sexta-feira, 31 de março de 2006


Correio da Ursa - Estas lindas fotos de borboleta de asa transparente foram enviadas pela amiga Diana. Pesquisando na internet, achei mais algumas informações sobre essas borboletas no fotolog Aventuras pela Fauna e Flora Algumas foram encontradas em Minas Gerais.

quinta-feira, 30 de março de 2006

Foto: C. Zacquini (1998). A aldeia Yanomami da “Serra do vento” (Demini), publicada no site CCPY - Comissão Pró-Yanomami

Yanomami defende tradição para resistir no território e alerta sobre malária
(Fonte:
Radiobrás - notícia publicada no site: Amazônia.org.br )
Rio Quente (GO) - David Kopenawa, do povo Yanomami, se prepara para ser pajé. "Você estuda para melhorar, não? Eu também faço isso, para saber mais. Ser mais preparado. Me dedicar ao meu povo. Saber mais da minha tradição. Para aprender mais e ter mais força para manter a gente na aldeia".
David é a liderança yanomami "que anda na cidade" e está entre os cerca de 15 indígenas de sua etnia que fala português. "Não é todo yanomami que quer falar português. Ele quer preservar sua língua. O professor nosso ensina yanomami", afirma David, um dos participantes da 4ª Conferência Nacional da Saúde Indígena.
Hoje, eles são cerca de 12 mil em Roraima e Acre, mas há Yanomamis na Venezuela. "Nossa terra é boa, tem os rios, tem tudo. Estamos preocupados agora porque a malária voltou", conta. "Não quero mais perder yanomamis como antes. Tem esse risco, não morreu ninguém ainda. A saúde que a Funasa está fazendo paralisou o trabalho preventivo e sete aldeias têm malária".
David narra que os principais surtos da malária ocorreram nos anos 70, quando houve a construção de um trecho da estrada Perimetral Norte (1973 a 1976) em Roraima que "abriu o caminho para a doença". Depois, segundo ele, se agravou a partir de 1986, quando "Romero Jucá, presidente da Funai do presidente José Sarney autorizou a entrada de mais de 30 mil garimpeiros".
"Mais de 4 mil yanomamis morreram de malária, tuberculose, de assassinato. E depois de muita luta, de denúncia para fora do Brasil, a terra foi homologada em 1992. A doença ficou, mas depois vieram as organizações, que por serem não-governamentais, trabalharam na saúde e conseguiram acabar com a doença".
David diz que não reivindica dinheiro, mas ações de saúde. "Você sabe que ela [saúde] não pode parar, atrasar, errar. E ela está se paralisando há três anos". Em 15 de setembro do ano passado, os yanomamis ocuparam o prédio da Funasa em Boa Vista, em protesto.
"Nós conseguimos que as equipes fossem para as aldeias fazer o trabalho. Mas a saúde não pode ser assim. O branco precisa do instrumento para trabalhar. É assim que ele trabalha, faz exames com lâminas, usa remédios. O pajé cura as doenças da floresta. Aprende a fazer isso. Mas não cura, e já tentamos, a doença que vem da cidade". (Janaina Rocha)

quarta-feira, 29 de março de 2006

Ursa Sentada descansando em dia de chuva (gif enviada pela amiga Saramar)
Imagem e matéria enviados por Ras Adauto à Lista de Literatura Indígena

Cinema Katukina
(trecho de matéria publicada no jornal O Globo)
Arnaldo Bloch
Dos 12 índios katukinas que desembarcaram ontem no Rio — para lançar, de hoje a domingo, no Museu da República, o documentário “Noke Haweti” (“Quem somos, o que fazemos”) — 11 jamais tinham deixado os limites da aldeia de onde vêm, na fronteira do Acre com o Amazonas. A jornada acontece na esteira de uma tendência recente, de documentários feitos por cidadãos de comunidades socialmente desfavorecidas, após programas de capacitação técnica (como a série “Revelando Brasis” ou o filme “Falcão — Meninos do tráfico”, da Central Única das Favelas, exibido semana passada no “Fantástico”).
à frente do grupo, o índio Benjamim André Shre Katukina, de 36 anos, figura proeminente da aldeia, foi procurado há um ano pela cineasta carioca Nicole Algranti, que o convidou a aprender os fundamentos do cinema e a vir ao Rio assistir a uma bateria de filmes. De volta à aldeia, veio a insólita proposta: dirigir um documentário sobre o próprio povo.
— Eu nunca tinha ido ao cinema, aqui na aldeia não temos TV nem espelhos. Não são coisas do nosso mundo. Foi muito difícil, mas agora eu posso dizer que consegui ultrapassar a barreira sem perder minha identidade. Ao contrário, ela se fortaleceu, e é bonito ver os nossos velhos sorrindo, surpresos. Antes eu produzia material didático para escolas indígenas, e me expressava através da nossa pintura corporal e de algum artesanato. É algo espantoso de uma hora para outra dominar uma linguagem nova.
Num sapo, o veneno da sorte e da coragem
Tradição não falta aos katukinas. Como tantas outras nações indígenas, sofreram toda sorte de perseguições, foram massacrados nas chamadas “correrias” do fim do século XIX, e reduziram-se a uma população ínfima, de no máximo 700 pessoas, que habitam, desde 1984, 32 mil hectares demarcados na bacia do Juruá (no Acre, próxima da cidade de Cruzeiro do Sul), em quatro aldeias.
Há uma quinta, cravada no mato, a dois dias de caminhada, praticamente sem contato com os brancos, mas, de resto, têm seu território cortado ao meio por uma estrada, a BR-364 (o asfaltamento recente caiu como uma bomba tóxica nas margens das aldeias).
A ausência de um rio grande — são apenas dois igarapés a banhá-las — faz com que a caça (com arco e flecha ou espingarda) e a fruticultura sejam seus principais modos de subsistência. Apesar de todas as dificuldades, os índios têm uma coesão impressionante. Nas comunidades só falam o próprio idioma (da família Pano, falado por 40 mil pessoas nas amazônias brasileira e peruana) e só vão à cidade comprar sal, sabão e munição, com o dinheiro da aposentadoria dos mais velhos e dos poucos que trabalham fora da aldeia.
Filmado em julho de 2005, “Noke Haweti” é um corte interessantíssimo no cotidiano das aldeias katukina. Os 54 minutos de filme passam rápido e é um prazer ouvir os depoimentos na melodiosa língua ancestral (com legendas em português, inglês, francês ou alemão), partilhar do humor peculiaríssimo dos seus habitantes, acompanhar festas, brincadeiras coletivas e jogos de sedução, e conhecer seus mitos e crenças.

Momento marcante é, após dias de uma maré de azar na caça, o passo a passo da medicina do sapo Kampo ( Phyllomedusa bicolor ), que serve para dar sorte nas expedições, trazer coragem e força vital: a extração do veneno e a sua aplicação na pele associada a leves queimaduras a carvão sobre o corpo são mostradas em detalhes, bem como a maneira como cada um interpreta o efeito do veneno na corrente sangüínea. A dança da folha, para limpar a energia entre homens e mulheres, e a do chicote, para espantar a preguiça, são outras bonitas passagens. O filme retrata também os problemas causados pela localização da aldeia, como, por exemplo, a poluição do ar, o sumiço de animais para a caça e a zoeira, na época do verão, provocada pelo fluxo de carros e caminhoneiros.

terça-feira, 28 de março de 2006

Índio Pareci no arremesso do jogo Kolidyhô (Fonte: Estadão)
Kolidyhô - Os índios arremessam varas ou bastões de madeira na tentativa de conseguir uma aproximação entre elas de, no máximo, um palmo. Jogo semelhante à bocha.
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Depoimento de Daniel Matenho Cabixi, do povo Pareci, aldeia de Rio Verde no Mato Grosso
(texto preparado em 1993 - fonte: site Iandé - Arte com História)


