segunda-feira, 30 de janeiro de 2006

estátua de Sepé Tiaraju (Fonte da imagem)

Lideranças indígenas do Cone Sul se reúnem em Encontro Continental
Mais de mil lideranças indígenas vindas de todas as regiões do Brasil, além da Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai, estarão reunidas entre os dias 3 e 7 de fevereiro, em São Gabriel (RS), para lembrar os 250 anos da queda da resistência do povo Guarani contra os exércitos de Espanha e Portugal, e seu líder, Sepé Tiaraju, durante a Assembléia Continental do Povo Guarani.
"Os pajés mais velhos sempre disseram em suas histórias que iriam passar anos e anos, até que os Guarani se reagrupassem. O encontro é uma ótima oportunidade para retomarmos nossa história de luta e pensarmos o futuro", afirma o cacique guarani, Mario Karai, terra indígena Cantagalo, localizado na região da grande Porto Alegre.
O encontro pretende debater a questão indígena e as formas de enfrentar os desafios do dia-a-dia. Assim como gritou Sépe Tiaraju "Alto lá! Esta terra tem dono", não só os Guarani como outros povos, têm ainda na terra a sua maior reivindicação. Só no Mato Grosso do Sul, calcula-se que ainda seja necessário regularizar mais de 190 terras indígenas do povo Guarani (Nhandeva e Kaiowá).
Maurício da Silva Gonçalves, líder indígena da Comissão de Terra Guarani, diz que para seu povo Sepé é um símbolo de resistência e luta. "A referência do Sepé Tiaraju é muito importante para o povo Guarani, por que ele morreu lutando pelas terras, e ainda hoje são muitos Guarani lutando pelo seu espaço, pela sua terra", acredita Maurício.
Para antropólogos e indigenistas a falta de terra é a grande responsável pela desestruturação em diversos níveis das sociedades indígenas. A falta de onde retirar o sustento e o confinamento em pequenas terras levam a uma perspectiva de vida desanimadora, que produz uma situação de tensão, alcoolismo, alto nível de suicídios, desnutrição infantil e um ambiente sem dúvida violento. "Sem a terra é impossível a gente desenvolver nossa cultura e auto-estima", diz Mario Karai. No ano passado 38 indígenas foram assassinados, maior número dos últimos 11 anos.
(Porto Alegre (RS), 30 de janeiro de 2006. -
Cristiano Navarro, Assessoria de Imprensa do Cimi)

3 comentários:

Anônimo disse...

Cresci ouvindo histórias sobre os indios Guarani e consequentemente sobre Sepé Tiaraju.Lamento que após tanto tempo ainda busquem um lugar para viver.

Angela Ursa disse...

Olá, Margaret! Realmente, é triste ver o desrespeito aos direitos dos índios de terem suas terras.
Beijos!

SV disse...

Estive no parque dos Sete Povos, em São Gabriel este ano. Está muito melhor conservado, com bom acesso e permitindo um conhecimento melhor do que representou na história da América do Sul. De um ponto de vista ocidental, uma região com elevado conhecimento, isolada do resto do país, constantemente atacada por bandeirantes que não tinham nada de heróis. Pelo aspecto do homem daquela terra, foi uma lavagem cerebral que levou a disimação total da cultura que ali havia anteriormente, subjugada pela igreja.