Raiz da priprioca
A colheita da priprioca
“...piripirióca, espécie de capim, cuja raiz é assaz fragrante...”
(I. A.C. Silva, Corografia Paraense, 1833)
( Fonte: site Natura.net )
A priprioca é uma planta da família das ciperáceas, como o junco e o papiro. ‘Uma espécie de capim’, segundo o autor do livro Corografia Paraense (Descrição Física, Histórica e Política da Província do Grão-Pará), publicado em 1833. ‘Capim’ alto, em cuja extremidade brotam umas florzinhas miúdas, quase insignificantes – num conjunto em nada singular.
Porém, embora vulgares na aparência, estes talos de capim alto escondem sob a terra raízes de fragrância incomum – tubérculos miúdos que, quando cortados, exalam um perfume fresco, amadeirado e picante, que surpreende o olfato.
Graças a esta qualidade, a priprioca está entre as principais ervas aromáticas vendidas no estado do Pará. É comercializada principalmente no mercado Ver-o-Peso, em Belém, para uso em banhos perfumados e fabricação de fragrâncias domésticas.
Uma herança indígena
“Tomou banho de cauré cheiroso, vestiu roupa chegada da lavadeira e perfumada com priprioca.” (Mário de Andrade, Macunaíma)
O conhecimento da priprioca é uma herança dos índios da Amazônia. Foram eles que descobriram seu aroma e a cultivaram em suas roças.
Seu nome vem do tupi ‘piripiri’, junco pequeno, e ‘oca’, casa. Segundo o folclorista Luís da Câmara Cascudo, os índios manaus, de raça aruaca, possuíam uma lenda sobre a raiz, registrada em língua tupi pelo pesquisador Brandão de Amorim, em 1926:
Piripirioka Iypyrungaua (Origem da Priprioca)
A lenda da priprioca
O guerreiro Piripiri era um índio misterioso. De seu corpo, exalava um perfume suave que apaixonava as cunhatãs de sua aldeia. Por isso, elas viviam perseguindo-o pela mata. Quando o julgavam preso, ele fabricava uma nuvem de fumo e desaparecia.
As cunhatãs foram perguntar ao pajé Supi como fariam para prender Piripiri. Supi ensinou-as: deveriam amarrar os pés do guerreiro com os seus próprios cabelos.
Naquela mesma noite, as índias fizeram como Supi as ensinara. Enquanto Piripiri dormia, amarraram-lhe os pés com seus cabelos. E adormeceram ao lado dele.
Quando acordaram, no dia seguinte, o guerreiro havia sumido para sempre. Mas no chão onde ele dormira havia uma planta diferente – e que exalava seu perfume.
O pajé Supi ensinou-as a usar aquele cheiro que entontecia o coração dos homens. E contou-lhes que Piripiri tinha subido aos céus e se transformado na constelação de Arapari, as Três Marias da constelação de Órion.
A planta ganhou o seu nome. É a sua casa. Piripiri-oca, priprioca, “a casa de Piripiri”.
quinta-feira, 18 de agosto de 2005
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4 comentários:
Lindo.
É fantástica a riqueza da cultura indígena.
É fantástico também como nos esquecemos desta cultura tão maravilhosa, ingênua, que retrata o início da cultura da humanidade.
Eu já estou viciado e fico aguardando com ansiedade vir aqui escutar o uirapuru e viajar nesta cultura fabulosa.
Agora, tenho uma dúvida.
Porque a identificação do grande animal dourado foi o de um Urso, animal que não existe na floresta tropical?
Abraços
fred
Olá, Fred! Quando a floresta antiga da Ursa foi criada, a idéia inicial era a índia ser apenas uma contadora de histórias divertidas, que não eram lendas indígenas verdadeiras. Devido à influência que tive, na infância, de filmes de faroeste, com índios americanos, me lembrei do famoso Touro Sentado. Então, resolvi chamar a índia de Ursa Sentada, mesmo sabendo que não existem ursos na floresta amazônica. Mas por isso mesmo, a história da Ursa acabou virando uma lenda :))
Índio Piripiri ?
Piri-piri-piri ?
Piri-piri-piri...!!!
Já sei !
Foi o inspirador daquele famoso hit da rainha do bumbum, a Gretchen ?!
:o)
JÔKA P.
SP.22/02/08-PARABÉNS PELO CONTO ÍDIGENA SOBRE A PRIPRIOCA...ACHEI POR CURIOSIDADE...MAS ACHEI MUITO INTERESSANTE.AINDA BEM QUE NESTE BRASIL ENORME E MARAVILHOSO AINDA EXISTEM PESSOAS COMO VOCÊ QUE NOS RELATAM ESTES TIPOS DE CONTOS...ASSIM TORNAM NOSSAS VIDAS MENOS AMARGAS...ADOREI...CONTINUE ASSIM.
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