Vi muitas pessoas postarem-se diante de mim, um índio, e ficar horas e horas a olhar-me. Além de lançarem uma série de perguntas, entre elas, se não existe mais índio brabo. Penso comigo: que estarão elas pensando ? Esforço-me para penetrar em seus pensamentos. Afinal, um descendente de índios selvagens, descendentes de seres mitológicos índios, está postado diante deles, de calça, camisa e sapatos. Neste momento, a imaginação desse povo simples voa pelo mundo da fantasia. Como será que vivem ? O que comem ? Será que ele pensa igual a nós ? Será que descende de comedores de gente ? Terá ele provado alguma carne humana? Tem ele algum sentimento humano de amor e compaixão ?
Enfim, percebo que as interpretações e comparações que nos fazem não passam da categoria de animais exóticos que habitam a natureza. Tenho vontade de fazê-los compreender o meu mundo, assim como cheguei a compreender o mundo deles.
Gostaria de dizer-lhes que faço parte de uma sociedade que possui normas de vivência harmônica entre homens e natureza. Gostaria de dizer-lhes que possuimos nossos valores sociais, políticos, econômicos, culturais e religiosos, que adquirimos através dos tempos, de geração em geração.
Gostaria de dizer-lhes que formamos um mundo equilibrado e justo de relações humanas. Dizer que como humanos somos sujeitos a falhas e erros. Dizer que nossos sentimentos mais íntimos são exteriorizados através da arte, da língua, da nossa religião, das festas acompanhadas de ritos e cerimônias. Dizer que conseguimos nossas experiências diante da vida e do universo.
Dizer que conseguimos chegar num equilibrado mundo prenhe de valores que transmitimos a nossos filhos, o que em outras palavras mais compreensíveis, é sinônimo de educação.
Gostaria de dizer-lhes também que tudo, tudo isso que vem sendo deturpado, desrespeitado e destruído. Dizer que estamos despertando para uma nova realidade. Estamos percebendo que todas as tentativas estão sendo feitas para acabar com nossos princípios já constituídos. Dizer que um de nossos objetivos fundamentais é levar a nossa comunidade o conhecimento desta realidade nova que nos rodeia. Do interesse em perpetuar nossos valores morais e culturais.
Dizer que estamos prontos para receber o que de útil a sociedade deles nos oferecer e rechaçar o que de ruim ela nos apresentar. Mas a cegueira etnocêntrica não permite este diálogo franco e sincero.
Máscara cara-grande - Tribo Tapirapé - Coleção WaldeMar de Andrade e Silva (Fonte da imagem: Estadão)

índio tapirapé (Fonte da imagem)

Povo Tapirapé perde seu mais importante cacique
(Fonte:
ISA- Instituto Socioambiental )
Marcos Xako'iapari, principal liderança do povo indígena Tapirapé, que habita a região nordeste do Mato Grosso, faleceu no último dia 18 de março. Ao longo de sua vida, o cacique testemunhou a fuga e o quase desaparecimento de seu povo, em razão de conflitos com outros índios e de numerosas doenças trazidas pelo homem branco, como também a recuperação da população Tapirapé, hoje estimada em cerca de 500 indivíduos. No dia 18 de março faleceu o cacique Marcos Xako’iapari, líder dos Tapirapé, povo indígena que vive na região nordeste do estado do Mato Grosso. Afetado por um derrame desde janeiro de 2005, Marcos não podia mais andar e estava com a saúde debilitada, sendo que ultimamente já não conseguia mais se alimentar. Veio a falecer na Terra Indígena Urubu Branco, área que os Tapirapé conseguiram retomar em 1993. Tinha 85 anos de idade. Ele fez parte do grupo que se estabeleceu na Barra do rio Tapirapé, perto do posto do então Serviço de Proteção ao Índio (SPI), na década de 1950, quando o povo Tapirapé começou a se recuperar e ver aumentar o número de indivíduos da etnia. Hoje a população Tapirapé está estimada em cerca de 500 indivíduos. Apesar do contato com a sociedade nacional, o cacique se preocupou em dar a seus filhos e aos Tapirapé os conhecimentos da língua e dos costumes indígenas e as regras do modo de ser Tapirapé. Ele era grande cantador e contador de histórias e formou outros homens para levar adiante os rituais tradicionais de seu povo.

domingo, 26 de março de 2006

Espécie conhecida de macaco-prego encontrada no MS (fonte da imagem)

Nova espécie de macaco-prego é identificada em Pernambuco

Animal pode receber o título de menor e mais ameaçado do planeta
(trecho de matéria do Diário de Pernambuco, publicada no site
CEPAN )

Júlia Kacowicz DA EQUIPE DO DIARIO
Uma nova espécie de macaco-prego foi encontrada nos resquícios de mata atlântica de Pernambuco e - antes mesmo de ser registrada - encontra-se à beira da extinção. O grupo de 18 primatas foi identificado sobrevivendo numa área de apenas 200 hectares, entre mata e alagados, por pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A população não foi batizada, mas já pode receber o título de menor e mais ameaçada do planeta. As características que diferenciam o tipo descoberto das outras 15 espécies já conhecidas são o corpo todo amarelo-dourado e uma tiara branca ao redor da cabeça. A descoberta foi feita pelo professor do Departamento de Zoologia da UFPE e doutor pela Universidade de Cambridge (Reino Unido), Antônio Rossano, após um levantamento de cinco anos realizado em 23 fragmentos de mata atlântica de Pernambuco e Alagoas. O trabalho tinha o objetivo de analisar a situação dos mamíferos no ecossistema mais degradado da terra. "Nunca imaginei que iria encontrar uma espécie nova num ecossistema que já desapareceu em 98%. Estamos vivendo uma crise de biodiversidade e muitos animais têm sido extintos. Alguns nem chegaram a ser registrados", afirmou. O grupo de macacos foi visto pela primeira vez no final de novembro do ano passado, em Ipojuca, litoral sul do estado, pelo professor e seu aluno Alexandre Malta. Eles iniciaram o monitoramento dos animais e, há 20 dias, conseguiram gravar um filme amador. "Com o filme conseguimos confirmar as características do animal, que não possui nenhum registro na literatura", disse Rossano. Segundo ele, o primata encontrado trata-se de uma espécie nova de macaco-prego pelas semelhanças com as já conhecidas, como tamanho e estrutura do corpo, forma da cauda e comprimento da cabeça. "Os macacos-pregos são muito parecidos, diferindo apenas nos padrões de forma e coloração da pelagem", ressaltou. Adaptação - Os animais estão ocupando três trechos isolados de mata, com 90 hectares, que são interligados por um alagado. "Eles se adaptaram aos alagados pois as matas são pequenas, mas também se sentem seguros porque o acesso é difícil", esclareceu Rossano. A presença dos animais na área, pertencente à Usina Salgado, ainda surpreende por ser uma região urbanizada e rodeada de cana-de-açúcar. O pesquisador ressaltou que os macacos se adaptaram inclusive na alimentação, considerando que restos de cana foram encontrados em cima das árvores. Dezoito indivíduos foram contados, mas Rossano acredita que possam existir cerca de 30 na região.

sábado, 25 de março de 2006

Criança Krahô (Foto por Renato Soares)

Soja avança para o norte e destrói entorno do Território Indígena Krahô
(informações extraídas do site CTI - Centro de Trabalho Indigenista)
(
Clique AQUI para fazer download do filme - 4,16 mb)

