quarta-feira, 19 de outubro de 2005

O Verdadeiro Som da Terra
São poucos os artistas com autoridade para difundir as belezas e tradições do lugar onde nasceram. Para que possam se transformar em arautos da terra natal, têm que ter total identificação com suas origens, com sabor das boas lembranças. JANE DUBOC e SEBASTIÃO TAPAJÓS têm essa autoridade. Artistas consagrados internacionalmente, a cantora e o violonista nunca renegaram suas raízes. Onde quer que se apresentem, fazem questão de enaltecer as belezas do Pará, estado que os deu ao mundo. Consequência natural, portanto, seria que eles se reunissem e fizessem um disco com canções que remetessem às origens de suas vidas. Assim nasceu DA MINHA TERRA (2000), lançado pela Jam Music. O Cd foi originalmente produzido para o projeto Pará Instrumental, da secretaria da Cultura daquele estado, mas teve distribuição limitada. Quando criou a gravadora Jam Music, ao lado do empresário Paulo Amorim, Jane Duboc colocou como uma de suas prioridades o lançamento nacional do trabalho. Na verdade, seria injusto que DA MINHA TERRA permanecesse em mãos e ouvidos de uns poucos privilegiados. Trata-se de um dos mais completos e sensíveis mapeamentos musicais de uma região que é, seguramente, uma das culturalmente mais ricas do país. A cantora e o violonista pinçaram maravilhas de alguns dos mais inspirados compositores paraenses, compondo um painel de magia e sensibilidade inquestionáveis. O CD abre com "Da Minha Terra", de Nilson Chaves e Jamil Damous, com a Jane em arranjo à capela, fazendo diversas dobras de voz. A canção seguinte é uma das mais conhecidas do universo musical paraense: "Uirapuru", de Waldemar Henrique, que fez parte das aulas de Educação Musical de muitas gerações. A voz de Jane e o violão de Sebastião Tapajós surgem em perfeita sintonia. "Igapó", do próprio violonista, é um prelúdio emoldurado pela vocalizações da cantora e por uma percussão precisa, do craque Robertinho Silva que, ao lado do baixo Fretless tocado por Arismar do Espírito Santo, outro músico iluminado, reproduz sons da floresta amazônica. O tema, na verdade, é resultado de um profundo estudo feito por Tapajós sobre a obra de Heitor Villa-Lobos. O choro-samba "Roda do Bem Querer", de Alfredo Oliveira, traz Jane acompanhada pelos violões de Tapajós e Marco André, e pela marcação percussiva de Robertinho Silva, novamente com Arismar do Espírito Santo no baixo. "Cabocla Bonita"é uma peça do folclore paraense recolhida por Mário de Andrade. Jane e Tapajós contam com a colaboração de Arismar (aqui também ao violão), Robertinho e de outro mestre, o clarinetista Naylor "Proveta" Azevedo. E por falar em mestre, eis que Dominguinhos dá o ar da graça, com sua sanfona iluminada. O músico faz participação especial em "Luz de Lampião", de Nilson Chaves e Joãozinho Gomes. "Boi Bumbá", de Waldemar Henrique, tem a voz de Jane e o violão de Tapajós acompanhados pela inusitada percussão de Marco André, que inclui surdo de dedo e batuque de unha na madeira. Em "A Flauta", parceria do violonista com Billy Blanco, o instrumento tema da canção é executado por seu maior expoente; Altamiro Carrilho, que dá um show de sensibilidade e técnica, num dos momentos mais belos do disco. "Azulão", de Jaime Ovalle, é outra daquelas melodias que fizeram parte da formação musical de muita gente. Ressurge na voz delicada de Jane, com acompanhamento de Arismar ao violão e Proveta no sax soprano. Os compositores Paulo André e Ruy Barata, responsáveis por vários sucessos do início da carreira de Fafá de Belém, também são reverenciados por Jane Duboc e Sebastião Tapajós. A canção escolhida é "Indauê Tupã", cuja estrutura melódica e rítmica remete ao jazz e às harmonias elaboradas de músicos como Dave Brubeck e Burt Bacharah (lembra "Take Five", de Paul Desmond, que se tornou célebre no arranjo do Brubeck, e "South American Getaway", de Bacharach). As duas faixas seguintes são marcadas pela simplicidade quase franciscana no que tange ao romantismo presente em suas letras. "Pergunte O Que Quiser", de Galdino Penna, é uma canção delicada, onde Jane é acompanhada pelo dedilhado cheio de emoção de Tapajós. "Tempo e Destino", de Vital Lima e Nilson Chaves, traz a intérprete em dueto com Dominguinhos (alguém duvida que o sanfoneiro também é um grande cantor?). Na embolada "Tambor de Couro", de Ronaldo Silva, chamam atenção o violão ponteado de Tapajós e a primeira e segunda vozes feitas por Jane. "Tempo de Amar", de José Guilherme de Campos Ribeiro, é uma singela marcha-rancho que fala da simplicidade do amor. A voz de Jane passeia pela melodia, amparada por um delicioso improviso de Tapajós. "Bom Dia Belém", de Edyr Proença e Adalcinda Camarão, espécie de hino da capital paraense, é interpretado com emoção e reverência por Jane e Tapajós, com participação do baixista Ney Conceição. "Barueri" é uma peça instrumental do violonista com citação de "Juazeiro", de Luiz Gonzaga, e valorizada pelas vocalizações da cantora. DA MINHA TERRA é um disco simples, feito com a intenção de enaltecer uma terra mágica e rica em tradições culturais. Foi gravado no MM Estúdio, no Rio de Janeiro, com produção de Marco André Oliveira. É mais um lançamento da Jam Music, gravadora que tem por objetivo trabalhar com a boa música popular brasileira em todas as suas vertentes.

