terça-feira, 28 de novembro de 2006

Cerâmica indígena em forma de tartaruga

Sobre culinária indígena
(Fonte das informações: Iandé - Boletim de Histórias 8)

O escritor paraense Abguar Bastos realizou uma extensa pesquisa sobre a preferência alimentar de vários grupos indígenas. Para descrever o resultado de seus estudos ele usou o termo "pantofagia", ou seja, o ato de comer de tudo.
Ele propôs uma divisão dos alimentos consumidos pelos índios em certas categorias: de resguardo, interditos, compensatórios, privativos e sagrados.
Os alimentos de resguardo são aqueles incentivados ou proibidos de serem consumidos durante um período ligado a um rito de passagem. Os alimentos probidos, se forem absorvidos durante esse período, podem trazer consequências graves, tanto para a pessoa que os comeu quanto para seus parentes próximos. Entre os índios Bororo, do Mato Grosso, as mães que davam à luz não comiam carne de tatu nem de tartaruga, senão seus bebês podiam ficar raquíticos. Entre os Urubu-Kaapor, do Maranhão, as meninas que estão prestes a menstruar pela primeira vez tomam uma sopa de aipim - "para esquentar a vagina" - e apenas podem comer tartaruga-branca, os peixes mandi e aracu, e chibé (farinha seca diluída na água).
Os alimentos interditos são aqueles proibidos a toda a comunidade indígena, como fêmeas grávidas ou animais considerados mágicos. Os Kaingang, do sul do Brasil, e os Rikbaktsa, do norte do Mato Grosso, não comem tamanduás. Os Kaingang dizem que são gratos ao tamanduá, que ensinou alguns cantos e danças para os índios. Entre outros exemplos: os índios Xikrin (do Pará) não comem o peixe jaú, os Karajá (do Tocantins) não comem tatu, os Tapirapé (do Mato Grosso) não comem preguiça... É comum que os índios comam a carne de macacos, mas há sempre alguma espécie que não é consumida. Geralmente o motivo é - segundo as lendas - que aquela espécie já foi um humano que se transformou em tempos passados.
Alimentos recompensatórios são geralmente reservados aos homens que realizam alguma atividade muito trabalhosa. Era habitual entre os índios Bakairi, do Mato Grosso, que os homens ganhassem alimentos de todos da aldeia, antes de partirem para a caça. Entre os índios Krahò, do Tocantins, persiste um costume realizado de tempos em tempos, que fortalece a amizade entre as famílias: todos os homens saem para a mata em busca de um alimento. Quando voltam à aldeia, oferecem esse alimento a uma mulher que não seja sua própria esposa, que retribui a gentileza com uma comida preparada por ela própria. Uma espécie de troca de presentes.
Os alimentos privativos são aqueles reservados a certos indivíduos ou grupos. Entre os índios Suyá, do Mato Grosso, apenas os homens podem comer os miúdos da anta. Também só os homens, entre os Rikbaktsa, comem a cabeça de macacos e porcos-do-mato.
Por fim, o escritor Abguar Bastos chama alguns alimentos de "sagrados". Ele reúne nessa categoria os alimentos que sofrem uma influência espiritual, antes de serem consumidos. Por exemplo: os pajés dos índios Marubo, do sudoeste do Amazonas, usam o canto para curar as doenças. Há casos em que esses pajés cantam sobre um pote de mingau, que depois é oferecido ao índio doente. Isso ocorre também entre os índios Baniwa, do norte do Amazonas. Durante a festa Kariana, um rito de passagem feminino, os pajés benzem e jogam fumaça sobre a comida que será consumida pelas meninas; normalmente beiju com molho de pimenta, peixe cozido e uma cabeça de peixe. Entre os índios Wanana, do alto Rio Negro - noroeste amazônico, os pajés benzem também o leite materno que é oferecido às crianças durante a cerimônia de batismo.

