de matar ou mandar matar índios Piripkura que viviam em suas terras—parentes de Rita. Não demorou muito para todos serem liberados, e o processo contra eles até hoje não foi instaurado. Julio, na mesa em que compartilhávamos, afirmou, com um ar um tanto soberbo, que “nunca viu índio naquela região”. Outro comparsa de Julio, ao menos na peça acusatória feita pelo Ministério Público que inclui dezenas de nomes, seria o madeireiro Luiz Durski e sua mulher, proprietários de terras nas quais viviam os índios. Também reverteram rapidamente a ordem de prisão. Sobre este episódio, um confiante Durski me disse, numa entrevista feita em São Paulo, onde estava de passagem a negócios, que tinha certeza de que se tratava de “maluquice” do procurador federal, Mário Lúcio Avelar. Durski também dizia nunca ter visto um índio. Felizmente, a maluquice de procuradores como Avelar, por vezes consegue colocar criminosos atrás das grades. Mas caracterizar um crime de genocídio, apontando culpados e definindo penas a serem cumpridas, é um desafio enorme para as autoridades locais, pois os mandantes desses crimes são madeireiros, garimpeiros, seringalistas, fazendeiros. Gente com dinheiro e influência política.
Existem muitos índios no Brasil passando por situações similares às vividas pelos Piripkura, Kanoê e Akuntsú. Os Avá-Canoeiro, por exemplo, formam uma pequena família localizada a algumas horas de carro de Brasília. Foram atacados por um grupo armado no final dos anos 70 e passaram anos vivendo escondidos em cavernas, comendo morcego e saindo apenas durante a noite, tal era o medo de topar novamente com os brancos invasores.
Em outra ocasião, no início dos anos 90, apareceram dois índios na casa de um rancheiro a 200 km da cidade de Marabá, no Pará. Estavam pelados, com arco e flecha nas mãos e falavam uma língua estranha. O governo brasileiro simplesmente pegou os dois, pensando que fossem da tribo Awá-Guajá, que vive no Maranhão, e os largaram com eles. Sequer foram atrás de outros sobreviventes. Eles ficaram conhecidos como Aure e Aura, e hoje vivem solitários. No Sul do Amazonas, próximo à capital Porto Velho, tem um senhor com duas filhas de um grupo chamado Juma, sobreviventes de massacres e epidemias. São os últimos. Sem quaisquer perspectivas, acabaram juntando-se a outra tribo, que fala a sua língua, os Uru-Eu-Wau-Wau, para casarem e formarem um novo grupo.
São poucos os casos em que os sobreviventes desses massacres se unem para provocar uma reação pública. Na maioria deles seus povos são praticamente dizimados e os poucos sobreviventes não têm forças para gritar por justiça. E, infelizmente, esses genocídios acabam sendo ocultados ou ignorados pela sociedade brasileira.

sábado, 3 de julho de 2010

(Fonte da imagem)

Poeira da África fertiliza Amazônia
(Fonte: Jornal do Brasil)

DA REDAÇÃO - A poeira levada pelo vento de um lago africano que secou há mil anos e que um dia já foi do tamanho do Ceará está nutrindo florestas da Amazônia e algas marinhas do Atlântico.

Estudos anteriores estimam que a depressão Bodélé, no Chade, formada quando o maior lago da África secou cerca de mil anos atrás, é responsável por quase 56% da poeira da África que chega à Amazônia, somando milhões de toneladas por ano.

Agora, pesquisas estudam também a quantidade de fertilizantes, na forma de ferro e fosfato, que está no solo.

Apesar de a depressão Bodélé estar próxima da zona de guerra em Darfur, Sudão, Charlie Bristow de Birkbeck, Universidade de Londres, e colegas conseguiram coletar e analisar 28 amostras durante uma expedição em 2005.

As análises sugerem que a depressão é fonte de 6,5 milhões de toneladas de ferro e 120 mil toneladas de fosfato por ano, com cerca de 20% chegando à Amazônia, metade caindo no Atlântico e o resto chegando à África Ocidental.

Quebra-cabeça

– Era a parte que faltava do quebra-cabeça que eles resolveram: que substâncias químicas existem, de fato, na terra – explica Richard Washington da Universidade de Oxford, que estuda nuvens de poeira vindas do Saara.

Bristow espera organizar outra expedição para estudar a depressão a fim de descobrir o quão denso o sedimento é e avaliar o quanto de fertilizantes naturais é deixado.