Faixas (Clique nos links para ouvir ou acesse o site Cafemusic )
1. Da minha terra (Nilson Chaves/Jamil Damous) ... »»
2. Uirapuru (Waldemar Henrique) ...
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3. Igapó (Sebastião Tapajós) ...
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4. Roda do bem querer (Alfredo Oliveira) ...
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5. Cabocla Bonita (Folclore paraense - recolhida por Mário de Andrade) ...
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6. Luz de lampião (Nilson Chaves/Joãosinho Gomes) ...
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7. Boi-Bumbá (Waldemar Henrique) ...
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8. A flauta (Sebastião Tapajós/Billy Blanco) ...
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9. Azulão (Jaime Ovalle) ...
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10. Indauê Tupã (Paulo André/ Ruy Barata) ...
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11. Pergunte o que quiser (Galdino Pena) ...
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12. Tempo e destino (Nilson Chaves/Vital Lima) ...
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13. Tambor de couro (Ronaldo Silva) ...
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14. Tempo de amar (De Campos Ribeiro) ...
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15. Bom dia Belém (Edyr Proença/Aldacinda) ...
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16. Barueri (Sebastião Tapajós) ...
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6 comentários:

Anônimo disse...

Seu blog é muito interessante!

Sarah

Angela Ursa disse...

Boa noite, Sarah! Seja sempre bem-vinda à floresta da Ursa! Que bom que gostou do passeio. Saudações florestais! :))

Anônimo disse...

Adoro a voz da Jane Duboc! E o Sebastião Tapajós é fera. :-)

Lia Noronha disse...

Ursa:Que músicas maravilhosas...a floresta está mais encantada ainda!
Beijos carinhosos.

Anônimo disse...

Agora bateu em mim uma saudade de Belém, do tempo que morei lpor á...
Não digo sempre que aqui tem coisa boa?
Pois...
Beijos, :).

Angela Ursa disse...

Ana também gosto muito da voz da Jane Duboc. O Sebastião Tapajós toca um violão lindo! Beijos!

Lia, aqui você pode cantar e dançar à vontade, viu? :)) Beijos!

nanbiquara, legal saber que você morou em Belém. Quando puder, conta umas histórias de lá, ok? ;)) Beijos!