domingo, 26 de novembro de 2006


O Povo Nambikuara do Cerrado representou os povos indígenas do Brasil em 2 importantes festivais de música tradicional na Noruega em julho deste ano.
O convite veio da Noruega para o povo indígena do Brasil se juntar a muitos outros povos tradicionais do mundo numa grande celebração. E o IDETI escolheu as flautas sagradas Waihu do povo Nambikuara para soprar o som criador dos ancestrais e levar a mensagem de força e resistência dos povos que mantêm uma conexão com o Espírito Criador.
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O povo Nambikuara
(Fonte da imagem e informações: site IDETI - Instituto das Tradições Indígenas)

Nambikuara, em tupi significa “gente de orelha furada” um apelido dado pelos Guarani aos povos que habitam a região noroeste do Mato Grosso, divisa com Rondônia, áreas de Cerrado e de Floresta no Vale do Guaporé. São cerca de 1500 pessoas no total, pertencentes a 18 sub grupos, que mantêm os mesmos fundamentos da tradição, mas com diferenças significativas na língua e costumes.
Os primeiros contatos aconteceram há cerca de 100 anos , com a Missão Rondon. Apesar desse tempo, e da proximidade com as fazendas e cidades que ocuparam a região, os Nambikuara lutam bravamente para manter sua cultura e recuperar conhecimentos e costumes que estão guardados na memória dos mais velhos.
A caça e a pesca, muito apreciadas, hoje não são abundantes. Adornos e utensílios são feitos por homens e mulheres com arte e técnicas milenares com a matéria prima do cerrado: o tucum, as fibras de buriti, madeiras e plumas.

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Filhote de okapi em site do zoológico (Fonte)

Fonte da imagem


Zoológico anuncia nascimento de animal raro, o okapi

(Fonte: ambientebrasil)

O nascimento de um okapi - um animal africano ameaçado de extinção, e que parece uma mistura de girafa com zebra - foi anunciado nesta semana pelo Zoológico de Brookfield (EUA).
Desde que nasceu, em setembro, Sauda ("beleza negra") já triplicou de tamanho: pesa 71 kg e tem uma altura de um metro nos ombros. Ela poderá chegar a mais de 200 kg e a 1,5 metro.
O mesmo zoológico já havia sido o local do primeiro nascimento de um okapi na América do Norte, em 1959, de desde então outros 28 já nasceram lá, diz a curadora de mamíferos, Ann Petric.
Sauda pode ser vista por visitantes do zoológico por meio de um vídeo. Ela estreará na exibição pública nos próximos meses.
Visto pela primeira vez por ocidentais no início da década de 1900, o okapi, pelo que se sabe, existe apenas numa pequena área da República Democrática do Congo. (AP/ Estadão Online)

domingo, 19 de novembro de 2006

aldeia Xikrin (foto do livro Habitações Indígenas)
Crianças Xikrin preparadas para festa de nominação; fotos de Isabelle Vidal Giannini,
do livro "Grafismo Indígena", de Lux Vidal

Os índios Xikrin
(Fonte: Boletim Iandé n. 15)
Nas últimas semanas jornais, rádios e televisões têm noticiado (mais) um conflito entre índios e não-índios. A empresa de mineração Vale do Rio Doce reclamou que indígenas da etnia Xikrin, do Pará, entraram na área da mineradora e impediram a empresa de ganhar dinheiro. Por sua vez, os Xikrin solicitam recursos para compensar o estrago que a atividade de mineração faz na área onde vivem.
É difícil entender o que está acontecendo de verdade, apenas pelo noticiário. Há algumas entrevistas com diretores da Vale do Rio Doce, mas nenhuma palavra dos Xikrin. Ficamos sem saber sua versão do fato. Não sabemos quem são eles, o que pensam, o que realmente querem... nada disso foi publicado.
Esse boletim da Iandé apresenta um pouco da história, costumes e artes dos índios Xikrin.
No meio da desinformação apresentada pela grande imprensa sobre esse caso, apenas um comentário se salvou: a coluna de Marcelo Beraba, ombudsman do jornal Folha de São Paulo. O jornalista, que é pago para criticar o próprio jornal onde trabalha, apontou em seu texto a distorção que acontece na cobertura jornalística de fatos distantes dos grandes centros, como esse conflito que envolve os Xikrin e a Vale do Rio Doce.
O texto, cujo título é "O Pará é logo ali", está publicado no endereço http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ombudsma/om0511200602.htm (só para assinantes do UOL) .
Também pode ser lido por qualquer pessoa no endereço do site Observatório da Imprensa: http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=406VOZ001

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Histórias Curtas
As casas da aldeia dos índios Xikrin formam um círculo. O local onde a aldeia é construída é escolhido por um xamã, que marca o centro do pátio com um maracá. Esse maracá representa o centro do mundo.

