Índias Krenak - Brasil, junho de 2002. Instituto Terra, Aimorés Minas Gerais. (Fonte da imagem)
Depoimentos de professores índios
(Escritos em 05/02/1996 - Fonte )
"Há muitos anos atrás, devido às invasões nos territórios indígenas, muitos índios foram obrigados a deixar suas terras e sair para trabalhar para os fazendeiros e obrigados a falar o português. Nós, pataxós, por sermos os primeiros índios a Ter contato com o homem branco, fomos muito massacrados e perdemos o nosso idioma, tradição e costumes. Quando nasci, não tendo mais ninguém da família com quem falar o idioma, chegando à idade de estudar, fui para a cidade de Monte Pascoal, onde iniciei os meus estudos com a professora Emília. Aprendi um pouco do português que é a língua que todos hoje falamos. Pretendo aprender mais: nem só o português, como outras matérias, e resgatar o nosso idioma para ensinar aos nossos irmãos e às crianças.Pretendo me aprofundar mais na língua portuguesa e na matemática, para melhor reinvindicar meus direitos com a sociedade branca. (Antonio Aragão da Silva: Arariby Pataxó)"
"Eu, Maurício, resido em uma área indígena krenak no município de resplendor, MG.Eu gosto muito da minha religião e da cultura de meu povo krenak e da língua materna que hoje eu sei falar a metade, mas também eu gosto de preservar a natureza, gosto também de ficar em beira de rio.Eu gostaria de saber muito mais as coisas boas que o branco tem, como estudar Português, Matemática, Ciências, Geografia e História. Gosto muito de ouvir piadas, sou pouco vergonhoso. (Maurício Krenak)"
"Eu vou falar um pouco sobre a língua portuguesa. Quem me ensinou foi meu pai, mãe, professores. Eu aprendi a falar português porque meu pai e a minha mãe falam português. Depois, quando eu completei 7 anos, eles colocaram eu na escola e, com o professor, eu aprendi a falar mais. A gente fica muito sentido por saber falar a língua portuguesa e não saber falar na língua indígena.Nós, xacriabás, ficamos emocionados com os outros parentes por que eles falam a sua língua. Olha, eu, por exemplo, acho que, se o índio que fala sua língua é muito importante, porque ele fala com o branco e o branco não entende e se ele fala com o outro índio da sua mesma nação, que fala na mesma língua, ele entende. Na nossa reserva, alguma pessoa ainda fala a língua. Aquelas pessoas mais velhas, mais idosas. Eu, pelo menos, tenho vontade de aprender a nossa língua, é por isso que eu fiz esforço de vir até aqui no Parque rio Doce. Desculpe por minhas letras. (Maria Aparecida Lopes de Oliveira Xacriabá, filha do vice-cacique Emílio Lopes de Oliveira)"
sexta-feira, 23 de setembro de 2005
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