Desde que a soja foi introduzida ao norte do Tocantins, o povo Krahô e pequenos produtores rurais da região vivem dias de tensão e incerteza. A região de aproximadamente 700 km de fronteira entre o Cerrado e a Floresta Amazônica, conhecida por abrigar cabeceiras e nascentes de rios que formam uma das três grandes bacias hidrográficas do Brasil (Amazônica), uma grande variedade de frutas nativas e animais silvestres está sendo transformada em um verdadeiro deserto. Estudos de impacto ambiental alertam que em pouco tempo essa área, uma das maiores biodiversidades do planeta, pode se tornar inóspita, e já traz sérios problemas ao povo indígena Krahô, que vive tradicionalmente da coleta de frutos, caça e pesca. A chegada de grandes produtores de soja aos municípios de Goiatins, Campos Lindos, Recursolândia, Santa Maria do Tocantins, Pedro Afonso e Itacajá, vindos do sul do Brasil e do exterior, vem mudando numa velocidade assustadora a relação homem-natureza nessas áreas. Posseiros, pequenos agricultores que há mais de 70 anos utilizam os recursos da terra de forma não-predatória, estão pressionados, desesperados, sendo obrigados a trocar a vida rural pelas periferias das grandes cidades para não serem vítimas dos agrotóxicos utilizados na produção da soja.Hoje, enormes plantações do cereal chegaram aos quintais das casas desses agricultores, aos portões das escolas de seus filhos, contaminando o ar, a terra e a água dos rios. Quando escutam o barulho do avião borrifador, adultos e crianças fecham as janelas e portas, trancam-se dentro de casa, antes que o agrotóxico contamine tudo. Na safra anterior, o envenenamento matou uma criança com um ano de idade, logo após o avião ter sobrevoado sua residência, na comunidade Vão Grande (Serra do Centro); e um adulto, Sr. Inácio Brandão Lopes, de 40 anos, que não conseguiu escapar do veneno, na mesma região (casos denunciados ao Ministério Público). Com a safra atual, a tendência é aumentar o número de mortes.A maioria desses pequenos produtores está ilhada, desestimulada e impotente para ajudar a conter a devastação da área que sempre proveu sua subsistência. Outros, ainda acreditam que a resistência é possível e necessária. Estes habitam regiões acidentadas, pequenos morros e platôs de rocha, inviáveis para o agronegócio. E clamam por socorro. Pedem auxílio ao Governo, ONGs, sociedade civil em geral e demais responsáveis pelas questões fundiárias e ambientais do País. Por meio deste vídeo-denúncia, o Centro de Trabalho Indigenista (CTI), pequenos produtores, povo indígena Krahô e associações locais querem chamar a atenção da opinião pública e principalmente dos agentes públicos para a urgente necessidade de se colocar essa discussão em pauta.
Eucalipto consome muita água
(informações extraídas de matéria publicada no site ambientebrasil)

Em palestra proferida na conferência paralela realizada em Porto Alegre (RS), ao mesmo tempo em que se desenrolava a Conferência Mundial sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural organizada pela FAO/ONU (7 a 10 de março de 2006), o ex- presidente da Emater-RS, Lino de David, disse que é preciso distinguir entre o plantio de pinus e eucalipto feito em pequena escala pelos agricultores para seu uso no dia-a-dia e a produção em larga escala feita pelas empresas multinacionais para a produção de celulose.
Um dos problemas do reflorestamento é sua grande exigência de água, tanto para o desenvolvimento das florestas de pinus e eucalipto, como para o processo de produção da celulose. Ainda segundo David, na perspectiva mais otimista, esta planta consome por hectare a mesma quantidade da água da chuva que a terra recebe. Pesquisa realizada em 2005 na Argentina mostrou que em áreas de plantio de eucalipto, 53% dos rios e córregos diminuíram de volume e 13% secaram. O ecologista Augusto Ruschi, de saudosa memória (falecido em 1986), já denunciava no documento “Desertos de Florestas” que, no Estado do Espírito Santo, onde há grandes áreas reflorestadas “Se considerarmos que na região dos eucaliptais da Aracruz Celulose e da CVRD ou Flonibra a precipitação anual chega em média a 1.400 mm/ano de chuva (o que não é suficiente para o eucalipto), a diferença necessária de mais de 2.000 mm é retirada do solo e do subsolo, tanto pela função osmótica como pela função de sucção das raízes. Retira até mesmo do lençol freático o restante da água que necessita (...) na Austrália, pátria de mais de 400 espécies de Eucalyptus, só se pode plantar, em cada região, as espécies que nela são nativas”. Como se vê, há uma política ecológica para o primeiro mundo e outra para os países pobres.
Um ponto central para a compreensão do ato contra a Aracruz, diz respeito diretamente ao porquê do estabelecimento de grandes empresas de celulose na região sul da América do Sul. Além dos 260 mil hectares ocupados no Rio Grande do Sul, o Uruguai já apresenta 700 mil hectares de eucalipto plantado; o sul do Chile, 2 milhões de hectares; e a Argentina, 500 mil hectares. David justifica o interesse nessa região com os seguintes dados: nos países frios do Norte (Estados Unidos, Canadá e Escandinávia), maiores produtores de celulose do mundo, o pinus tem um ciclo de corte de 35 anos. Nos citados países do Sul, o eucalipto tem um ciclo de 6 a 7 anos, e existe uma grande “disponibilidade” de terras. Isto significa uma capacidade de produção de matéria-prima cinco vezes maior, portanto um aumento na lucratividade.

sexta-feira, 24 de março de 2006

Brigitte Bardot em defesa das focas (Fonte da Foto: Fondation Brigitte Bardot)

Canadenses se preparam para caça polêmica de 335 mil focas (Fonte: BBCBrasil.com)
Governo aumentou a cota para matança em cinco mil focas este ano
Caçadores e manifestantes estão se encaminhando para o Golfo de St Lawrence, no leste do Canadá, para a caça anual de focas arpa.
A caça controvertida, que vira manchete todos os anos, vai matar a pauladas 335 mil focas neste ano.
Entre os defensores dos direitos dos animais, Brigitte Bardot vai estar na região pela segunda vez. Na primeira visita da atriz ao local da matança das focas, em 1977, a publicidade praticamente acabou com a caça e foi proibida a caça de filhotes pequenos.
Bardot queria encontrar-se com o primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, para protestar contra o que ela chamou de "massacre", mas ele não aceitou.
Trabalho e dinheiro
O governo canadense defende a matança como uma tradição com centenas de anos, que rende $ 16,5 milhões de dólares canadenses (R$ 30,4 milhões) por ano para os caçadores em vendas de carne e peles.
E também como controle populacional das seis milhões de focas arpa que existem no país. O triplo do número que existia em 1970, de acordo com o primeiro-ministro.
A correspondente da BBC no Canadá, Celine Herviewx-Payette, diz que este ano vai ser muito mais difícil para os caçadores e para os defensores de focas, por causa do gelo, que está derretendo mais na costa. Ambos vão ter que usar barcos.
As focas arpa podem ser legalmente caçadas quando perdem a capa branca, por volta das duas semanas de idade.
Ativistas estão pedindo para cadeias de restaurante americanas boicotarem frutos do mar canadenses e vários protestos ao redor do mundo estão sendo planejados.

quarta-feira, 22 de março de 2006


Cubiu (Fonte)
O cubiu (Solanum sessiliflorum) é um fruto bastante nutritivo de sabor e aroma agradáveis. Na Amazônia, o cubiu é usado pelas populações tradicionais como alimento, medicamento e cosmético.
O fruto do cubiu pode ser consumido ao natural, ou principalmete como tira gosto de bebidas, ou processado para sucos, doces, geléias e compotas. Pode ainda ser utilizado em caldeirada de peixe ou como tempero de pratos à base de carne e frango. O cubiu pode também ser utilizado no tratamento da anemia, da pelagra e no controle dos níveis elevados de colesterol, ácido úrico e glicose no sangue. Os índios peruanos Waonrani utilizam as folhas, galhos e raízes das plantas jovens, fervidas e maceradas, para tratar de mordidas de aranhas e cicatrizar ferimentos externos. O suco do cubiu pode ser utilizado para dar brilho aos cabelos.
O cubiu é popularmente conhecido como topiro e tupiro no Perú, cocona na Colômbia, Peru e Venezuela, tomate de índio no Estado de Pernambuco, orinoco apple e peach tomato nos países de língua inglesa. É originário da Amazônia Ocidental, onde foi domesticado pelos Índios pré-colombianos, e ocorre em toda a Amazônia brasileira, peruana, colombiana e venezuelana.