Os homens Xikrin mudam-se para a casa de suas esposas quando casam-se.
Os Xikrin apreciam carnes gordas, como anta, porco do mato, jabuti, etc... Também comem peixes mas sofrem hoje em dia com a diminuição da pesca, pois as nascentes dos rios que cortam seu território estão fora da área indígena e passam por regiões de garimpo e fazendas. As águas chegam já poluídas à área dos Xikrin.
A água é um elemento de criação para os Xikrin. A imersão em água está relacionada ao amadurecimento do indivíduo. E foi um espírito das águas quem ensinou a cura das doenças aos índios.
Segundo os Xikrin, a parte leste do mundo é limitada por uma gigantesca teia de aranha. Além dela vive um Gavião-Real que é responsável pela iniciação dos xamãs Xikrin. A ave fura a nuca dos índios e aqueles que sobrevivem ganham poderes espirituais.
As danças e cantos dos Xikrin recuperam o tempo mítico, e recriam a energia necessária para a continuidade e a estabilidade da floresta onde vivem. (E quem há de dizer que não é verdade ?)

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Olhe atentamente para esta imagem por alguns segundos para ver uma surpresa!!
Blog e Fotolog da AJI - Associação de Jovens Indígenas de Dourados (MS).
É um grupo formado por jovens índios Kaiowás, Guaranis e Terenas.

http://www.ajindo.blogspot.com/
http://www.fotolog.com/ajidourados

quinta-feira, 9 de novembro de 2006


Fotos por Wilian Cézar Aguiar, realizadas na toca da raposa: www.tocadaraposa.com.br , um lugar especial onde recebem durante uma vez por ano os índios da tribo Kuikuro "peixinho bicudo".
Kuikuro (peixinho bicudo), uma das catorze aldeias que integram o Parque Nacional do Xingu, fundado em 1961 por iniciativa dos irmãos Villas Boas. Falam o dialeto Karib, somam-se 400 indígenas e habitam o Alto Xingu, às margens do rio Kuluene.
(Fonte da imagem e informações: Greenpeace)

Depois da soja transgênica, agora é a vez do milho. E quem está trazendo mais essa “novidade” ao Brasil é a Bayer. O transgênico dessa vez é um milho que recebeu um gene artificial de bactéria (Streptomyces viridochromogenes).

Esse transgênico foi criado para ser resistente a um agrotóxico específico de uma empresa específica. Se você chutou a própria Bayer, parabéns! Acertou em cheio!

Milho transgênico da Bayer + agrotóxico da Bayer = PERIGO!

O que a Bayer não informa é que a quantidade de resíduo de agrotóxico no milho transgênico é muito maior do que a do milho convencional. E o que é pior: segundo estudos científicos, ele pode provocar diarréias, nascimento de fetos prematuros e até aborto.

Além de ser um risco para a saúde do ser humano, o milho transgênico ameaça outras espécies de milho, pois pode contaminar plantações convencionais e orgânicas inteiras!

Não deixe esse mal invadir nossas plantações!
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A Bayer está tentando introduzir no Brasil o milho transgênico.
(Fonte: site do Greenpeace)
A Bayer está tentando introduzir no Brasil o milho transgênico criado para ser resistente ao agrotóxico que a própria Bayer fabrica. Recentemente, a empresa vem sofrendo represálias e protestos em diversos países por ter contaminado o estoque mundial de arroz com variedades transgênicas ilegais.
Além da contaminação de nossas lavouras, o cultivo desse milho transgênico resistente ao agrotóxico no Brasil pode expor a saúde dos brasileiros a riscos inaceitáveis, como náuseas, diarréia, nascimento de fetos prematuros e até mesmo aborto.
Agora, a CTNBio, comissão do governo que avalia a segurança de transgênicos, está discutindo a liberação do milho da Bayer. No entanto, pode ser que esses riscos para a saúde e para o meio ambiente não sejam levados em conta.
Proteste agora mesmo enviando essa carta para o Presidente Lula, Ministros envolvidos nesta decisão e cientistas da CTNBio, além da própria Bayer.
Pôr-do-sol no Rio Madeira (Fonte da imagem)

