segunda-feira, 26 de junho de 2006

índio bororo (Fonte da imagem)

Bororo - O caminho de volta
(Fonte: Diário de Cuiabá, notícia publicada no site Amazonia.org.br )

Cansados de esperar pelo poder público, índios iniciam retomada de área, que hoje abriga o distrito de Jarudore

Um grupo de famílias da etnia Bororo decidiu iniciar por conta própria a retomada dos 4,7 mil hectares da Terra Indígena Jarudóri, demarcada e homologada para a etnia há mais de 50 anos, mas que foi invadida e hoje abriga o distrito de Jarudore, no município de Poxoréo (259 quilômetros de Cuiabá).
Na próxima semana, o Ministério Público Federal ingressará com uma ação de reintegração de posse em favor dos índios (ver matéria). Dizendo-se cansados de esperar pela justiça, eles escolheram a área de uma antiga fazenda de gado, atualmente desativada, para iniciar a construção da “Aldeia Nova”, a menos de 5 quilômetros da área urbana do distrito.
A líder do movimento é a cacique Maria Aparecida Toro Ekureudo, que há 15 dias chegou à área trazendo toda a família. “Isso aqui é terra nossa. É demarcada e homologada. Já tem muitos anos que esperamos uma atitude das autoridades, sem solução”, avisa.
A reportagem do Diário visitou a pequena aldeia em construção e constatou que ali as condições são precárias. Além da falta de braços para ajudar na montagem das casas – vieram apenas 5 famílias até o momento -, a comida é escassa e a única fonte de água é um ribeirão quase seco e turvo.
Mesmo assim, a cacique não desanima. Ela acredita que seu exemplo fará outros índios da etnia seguir o mesmo caminho. “A maioria quer voltar para o Jarudóri, para a aldeia velha. Viemos para mostrar que não esquecemos de nossa terra e para encorajar outros a fazer o mesmo e nos ajudar”.
Uma placa, improvisada em papelão, já foi colocada na porteira da fazenda. Na semana passada, os índios receberam a visita de um representante do proprietário da fazenda – que mora em Campinas (SP). Segundo Maria Aparecida, não houve pressão para deixassem a área. “Só perguntaram o que estávamos fazendo aqui e foram embora”, conta.
A área dos Bororo foi demarcada pela primeira vez em 1912 por obra de Cândido Rondon. São João de Jarudóri, como foi chamada, tinha como marcos referenciais alguns dos morros típicos da região de Poxoréo e somava cerca de 100 mil hectares. Em 1945, um decreto estadual – nº644/45 – redefiniu os limites da área para 6 mil hectares, menos de um décimo do desenho original.
Seis anos mais tarde, um título definitivo expedido pelo governo do Estado fixou a terra Bororo em 4,7 mil hectares. Como se não bastasse, essa área foi a seguir fruto de invasões e loteamentos irregulares, contando sempre com a omissão – e, muitas vezes, o incentivo – das autoridades.
Os moradores do distrito de Jarudore não negam a particularidade das terras que ocupam, mas alegam que tomaram posse de áreas abandonadas e até vendidas pelos Bororos (ver matéria). Já os índios atribuem a saída da área a um processo em que tentativas explícitas de intimidação se juntavam à total falta de apoio oficial.
“O governo é o maior culpado por esta invasão. A Funai, por exemplo, cruzou os braços, enquanto o problema ia aumentando”, diz a cacique Maria Aparecida. “Enquanto isso, outros ficavam por trás, dando incentivo, autorizando o pessoal a entrar. Mas a verdade é que todo mundo sabia que aquela área é indígena, não ia dar futuro”.
Segundo ela, dentro do distrito, há “gente que precisa” de terras. Essa condição, contudo, não pode justificar a permanência dentro das terras do Bororo.
“Acho que o governo tem que olhar por aqueles que precisam e arrumar um pedaço de terra para eles em outro lugar”, argumenta a cacique, para quem os índios não têm de se envolver com a situação. “Eu vim para ficar e ficar aqui para sempre. O que vai acontecer com a cidade, é um problema para a justiça decidir”.
Rodrigo Vargas

9 comentários:

Cristiano Contreiras disse...

é incondicional minha semelhança com o espírito Indio em si...

em ser.

boa semana

Jonas Prochownik disse...

Lindíssima a fotografia do índio.
Um exemplo de alta qualidade artística.
beijos da
Kristal

Jôka P. disse...

Fui no bororó, beber água e não achei...
Achei bela morena que no bororó deixei.

:)
Bj!

Janaina disse...

Gente que precisa de terras... humpf.

Matilda Penna disse...

Jôka P., é "Eu fui no Tororó", um bairro daqui de Salvador onde tinha uma fonte de água potável, nos tempos em que toda água vinha de fontes, daí a cantiga de roda.
E a imagem do índio está linda, adorei o cocar.
E concordo com a cacique, o governo é mesmo o maior culpado por esta invasão, cruza mesmo os braços para os problemas dos índios e suas terras.
Enfim, continuo torcendo para que esses problemas sejam resolvidos.
Beijos, :).

Angela Ursa disse...

Cristiano, os índios estão cansados de brigar pelo direito às suas terras. Beijos!

Kristal, também achei linda a foto! Beijos

Jôka, gostei da sua nova versão de "Eu fui no tororó" ;)) Beijos da Ursa!

Janaína, eles precisam ter o direito deles respeitados. Beijos!

Nanbiquara, agradeço a sua explicação sobre o Tororó. Eu não sabia que era um bairro de Salvador. Beijos da Ursa! :))

Tom disse...

Ai que saudade dessa floresta...
Ursa.
A luta dessas coitados é sem fim. Enquanto houver ganância e poder envolvidos, essa luta será eterna.

Beijinhos na Ursa querida.

Tom

Palpiteira disse...

No que o índio da foto tá pensando? Em que ele acredita?
Aqui também tá um frio danado. Brrrrr.
Beijos.

Angela Ursa disse...

Tom, também estava com saudades! Seja bem-vindo! Beijos floridos da Ursa :)

Palpiteira, acho que o índio da foto está tentando pensar numa solução para esses problemas. Aceita um chazinho para esquentar? Aqui eu estou na base de chás , capuccinos e chocolate quente :)) Beijos!