terça-feira, 21 de março de 2006



Desmatamento na Amazônia dá cadeia (Fonte: site Greenpeace Brasil)
O grileiro José Donizetti Pires de Oliveira foi preso na última sexta-feira (17/03) em Santarém, no Pará, acusado pelo desmatamento ilegal de 1.645 hectares de florestas, derrubada e queimada de castanheiras (espécie protegida por lei) na região conhecida como Gleba Pacoval, além de obstrução de ações fiscalizadoras do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e desacato aos funcionários públicos federais. O Ministério Público solicitou sua prisão preventiva, alegando que ele poderia colocar em risco a segurança de testemunhas do processo que tramita na Justiça Federal contra ele. Em seu pedido, o Ministério Público Federal qualifica Oliveira como “delinqüente ambiental compulsivo”, que “trabalha na destruição da Floresta Amazônica qual formiga incansável” (1). Oliveira foi detido na Associação dos Produtores Agrícolas de Santarém (Apas), da qual é presidente.No dia 06 de março, representantes do Sindicato de Trabalhadores Rurais (STR) de Santarém e da Frente de Defesa da Amazônia, e ativistas do Greenpeace protestaram contra o maior desmatamento da região de Santarém nos últimos sete anos. O grupo de 50 pessoas viajou cerca de 5 horas por estradas de terra em precárias condições para chegar à área completamente devastada por Oliveira. Ali, o grupo abriu uma faixa de 2.500 metros quadrados com a mensagem “100% Crime” e plantou mudas de castanheiras. Oliveira reagiu com violência ao protesto pacífico. Imagens do Greenpeace confirmam que a mesma violência que o grileiro utiliza contra a floresta foi usada contra as pessoas que protestavam pacificamente contra o desmatamento ilegal da Amazônia. Ele passou com o carro por cima da faixa várias vezes até destruí-la, quebrou o vidro de uma das caminhonetes e agrediu os manifestantes. Felizmente, ninguém ficou ferido. De acordo com o Ministério Público, “o Estado não pode permitir que um indivíduo, além de ocupar áreas públicas ilegalmente, ainda agrida cidadãos brasileiros que estão gozando do seu direito constitucional de manifestação pacífica, com o nobre propósito de proteger o patrimônio atual e futuro da Nação brasileira.”“A atuação do poder público até o momento deve servir de exemplo para todos os crimes ambientais na Amazônia”, disse Tatiana de Carvalho, campaigner do Greenpeace na Amazônia. “Quem destrói a floresta e ameaça a vida de populações locais deve ser punido com o máximo rigor”.A Gleba Pacoval tem cerca de 400 mil hectares e é coberta por densa floresta tropical úmida, riquíssima em espécies vegetais e animais. A área integra um dos últimos grandes fragmentos florestais desta região do Pará, e está sob grande pressão de fazendeiros, madeireiros e grileiros. O desmatamento anual nos municípios de Belterra e Santarém pulou de 15 mil para 28 mil hectares entre 2002 e 2004 com a chegada da soja (2). Para barrar a destruição da floresta, o Greenpeace propõe a criação de um mosaico de unidades de conservação com cerca de 1,7 milhão de hectares, que incluiria áreas de proteção integral e áreas de uso responsável. Oliveira está preso na Penitenciária de Cucurunã, em Santarém, e deverá depor na próxima sexta-feira (24/03).O crime – No dia 31 de janeiro, Donizetti foi multado em R$ 1.49 milhão por desmatar ilegalmente 995 hectares de floresta. Ele é reincidente no crime: em maio de 2005, fiscais do Ibama constataram desmatamento de 650 hectares no mesmo local. Na época, a área foi embargada, bem como quatro tratores e correntes utilizados para a derrubada das árvores. Segundo o Instituto, “as máquinas tiveram os lacres rompidos e estavam sendo utilizadas para desmatar a nova área, provavelmente para o cultivo de grãos, desrespeitando o embargo. As áreas desmatadas, somadas, representam mais de 1.645 hectares de florestas nativas destruídas”. O empresário também foi multado em R$ 60 mil por “incinerar e desvitalizar 120 metros cúbicos de castanheiras para fins de implantação de projeto agrícola não-licenciado, em desacordo com determinações legais”. A castanheira (Bertholetia excelsa) é a árvore símbolo da Amazônia e espécie protegida por lei. O corte da castanheira está proibido desde 1994, pelo Decreto Federal nº 1282. O fruto desta árvore, que chega a atingir 60 metros de altura – a castanha do Pará ou castanha do Brasil – tem grande importância na alimentação das comunidades tradicionais e forte penetração no mercado nacional e internacional. Segundo o Ibama, Donizetti se recusou a assinar os dois autos de infração.
(1) Processo Administrativo nº 1.23.002.000256/2006-41 do Ministério Público Federal de denúncia com pedido de prisão preventiva contra José Donizetti Pires de Oliveira(2) Relatório do Ibama sobre o desmatamento na região de Belterra e Santarém entre 1999 e 2004.
Campanha Guarani denuncia:
Ministro atende ao Governo do Estado e não demarca Terra Indígena Guarani Morro dos Cavalos
(Fonte)
( Junte-se a nós nessa causa. Apoie aqui !! )
Passados 27 meses do prazo legal para a publicação da portaria do Ministério da Justiça que declara os limites de nossa terra, denominada Morro dos Cavalos, em Santa Catarina, o Ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, devolveu o processo à Funai para esfriar a pressão que vinha sofrendo pela demarcação e continuar atendendo ao governo deste estado e aos ruralistas catarinenses.
Agora, por causa dessa decisão, a Funai terá que nomear outro antropólogo para responder as demandas do Ministro. Esse trabalho poderá demorar até um ano. Enquanto a terra não está demarcada nossa comunidade ocupa cerca de 3 hectares num morro íngrime ao lado da BR 101, uma das rodovias mais perigosas do país. Sem condições de produzir alimentos vivemos de cestas básicas doadas por voluntários e do artesanato.
Segundo informações do diretor de assuntos fundiários da Funai, Artur Nobre Mendes, a atitude de Thomaz Bastos foi baseada em uma decisão anterior do Tribunal de Contas da União, que solicitava ao Departamento Nacional de Infra Estrutura de Transporte (DNIT) novos estudos ambientais e sociais para o projeto de duplicação da BR 101, que corta a terra indígena. No entanto, a decisão do Tribunal, publicado no Diário Oficial da União em 12 de maio de 2005, refere-se somente à questão dos custos da duplicação, e não à terra Guarani. Entendemos que a devolução do relatório foi apenas uma desculpa para se livrar da pressão e ganhar mais tempo, já que se trata de ano eleitoral e uma assinatura poderia desagradar possíveis aliados nas eleições.
Desde que o Governo Federal criou uma Comissão Especial em âmbito estadual, que avalia as demarcações de terras indígenas em Santa Catarina, em setembro de 2004, nenhuma terra foi demarcada no estado. A comissão é composta pelos setores contrários à demarcação da terra indígena, como o governo do estado e representantes do agronegócio.
Nossa terra, que está localizada no município de Palhoça, foi identificada através de um laudo antropológico em 2002. Depois de passar pelo “contraditório”, nos termos do decreto 1775/96, o processo foi encaminhado ao Ministro da Justiça, em 06 de outubro de 2003, para que pudesse verificar a fundamentação do mesmo e decidir sobre a demarcação. Segundo este decreto o Ministro da Justiça tem prazo de 30 dias para decidir, sendo assim, está vencido desde em 06 de novembro 2003.
Devido a acordos feitos com o Governo do Estado, amplamente divulgados em jornais de circulação estadual, o Ministro comprometeu-se a não assinar as portarias que declaram os limites das terras indígenas no estado e criou a Comissão Especial para decidir sobre as demarcações, atitude totalmente inconstitucional e ilegítima, porque a demarcação de uma terra indígena é de competência Federal.
Em agosto de 2005, 22 meses após o vencimento do prazo legal, nossa Comunidade iniciou uma campanha de pressão pela demarcação da terra. Mais de 10 mil cartas, entre cartões postais e e-mails foram enviados ao Ministério da Justiça. Em Dezembro nosso cacique Arthur Benite esteve em Brasília no Ministério da Justiça conversando com o secretário especial do Ministro, que se comprometeu a agilizar o processo. No entanto, para surpresa de todos, o processo foi devolvido a Funai. Nossa comunidade decidiu continuar a campanha de pressão ao Ministro. Palhoça, 16 de Fevereiro de 2006. Comunidade Guarani do Morro dos Cavalos

segunda-feira, 20 de março de 2006

Encontro de Cantadores Timbira
CD AMJËKIN - Música dos Povos Timbira
(Fonte das imagens e informações: CTI - Centro de Trabalho Indigenista)