Rio Madeira - Justiça Federal Suspende as audiências públicas
- 08/11/2006
(Fonte: Amazonia.org.br)

O Procurador da República em Rondônia, Heitor Alves Soares, em parceria com o Ministério Público Estadual (MPE) conseguiu ontem uma liminar cautelar ambiental que suspende as audiências públicas do complexo hidrelétrico do Rio Madeira. As audiências começariam hoje e terminariam no dia 11 deste mês.
"É uma vitória da sociedade, da democracia, das instituições, que conseguiram mostrar a todos e todas que é possível lutar por um mundo melhor!", afirma Artur Moret, especialista em energia e um dos coodenadores da Campanha Viva Rio Madeira Vivo, que congrega mais de dez movimentos sociais e entidades ambientalistas.
A decisão é resultado de uma solicitação feita na segunda-feira (6) pelo movimento Viva o Rio Madeira Vivo. A alegação das entidades, incorporada pelos ministérios públicos e aceita pela justiça federal, é de que o Ibama transgrediu prazo mínimo estabelecido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) para realização de consultas públicas. Além disso, os ministério públicos indicaram, com estudos paralelos encomendados pelo MPE, que o Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIma) apresentado por Furnase Doebrecht é insatisfatório. A determinação do juiz é de que esses novos elementos sejam incorporados ao processo de licenciamento e eventuais lacunas sejam sanadas. Até que isso seja feito, nenhuma audiência poderá ser marcada, como demonstra o trecho a seguir extraído da liminar:
" Autorizo a designação de novas audiências públicas somente depois de integralmente atendidas as recomendações/complementações do IBAMA, quem para tanto devrá tomar em conta os subsídios oriundos da auditagem independente acompanhado o processo de implantação das hidrelétricas e observar a publicidade inerente aos certames públicos, sob prévia comunicação ao juízo".
Outro ponto acatado pela justiça se refere ao tempo em as audiências foram marcadas. A resolução 009/87 do Conama determina que a partir do recebimento do Relatório de Impacto Ambiental o Ibama deve divulgar prazo de 45 dias para sejam solicitadas novas audiências públicas. As quatro audiências programas para esta semana foram marcadas sem que decorresse esse prazo. Para o diretor de licenciamento do Ibama, Luiz Felipe Kunz, o fato de ainda estar aberto o prazo para solicitação de consultas públicas não impede que outras sejam marcadas. Para os ativistas em Rondônia, e para o Juiz Federal, a pressa para que o processo de licenciamento avance prejudica a participação popular e a avaliação dos empreendimentos.
A audiência pública marcada para hoje no distrito de Abunã chegou a ser iniciada, mas foi interrompida por um militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) que leu em voz alta o conteúdo da liminar. Segundo o Ibama, cerca de 300 pessoas estava presentes.
O Ibama já entrou com uma pedido de revisão da liminar. Caso esse pedido não seja aceito, o instituto está disposto a enfrentar uma batalha jurídica que pode ser ainda mais demorada.
(Carolina Derivi e Eliane Scardovelli)

segunda-feira, 6 de novembro de 2006

Hoodia, um cactus que tira a fome e ajuda a emagrecer (Fonte da imagem)

O caso da planta Hoodia: A experiência do Povo SAN

(trechos de matéria publicada no site
COP-8/MOP-3, em 30/03/2006)

