Urutau
O urutau é uma ave, da família da coruja, que possui muitas lendas urbanas.
Lenda do Urutau (Tupi-Guarani):
Há mil anos atrás, existia uma índia guarani chamada Nheambiú que era filha do cacique. Um certo dia, ela foi passear na floresta e conheceu um guerreiro tupi de nome Cuimbaé. Assim os dois se apaixonaram e começaram a namorar às escondidas. O problema é que, naquela época as duas tribos eram inimigas.
Uma vez durante uma briga, Cuimbaé virou prisioneiro dos tupis. Quando Nheambiú soube disto pediu para o cacique uma permissão para se casar com seu amado. Mas ele não deixou. Por isto Nehambiú ficou triste e saiu da taba. No meio do caminho a jovem encontrou um pajé que não era nem tupi e nem guarani. Ele disse que se a moça tomasse uma poção mágica e fosse para o coração da floresta, ela encontraria seu amado e se casaria com ele, mas isto custaria um preço muito caro. Mesmo assim Nheambiú aceitou o trato.
Porém, quando o cacique soube que sua filha tinha desaparecido pediu para que os índios procurassem a donzela. Os guerreiros acharam a índia no formato de uma estátua de pedra. Quando o cacique tocou em sua filha, a moça virou uma espécie de coruja parda e saiu voando. Assim os índios batizaram aquele bicho de urutau, que seria uma junção da palavras tupis: guyra, que significa ave, com táu que quer dizer fantasma.Diz a lenda que este bicho chora quando a Lua aparece no céu em busca de seu grande amor.
O Urutau é um pássaro solitário e de hábitos noturnos que dificilmente se deixa ver. Habita a região norte e nordeste da Argentina, as matas do Paraguai, o Norte do Uruguai e o Brasil, onde lhe são atribuídos vários nomes: Jurutaui na região amazônica; Ibijouguaçú entre os Tupis e Mãe-da-Lua entre os mineiros. Estas designações correspondem a diversas regiões lingüísticas: à dos tupis e guaranis e à do idioma quíchua.Pousado na ponta de um galho seco, fitando a lua e estremecendo a calada da noite, emite um canto bruxuleante que mais parece um lamento humano. Tem uma cabeça chata, olhos grandes e muito vivos, a boca rasgada de tal forma que os seus ângulos alcançam a região posterior dos olhos. A sua cor parda em tons de canela com riscas transversais e escuras permite-lhe adaptar-se perfeitamente ao galho da árvore, passando completamente despercebida. Este seu disfarce associado a uma perfeita imobilidade protegem-na dos seus predadores e permitem-lhe caçar as suas presas (besouros e borboletas) com uma grande facilidade.O seu grito é, provavelmente, o mais pavoroso de quantos se conhecem no mundo das aves. Em forma de “hu-hu-hu”, que se faz ouvir após o anoitecer, procura, a solidão mais espessa dos bosques, de onde faz desprender a sua voz cheia de lamentos. Para muitos, a sua voz é semelhante ao clamoroso lamento de uma mulher que termina com amortecidos “ais”. O seu canto provoca, portanto, espanto e piedade aos que possam ouvi-lo e é também fantasmagórico. “Meu filho foi, foi, foi” – interpreta o povo. A par da voz queixosa e plangente, uma quase invisibilidade, confere-lhe o caráter de um ente misterioso. Muitos não o tomam por uma verdadeira ave, mas sim por um ser fantástico, inacessível à mão e aos olhos humanos. Já outros, porém, não duvidam de sua existência, mas consideram-no como um ente enigmático e superior, dotado de muitas qualidades fora das leis naturais, entre elas, o preservar das seduções e a pureza das jovens moças.