O CD tem coordenação musical de Kilza Setti e participação de mais de 200 índios das etnias Gavião-Pykopjê, Canela-Ramkokamekra, Canela-Apaniêkra, Apinajé, Krahô e Krikati. O trabalho é um dos resultados do projeto Arquivo Musical Timbira, do Programa Educação e Referência Cultural do CTI. A obra reúne pequenas amostras de cantos rituais como os de Këtwajë (rito de iniciação dos jovens para a idade adulta), Wy’ty (rito de recebimento ou entrega de dignidade ritual), Pepkahyc (segunda etapa do rito de iniciação masculina), Pyrëkahyc (rito da “falsa tora” ou do final do luto), pequenos trechos de cantigas de ninar, de festas, de caçada, entre outros. São pequenos fragmentos sonoros que, além do valor musical, reforçam e consolidam a unidade lingüística e cultural dos Povos Timbira. O CD é a comprovação das afinidades culturais e da forte identidade entre os diversos grupos Timbira.
Por meio de encontros e oficinas, junto aos Povos Indígenas do Maranhão e Tocantins, foram gravadas, in loco, mais de 30 horas de música - disponíveis no Acervo do Projeto - das quais foram selecionadas quase 4 horas, que resultaram no rico repertório desse CD. As gravações foram realizadas durante uma semana, no I Encontro de Cantadores Timbira, realizado em fevereiro de 2004, pelo Centro de Trabalho Indigenista e a Associação Wy’ty Catë dos Povos Timbira do Maranhão e Tocantins, com patrocínio da Petrobras.

Onde adquirir em Brasília:
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cti@trabalhoindigenista.org.br
DJ Ursa - Esta gif foi presente da amiga Diana.
Ritual da fertilidade dos Kaxinawá, um dos mais belos da cultura indígena acreana
(Fonte da imagem:
Página 20)
Povo Kaxinawá

Saúde Indígena: Uma Realidade de Abandono
(16/03/2006, Local: Brasília - DF Fonte:
CIMI - Conselho Indigenista Missionário)
O Conselho Indigenista Missionário vem a público manifestar sua apreensão e preocupação com a realidade de abandono a que as comunidades indígenas estão submetidas, de modo especial no que se refere à política de assistência à saúde. No estado do Tocantins, nos últimos cinco meses, morreram 15 crianças do povo Apinajé, em função de diarréia, vômito, gripe e febre. No Mato Grosso do Sul, morreram dezenas de crianças Guarani-Kaiowá devido à desnutrição. No Pará sete crianças do povo, Munduruku morreram vítimas de infecções intestinais. No Amazonas, as organizações indígenas vêm denunciando de forma sistemática o descaso nos serviços de saúde e o alastramento de doenças infecto-contagiosas. Em Roraima, entre os Yanomami, os índices de malária voltam com intensidade, em função do abandono nas ações preventivas em saúde, especificamente nos serviços para o combate ao mosquito transmissor da doença. No Acre, 10 crianças Kaxinawá, do Alto Juruá, morreram em conseqüência da diarréia. Nos estados do Sudeste e do Sul, foram registrados dezenas de casos de desnutrição em crianças Guarani e Kaingang, com casos de mortes em aldeias que, na sua maioria, encontram-se localizadas em pequenas áreas de terras devastadas pelo processo colonizador. No Mato Grosso, o governo assistiu passivamente a morte de crianças Xavante, da terra indígena Marawatsede. Esta área, já demarcada e homologada, continua fora do domínio do povo Xavante, invadida por fazendeiros da região. No estado do Maranhão, 14 crianças da aldeia Bananal morreram em 2005, e em janeiro de 2006, foram registradas mais seis mortes, as causas foram diarréia e desnutrição. Em Rondônia, a ausência de uma intervenção consistente por parte da Funasa tem causado o alastramento de doenças infecto-contagiosas, a exemplo das hepatite tipos B e C. Ao quadro de mortalidade infantil e do alastramento de doenças, somam-se dezenas de óbitos de adultos por malária, tuberculose e hepatite. Doenças essas que deveriam estar erradicadas em nosso país, mas que pela omissão do Estado e pelo fracasso de suas políticas voltadas para a assistência à saúde, às atividades produtivas e pela paralisia nos processos de demarcação das terras indígenas e falta de proteção destas terras, tornam-se devastadoras. Mesmo nos estados em que os povos indígenas encontram-se articulados e suas organizações têm tido maior controle social sobre a assistência na área de saúde, verifica-se o total sucateamento dos equipamentos médicos e dos veículos que atendem as comunidades. Em diversas localidades, funcionários são obrigados a cruzar os braços devido ao atraso no pagamento de seus salários, a exemplo do que acontece no Distrito Sanitário Yanomami. A situação é de uma gravidade sem precedentes e exige do poder público providências enérgicas e ações contundentes para combater a fome, a desnutrição e as doenças causadas por parasitoses, por mosquitos e a intensificação das endemias e epidemias. Ao contrário disso, assiste-se a omissão e a negligência do órgão responsável pela assistência à saúde indígena, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), entregue a grupos políticos e usada como instrumento de aliança política. A Funasa tem sido morosa na implementação de projetos de saneamento e de construção de postos de saúde nas aldeias em todo o Brasil, bem como na perfuração de poços para assegurar água potável nas comunidades. A falta de água de qualidade nas comunidades indígenas é um desencadeador de doenças que poderiam ser facilmente evitadas. Esta realidade tem, na sua essência, vários fatores: ( Clique aqui para ler a matéria completa )

sábado, 18 de março de 2006

ALERTA! FOGO NAS TORRES (Fonte: site Índios On line)
"Gostaria de dizer a todas pessoas de nosso país e as de fora também que nós índios estamos sendo tratados com muita descriminação. Até a FUNAI (Fundação Nacional do Índio) nos descrimina.
Dois terços de nossas terras estão nas mãos dos fazendeiros e já morreram 19 lideranças por esta causa.
Sou Yranawy, irmã do índio Galdino, aquele que foi queimado vivo em Brasília . Eu peço, pelo amor de Deus, a atenção de todas as pessoas. Nos índios estamos cansados de ver o sangue de nosso povo correr na mão dos fazendeiros. Nós, Pataxó Hã Hã Hãe, pedimos a todas as autoridades que olhem para nós e não deixem nosso povo morrer. Temos muitas crianças e muitos anciãos que também lutam por nossa terra. Esta terra que foi sempre nossa.
Três dias atrás, ao tentar regressar na nossa área de retomada com os anciãos, fomos recebidos à bala por pistoleiros pagos pelos fazendeiros que tomaram conta de nossas terras.
Hoje a nossa comunidade está em retomada de nossas terras e a FUNAI não nos dá apoio. Aparecem políticos que só querem nossos votos mas, não nos ajudam em nada. Nosso povo está muito revoltado com o que a FUNAI está fazendo e por isso estamos unidos lutando e pedindo mas, nada acontece, depassamos todos os limites, precisamos de uma solução urgente, a situação esta terrível, agora nossa única alternativa para ser ouvidos será derrubar duas torres de energia que são do Governo da Bahia e que atravezam pelas nossas terras. Já imploramos as autoridades, mas nada, então agora, se essa torre cair a culpa será da FUNAI pois ela não luta por nós". (Yranawy)
(Fonte da imagem)