O Povo SAN ocupa um território na área do Deserto do kalahari, o qual abrange partes da África do Sul, Namíbia e Angola, compreendendo uma população de cerca de 120 mil pessoas. A planta Hoodia (Hoodia gordonii - Asclepieadaceae) é um cactus que cresce no Derserto do Kalahari, sendo utilizada, tradicionalmente, como alimento e para diminuir a sede durante as atividades de caça.
Em 1996, a patente sobre o principio ativo da planta, P57, ingrediente supressor de apetite, foi concedida ao Instituto Sul Africano de Pesquisa - CSIR. Em 1997, o Grupo de Trabalho de Minorias Indígenas no Sul da África – WIMSA, tomou conhecimento da patente através de um artigo de jornal, o qual declarava que o Povo SAN estava extinto.
No acordo foi estabelecido que os direitos de propriedade intelectual permanecem nas mãos do CSIR e que o Povo SAN não pode fazer acordo com terceiros. O problema é que, até hoje, não há produtos no mercado baseados na patente da planta Hoodia obtida pelo CSIR, mas inúmeros produtos baseados na planta Hoodia estão sendo comercializados. Na Suíça, por exemplo, pode-se encontrar pelo menos dez produtos farmacêuticos que contêm derivados da planta Hoodia. Estes produtos pirateados - alguns deles importados dos Estados Unidos – chegam a declarar no rótulo que se baseiam no conhecimento do Povo SAN. Ainda que alguns destes na verdade nem contenham a planta Hoodia, fazem uso da imagem do povo SAN para comercializá-los.
O caso da Hoodia demonstra, claramente, a grande discrepância entre teoria e prática na repartição de benefícios e as dificuldades que isso pode trazer para os povos indígenas e comunidades locais.
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Os cientistas demoraram 30 anos para conseguir isolar a molécula, a P57, que dá à planta o poder de inibir o apetite. Ela age na região do hipotálamo — centro da fome e da saciedade — liberando um componente químico similar à glicose, só que 10 mil vezes mais potente e sem caloria. “O organismo recebe a mensagem de que tem glicose suficiente circulando no sangue, reduzindo o apetite especialmente por massas e comidas açucaradas”, diz o farmacêutico Carlos Muniz de Souza, da Sociedade Brasileira de Farmacognosia, Regional Sudeste. (Fonte das informações: site
Boa Forma)


Mais informações também no site Biotecnologia


domingo, 5 de novembro de 2006

Os Guajá (Foto: Mércio Gomes, 1980 - publicada no site do Instituto Sócioambiental)

Indígena Awá Guajá é encontrado morto em hotel no Maranhão
(Fonte: CIMI)

Na última sexta-feira, dia 27 de outubro, um indígena Awá Guajá da aldeia Juriti foi encontrado morto num quarto de hotel em Santa Inês, no Maranhão. To’o Awá estava acompanhado de pessoas da Fundação Nacional do Índio (Funai) com quem deveria fazer uma viagem no dia seguinte. Na noite da quinta-feira, dia 26, foi dormir e não acordou mais.

A causa da morte é desconhecida, mas segundo informações da Funai, tudo indica que ele foi vítima de um ataque cardíaco. Se confirmada esta hipótese, será necessário esclarecer o que causou um ataque repentino em um indígena de pouco contato.

Diante do triste acontecimento algumas perguntas nos vêm imediatamente à cabeça. O que um Awá Guajá da aldeia Juriti estava fazendo num hotel de Santa Inês? Que viagem era essa que ele faria no dia seguinte?

O caso da morte de To’o traz à tona outra situação extremamente preocupante vivida pelos indígenas Awá Guajá no Maranhão. Segundo relatos de indígenas Awá Guajá e Guajajara, a Funai estaria preparando uma operação para contatar um grupo de aproximadamente 60 pessoas, divididos em três sub grupos, de Awá Guajá que ainda vivem livres, sem contato com a sociedade envolvente, na Terra Indígena Araribóia, no centro-oeste do Maranhão. Os indígenas também informaram que To’o estaria em Santa Inês para acompanhar a equipe da Funai que se deslocaria para a T.I. Araribóia, objetivando fazer esse contato.

A incapacidade dos órgãos federais de controlar a ação desenfreada dos madeireiros, que todos os dias retiram ilegalmente dezenas de caminhões carregados de madeira da T.I. Araribóia, seria o motivo alegado para a realização do contato.