Renda de estrelas

A Ursa está sentada na frente da oca, perto da fogueira, enquanto olha as rendas de estrela que caem sobre as águas do Negro. Trazer estrelas para as águas faz parte da natureza. O céu gosta de pescar à noite e, a lua, de fazer rendas. O céu joga a rede de estrelas no rio enquanto a lua faz a renda com elas. E assim passa a noite.
Se a Ursa pudesse trazer para a floresta todas as tribos e todos os tipos de animais, eles poderiam viver em paz, longe da violência e do desrespeito às suas vidas. Aqui na Floresta, os índios teriam suas terras bonitas, e brincariam com os animais entre as árvores. O Rio Negro carregaria as crianças em seu colo nas canoas dos seus risos. E a cada sol, todos dançariam as mãos para a terra e para as frutas das árvores, se alimentando de vida. Agora, a fogueira está quase apagando e a Ursa vai se recolher.

sexta-feira, 17 de março de 2006

Do cesto de histórias da Ursa (criadas na antiga Floresta do outro lado do rio)

Ursa Sentada e a história que fugiu
Puf ! Puf ! Ocês devem estar perguntando por que a Ursa não tem mais contado as histórias que acontecem com ela. A Ursa vai explicá agora. Para contar estas histórias, a índia precisa acender uma fogueira e começar a ver os sinais de fumaça que a fogueira escreve. O homem branco não usa a fumaça. Ele usa uma tinta parecida com a que os índios pintam o corpo. A Ursa precisa primeiro ler na fumaça pra depois passar a história na tinta do homem branco. Por isso demora. A leitura na fogueira pode demorar muito tempo... Demora mais do que todas as baforadas do cachimbo da índia até se ele se apagá. Acontece que a Ursa tava lendo uma história na fumaça e começou a chover. O fogo foi se apagando antes da história terminar e a história se misturou na terra junto com a chuva e foi correndo para o rio. A índia teve de correr atrás dela antes que a história caísse nas águas do Negro. O Negro gosta muito de beber as histórias porque assim ele fica com mais sabedoria. Quanto mais negras as águas, mais sábio o rio. Num vão pensá que o negro do rio da Ursa é sujeira ou aquela coisa chamada "poluição". A cor escura das águas daqui é só sabedoria. Apesar da Ursa saber que tem outros rios da floresta onde o homem branco já jogou poluição. Puf ! Puf ! Esqueci que a história ia ser engolida pelo Negro quando a Ursa conseguiu ler as últimas palavras. Agora ocês vão ter de esperar a Ursa passar os sinais de fumaça para a tinta do homem branco... Puf ! Puf ! A lua já está no alto e a floresta está sumindo e aparecendo nos olhos da Ursa... Boa noite !
“Nosso saber não está nos livros!”
Por Luiz Gomes Lana (Rio Tiquié/ AM, 1992 - Fonte):


"Para nós, os Imiko-masã, “A Gente do Universo”, isto é, os Desana, a humanidade inteira, ou seja tanto os índios quanto os brancos, têm a mesma origem. Quando Pamiri-gasiru, a “Canoa-de-Transformação” chegou em Diá-peragobe wi’í, [Cachoeira de Ipanoré, médio rio Uaupés, região do alto rio Negro] os ancestrais da humanidade, já em forma humana, começaram a sair pelo buraco. O ancestral daqueles que iriam ser os brancos também estava nesta canoa. Ele foi o último a sair. Yebá-gõãmi, o nosso demiurgo, o mandou na direção do sul, dizendo que lá ele poderia fazer a guerra, ele poderia roubar e atacar as pessoas para sobreviver. Para nós, que somos os irmãos maiores dos brancos, ele deu a ordem de ficarmos calmos, vivermos unidos e de maneira pacífica. Mas para o homem branco, ele deu a ordem de ganhar a sua vida pela violência, de fazer a guerra, de matar.
Assim, quando os primeiros brancos chegaram na região, os nossos avôs já sabiam que eles vinham para fazer a guerra, porque Yebá-gõãmi havia dito para o ancestral deles ganhar a sua vida pela violência. Nós, nós somos calmos, nós não fazemos a guerra! Nós vivemos de maneira pacífica. Mas o branco gosta de violência. Ele gosta de fazer a guerra, ele gosta de batalhar, ele gosta de matar, ele gosta de se apropriar das coisas dos outros pela violência. A gente sabe muito bem como ele é violento! Yebá-gõãmi lhe deu uma espingarda como arma. A espingarda é o poder do branco. Yebá-gõãmi lhe disse que ele poderia obter todo o que queria com essa espingarda.
Com o branco, saiu também da Canoa-de-Transformação o missionário. Os dois saíram juntos! É por isso que, quando os nossos avôs viram o branco chegar com a espingarda, eles já sabiam que ele estaria com o missionário. E, de fato, quando o homem branco apareceu aqui, na nossa terra [região do alto rio Negro], ele estava acompanhado do missionário. Nós já sabíamos que o missionário chegaria com o branco porque Yebá-gõãmi o havia dito! Para o missionário, ele deu um livro [a bíblia] para ele poder viver. Por isso, quando os nossos ancestrais viram pela primeira vez o missionário com seu livro, eles já sabiam que esse livro era o poder dele, a sua arma.
Nós sabemos muito bem que o livro [Bíblia] é a arma do missionário. O outro branco possuía como arma uma espingarda. Com essa espingarda ele pratica todo tipo de violência. A gente vê muito bem que Yebá-gõãmi falou a verdade! Ele tinha falado que o homem branco faria sua vida roubando, matando, fazendo a guerra... É isso que nós vemos hoje em dia. Nós vemos o branco entrar na nossa terra à procura de ouro, de cassiterita... Ele entra no nosso território com violência. Ele quer ser o proprietário de todas essas coisas!
Para nós, que somos os irmãos maiores do homem branco, Yebá-gõãmi deu o poder da memória, a faculdade de guardar tudo na memória, os cantos, as danças, as cerimônias, as rezas para curar as doenças... Nós guardamos tudo isso na nossa memória! Nosso saber não está nos livros! Mas ao branco, que foi o último a sair da Canoa-de-Transformação, ele deu o poder da escrita. Com os livros, ele poderia obter tudo o que ele precisaria, ele havia dito. É por isso que o homem branco chegou na nossa terra com a escrita, com os livros. Assim, Yebá-gõãmi havia dito!
Yebá-gõãmi queria também que a humanidade fosse imortal. Ele queria que a humanidade fosse como são hoje em dia as aranhas, as cobras, as centopéias, os camarões. Estes, quando velhos, trocam de pele e voltam a ser jovens. Yebá-gõãmi queria também que a humanidade trocasse de pele, mas ele não conseguiu. Ele havia dado aos ancestrais da humanidade uma cuia de ipadu [Erythroxylum coca var. ipadu] para lamber. Quando eles viram aranhas, escorpiões e outros insetos venenosos na beira da cuia, os ancestrais da humanidade não tiveram coragem de se aproximar. Mas as aranhas, as centopéias, os escorpiões não hesitaram e comeram o ipadu. É por isso que eles trocam de pele quando velhos. É o ipadu que lhes deu o poder de trocar de pele!"
Havia também uma grande bacia de água. Yebá-gõãmi mandou os ancestrais da humanidade tomar banho. O ancestral do branco se precipitou, e se banhou. Se os índios, seus irmãos maiores, tivessem sido os primeiros a tomar banho, a pele do seu corpo teria virado branca, como é a pele do homem branco. Mas quando os índios se decidiram a tomar banho, a bacia virou e eles somente conseguiram molhar a planta dos pés e a palma das mãos. É por isso que nós, os índios, temos a planta dos pés e a palma das mãos brancas! O branco, o nosso irmão menor, tem a pele branca porque ele foi o primeiro a tomar banho na bacia. Foi isso o que os nossos avôs contaram!
Correio da Ursa - A Ursa recebeu este presente da querida amiga Lia.
Ursa testando! Câmbio! Sons de tambores na Floresta.