A ação dos madeireiros e a omissão da Funai diante dessa situação colocam em risco a vida do Povo Awá Guajá. São grupos familiares que vivem livres na mata, ou seja, sem contato com a sociedade que os cerca. Estes são um dos poucos povos livres do Brasil e do mundo e estão ameaçados pelos madeireiros que exploram a T.I. Araribóia.

Madeireiros ameaçam índios sem contato

A T.I. Araribóia, juntamente com as T.I.s Caru e Alto Turiaçu, representa o que sobrou de floresta no Maranhão e é habitat natural dos Awá Guajá. Cobiçada por madeireiros, fazendeiros e caçadores, está sofrendo, desde a década de 80, um processo acelerado de pilhagem. Muitas pessoas não acreditavam na existência de povos livres naquela região. Porém, vez por outra, relatos de indígenas e moradores dos povoados vizinhos da terra confirmavam as suspeitas. Nos últimos três anos, a ação dos madeireiros tem se intensificado, o cerco de destruição foi se fechando cada vez mais e os relatos da presença dos Awa Guaja foram ficando mais freqüentes.

sexta-feira, 3 de novembro de 2006

Estoques de peixe podem acabar até 2048, diz estudo

(Trecho de matéria publicada no site BBCBrasil )
Richard Black

Um estudo divulgado nesta quinta-feira indica que não haverá praticamente mais nada para pescar nos oceanos até o ano de 2048, caso a atual taxa de mortalidade das espécies marinhas continue do jeito que está hoje.

De acordo com o levantamento, feito por uma equipe internacional de cientistas e publicado na revista científica Science, os estoques de pesca já caíram em cerca de 33% e a taxa de eliminação da biodiversidade marinha continua aumentando.
No entanto, os cientistas acreditam que ainda é possível reverter a previsão, caso sejam ampliadas as áreas de proteção.
“Nós exploramos os oceanos esperando e supondo que haverá sempre uma nova espécie para ser explorada depois que acabarmos completamente com a última”, disse o cientista Boris Worm, da Universidade Dalhousie, do Canadá, que coordenou a pesquisa.
“O que estamos ressaltando aqui é que a quantidade de peixes nos mares é finita; nós já passamos por um terço, e vamos passar pelo resto.”

Alerta
Outro cientista envolvido no projeto, Steve Palumbi, da Universidade de Stanford, também faz o seu alerta: "Se nós não mudarmos fundamentalmente a forma como administramos o conjunto das espécies marítimas, este século será o último século com frutos do mar na natureza".
O estudo, do qual participaram cientistas de diversas instituições da Europa e das Américas, foi feito com base na análise dos índices de pesca em alto-mar, da pesca praticada em determinadas regiões costeiras e de experimentos feitos em ecossistemas pequenos e em outros onde a pesca é restrita ou protegida.
O estudo também alerta que a tendência é que a perda da biodiversidade cause mais fechamentos de praias, inundações e disseminação de algas potencialmente nocivas.

Danos cumulativos
Segundo Worm, as espécies marinhas estão fortemente vinculadas umas às outras, "provavelmente mais do que na terra".
Uma conclusão-chave, no entanto, é a necessidade de proteger mais áreas oceânicas.
"Você também tem de ter uma boa administração dos parques marinhos e boa administração das pesqueiras. Claramente, a pesca não deveria destruir o ecossistema. A pesca com rede de arrasto (que leva tudo que está no fundo do mar) é um bom exemplo de algo que destrói o ecossistema."
Worm cita o caso da região de Grand Banks, no leste do Canadá, onde os estoques de bacalhau se esgotaram.
"Você tem consenso científico e nada acontece. É um exemplo triste; e o que aconteceu no Canadá deveria ser um aviso porque agora entrou em colapso e não volta".
Da mesma forma, diz o pesquisador, os alertas para disciplinar a pesca de bacalhau no Mar do Norte estão sendo ignorados.

quinta-feira, 2 de novembro de 2006


CORREIO DA URSA
Se 1 milhão de pessoas fecharem a torneira ao escovar os dentes, durante 1 mês, a água economizada seria equivalente ao que cai nas Cataratas do Iguaçu por 12 minutos.
Consuma sem consumir o mundo em que você vive.