segunda-feira, 13 de março de 2006

Não deixemos morrer a semente plantada!
(Por favor, divulguem - Fonte: site
Índios on line)
Amigos,
Nós da comunidade Pataxó Hãhãhãe estamos falando um pouco de nossa necessidade, pois estamos enfrentando muitas feras perigosas para defender nosso território queremos dizer que a nossa comunidade esta em retomada e o nosso povo esta passando momento difícil referente à reconquista de nosso território. Queremos dizer que os grileiros estão com bastantes pistoleiros para destruírem a nossa nação, pois o fazendeiro Marcos mandou os seus homens queimarem todas as casas do índio Alcide Francisco filho deixando todos nós assustado principalmente as nossas crianças. Queremos dizer que estamos precisando que alguém nos der algumas contribuições para que possamos enfrentar esta luta, e que os companheiros que nos ajudam seja mais ágil passando todas as informações para a justiça também temos a dizer que precisamos de todos vocês sobre as condições financeiras por que as vezes não temos o café, o açúcar, o leite dos recém-nascidos, o sabão para lavar as roupas suja e outras coisas mais, que todos vocês sabem que sempre existe a politicagem para destruí-lo um povo que acredita na luta.Citamos que as vezes precisamos de veiculo para transporta-lo alguém doente para o hospital e nós não temos o canhambar (dinheiro) para locar um veiculo, pois os carros da FUNAI são poucos e não supre as nossa necessidade. A sociedade sempre diz que existe um dia especial para nós índios, mas todo o dia é dia de índio e nós temos a dizer que o nosso dia especial é quando os políticos entregar as nossas terras para que possamos ter mesa cheia, saúde e uma educação de qualidade. Sabemos que todos nós estamos juntos sofrendo em mais uma batalha em nossas vidas. Mas devemos ser fortes e continuar nos escorçando e lutando unidos, olhando sempre em frente, atentos para não deixarmos passar nenhuma boa oportunidade na vida. Espero e tenho certeza que nós somos bons contribuintes para formá-los em bons cidadões indígenas e do mundo.Que como nossas próprias decisões e atitudes possam contribuir para transformar o mundo para melhor. Os nossos sonhos é que devemos torná-los em ideais e oportunidades as idéias em grandes projetos os planos em realizações com a atitude corajosas, a coragem em luta e perseverança recompensa e a vitória. Para ser o maior vencedor precisa de grandes decisões de homens e mulheres que não duvidam de suas próprias capacidades e que não tem medo de arriscar. Se queremos ir longe, precisamos de muitos conhecimentos e da ajuda de Deus. E que chega um ponto que temos de nos separar uns dos outros e o nosso sucesso ou derrota só depende de cada um de nós. Não deixemos morrer a semente plantada, nunca deve desistir daquilo que acreditamos e queremos. Eu acredito e confio em Deus e nos amigos hoje e sempre, um abraço carinhoso e amigo da índia MAYA PATAXÓ. POSTO INDIGENA CARAMURU - 09/03/2006.
A espécie mais comum de morcego vampiro é o Desmodus rotundus (foto : Enrico Bernard - Fonte: Revista Ciência Hoje )

Morcegos vampiros atacam aldeia indígena no norte do Amapá

(Local: Macapá - AP Fonte: Folha do Amapá - publicada no site: Amazônia.org.br )
O deputado federal Davi Alcolumbre (PFL/AP) solicitou à Fundação Nacional do Índio (Funai) e à Fundação Nacional de Saúde (Funasa) maior atenção à aldeia indígena Aramirã, localizada no norte do Estado do Amapá, que nos últimos meses vem sofrendo ataques dos morcegos-vampiros. A inquietação do parlamentar se deu quando os morcegos hematófagos – que se alimentam de sangue – passaram a atacar os componentes da tribo, principalmente crianças e idosos. No total, cerca de 10 casos foram registrados em 2006. “Esses ataques devem ser controlados, pois além de em alguns casos serem fatais podem transmitir a doença da raiva (doença que ataca o sistema nervoso). “A situação merece urgente ação do Governo Federal”, disse Alcolumbre.
Como se defender – O controle da raiva se dá basicamente com a vacinação periódica dos animais de estimação a partir de 3 meses de idade e depois anualmente; além do controle dos transmissores como os morcegos, neste caso uma ação governamental. Mas, caso seja detectada a presença de animais suspeitos deve-se: procurar iluminar áreas externas nas residências; colocar telas nos vãos, janelas e buracos e fechar ou vedar porões, pisos falsos e cômodos pouco utilizados que permitam o alojamento de colônias.

domingo, 12 de março de 2006

Cacique Nambikwara (Foto por: Tatiana Cardeal )
Mulheres Nambikwara dançando em seu ritual de adolescência (Nambikwara women dancing their "teenage-girl's ritual" - Foto por: Tatiana Cardeal )
Professor Joaquim Mana Kaxinawá

Livro Shenipabu Miyui

(informações extraídas de matéria de Vássia Vanessa da Silveira - Fonte)

"(...) Só agora nos últimos anos é que estamos com os direitos de ter uma comunicação através da escrita na nossa língua própria. Sendo um processo novo para os índios e para os assessores, encontramos várias interrogações no ar. Como se fôssemos andorinhas voando para pegar as moscas de sua alimentação numa tarde de temporal de chuva. Mas o túnel do futuro mostra que somos capazes de realizar os sonhos que sempre tivemos como povos diferentes, valorizados dentro de nós mesmos e espiritualmente."


O texto acima é do professor Joaquim Mana Kaxinawá, que faz parte da Organização dos Professores Indígenas do Acre e é o organizador do Shenipabu Miyui- História dos Antigos, livro reeditado pela UFMG e incluído na lista de leituras obrigatórias do vestibular.
Shenipabu Miyui reúne 12 mitos Kaxinawá e foi um dos primeiros livros de história organizado pelos índios que fazem parte do projeto Uma Experiência de Autoria, da Comissão Pró-Índio (CPI). "Siã fez uma viagem ao Purus, até os Kaxinawá do Peru, gravando os mitos, as histórias contadas por todos os Kaxinawá", lembra o professor Mana. Da viagem de Siã à conclusão do livro, em 1995, foram gastos sete anos de pesquisa. A demora se justifica na dificuldade que os índios tiveram para representar, graficamente, a língua falada. "Alguns fonemas da nossa língua não existiam e precisamos da ajuda de uma lingüista para representar os cinco fonemas que usamos", explica Mana. Ele lembra que quando foi levado para dentro da escola o primeiro livro escrito por índios, a reação das crianças misturava alegria e espanto. "Elas já conheciam a história mas não sabiam quem tinha escrito. Iam escutando e, às vezes, falavam: meu pai fala que esse trecho fala isso...", diz Mana reconhecendo que há diferenças entre a linguagem oral para a escrita.
Com o projeto da CPI - que nasceu de uma reivindicação das próprias comunidades indígenas do estado - outros livros, além do Shenipabu Miyui, foram e continuam sendo escritos. São livros de história, geografia e cartilhas que ajudam na formação de crianças e adultos nas aldeias do Acre. São 17 anos de projeto e 135 professores, de diferentes etnias, formados. Desses, 40 fazem parte de Uma Experiência de Autoria. "Antes, a pressão era essa: tinha que trabalhar com a Língua Portuguesa. Com esse projeto, a gente está invertendo", comemora o professor Mana.
O livro Shenipabu Miyui é bilíngue e está sendo vendido nas principais livrarias de Belo Horizonte. Em Rio Branco ele pode ser comprado por R$ 30 no Kupixawa, ao lado da Biblioteca Pública do Estado. Toda a arrecadação das vendas será revertida para a Organização dos Professores Indígenas do Acre que vai investir em pesquisas e na produção de novos materiais didáticos para as escolas indígenas.
Calendário Natural (Fonte)
Professores do Xingu criaram calendários que ligam os meses à agricultura e aos fenômenos naturais. Janeiro é tempo de colher o milho. Os rios sobem em fevereiro.
A preparação para a roçada dá-se em março. Abril traz a floração de orquídeas. Maio é bom para pescar e em junho há mais coco. Em julho, brinca-se nas praias. A roça é plantada em agosto e a mandioca, em setembro. O pequi amadurece em outubro. As plantas brotam em novembro e as melancias, em dezembro.

sábado, 11 de março de 2006

O bolo chegou!! Quem trouxe este lindo bolo foi a minha amiga Daia, que hoje também comemora o aniversário da mãe dela no seu blog irmão da Floresta, em defesa da natureza. A Ursa admira o amor que ela tem pelo Espírito Santo. Beijos floridos para você, Daia! E felicidades para sua querida mãe.
Capa de livro do escritor Daniel Munduruku (Fonte)

E a festa continua!
A Ursa recebeu mais uma linda homenagem de aniversário. A querida Janaína, a moça que ama os livros, fez um tópico de aniversário para a Ursa no Alfarrábio. Beijos floridos para você, Janaína! Muito obrigada pelo carinho!
A querida amiga Renata (Taia), fada dos blogs, com sua varinha mágica, preparou uma festa de aniversário no Pura Magia para a Ursa. Estão todos convidados. Beijos carinhosos para você, Renata! Adorei a surpresa!


Aniversário na Floresta!!
Este desenho lindo foi presente do meu querido amigo Jôka para o aniversário da Ursa. Amei o desenho e a super homenagem que ganhei no Avenida!!
Logo, este novo desenho irá fazer parte da galeria da Floresta. Beijos emocionados da Ursa para você, Jôka !! Hoje é dia de festa!!
Curiosidade: O irmão mais novo da ursa nasceu no mesmo dia, dois anos depois. Então, hoje tem aniversário duplo na família ursa.

sexta-feira, 10 de março de 2006

Detalhe de ornamentação (Fonte da imagem)


Lideranças Cocama denunciam Empresa Amazonense de Dendê e cobram indenização por danos ambientais (Fonte: site CIMI)
Três lideranças do povo Cocama, Cristóvão Cordeiro Alves, Pedro Carvalho dos Santos e Sebastião Lima da Silva, da aldeia Nova Esperança, da Terra Indígena Barreira da Missão de Baixo, no município de Tefé, Amazonas, reunidos com a Coordenação da Coiab em Manaus, solicitaram que a organização cobre do Governador do Estado, Eduardo Braga, o cumprimento de compromissos assumidos com a comunidade indígena pela estatal Empresa Amazonense de Dendê (Emade), que no início da década de 1990, explorou os recursos naturais da região e saiu da área com a promessa de indenizar os indígenas pelos impactos sócio-ambientais criados.
“Nossos recursos foram explorados à exaustão, o contato com o homem branco nos prejudicou, o futuro das próximas gerações de Cocama já está gravemente comprometido e tudo que recebemos foram apenas mentiras”, diz o Tuxaua Pedro Carvalho dos Santos.
“O sentimento que nós temos é de revolta para aquilo que nosso povo considera uma grande falta de respeito, uma deslavada enganação”, completa o Tuxaua Cristóvão Cordeiro Alves.
Em efeito, a Emade, além de depositar o valor líquido de R$ 16.000,00 (dezesseis mil reais) na conta corrente da Associação da Comunidade Indígena, prometeu, entre outras medidas de indenização, construir na aldeia uma escola em alvenaria com 5 salas, secretaria, cozinha, banheiros e refeitório; um posto de saúde de 13 metros quadrados; um poço artesiano; um flutuante; e proporcionar motores de popa, rabetas, tratores, canoas de alumínio e rede telefônica. Na prática nada disso aconteceu. Os problemas, no entanto, ficaram: as áreas próximas à aldeia foram devastadas, a destruição da cobertura vegetal próxima à orla do rio acelerou a queda de barrancos, um processo de erosão que não existia antes.
O Coordenador Geral da Coiab, Jecinaldo Barbosa Cabral / Saterê Mawé, comprometeu-se a requerer do Governador Eduardo Braga as providências cabíveis, e, se for o caso, levar a denúncia ao Ministério Público Federal. Manaus, 8 de março de 2006.

quinta-feira, 9 de março de 2006

Pescadores da comunidade ribeirinha sentem as conseqüências da poluição no Rio Guandu

Abastecimento de água do RJ comprometido por poluição
Hoje, o jornal Rede TV News deu uma notícia sobre a poluição das águas do Rio Guandu. Este alerta já havia sido dado em 13/07/2005 pelo jornal RJTV. Apesar do alerta ter sido feito há quase oito meses, o problema continua até hoje.

Guandu sofre com a poluição
(Fonte: site do
RJTV - trechos de matéria publicada em 13/07/2005)

Pescadores da comunidade ribeirinha sentem as conseqüências da poluição no Rio Guandu
Um valão a céu aberto atravessa o município de Queimados. Mas, segundo o gesseiro José Carlos Silva e o líder comunitário Luiz Gonzaga, o valão, na verdade, é o Rio Abel. “Fazia muitas coisas legais, como pescar. Eu lembro que aprendi a nadar nesse rio”, comenta José Carlos Silva. “O Rio Abel era navegável. Não era só a piscicultura. Através do Rio Abel, se transportava madeira. Esse valão infecto foi navegável até os anos 50”, aponta Luiz Gonzaga.
O Rio Abel recebe o esgoto de milhares de casas que não possuem rede coletora. Em alguns trechos, nem mesmo as enxurradas conseguiram levar todo o lixo despejado no local. Tudo o que os afluentes - e o próprio Rio Guandu - recebem vai parar no mesmo lugar: em uma lagoa artificial, criada pela Cedae, em Seropédica. É nesse local em que a companhia faz a captação de água para o abastecimento de mais de 9 milhões de pessoas. Segundo a empresa, a lagoa recebe cerca de 4 bilhões de litros de esgoto todos os dias - o que, de acordo com especialistas, pode comprometer a qualidade da água que chega às residências. “Eu considero que essa lagoa do Guandu é uma bomba-relógio. Ela precisa ser desativada. Em época de chuva, as vazões mais altas desses rios podem carrear esses poluentes, incluindo metais pesados que têm no fundo dessa lagoa. Isso pode colocar em risco o abastecimento. É muito importante que as autoridades responsáveis se conscientizem de que um dos investimentos prioritários para proteger o abastecimento de água do Rio de Janeiro é proteger e despoluir o Rio Queimados, o Rio dos Poços e o Rio Ipiranga, para você poder dar sustentabilidade no abastecimento de água no Rio de Janeiro”, explica Adacti Attibu, engenheiro sanitarista da Uerj.
O IBGE divulgou que, na Baixada Fluminense, 60% da população, em média, convive com o esgoto ao lado das casas. Em Duque de Caxias, o índice é um pouco menor: 43,6%. Em Nova Iguaçu, chega a 48,6%, mas isso quer dizer que mais de 400 habitantes não possuem coleta de esgoto. Em Queimados, o problema atinge a 65% dos habitantes. Em Japeri, a rede coletora não atende a 72,5% da população. Em Seropédica, está o pior índice: 88,7% dos moradores convivem com o esgoto a céu aberto.
Mesmo onde há coleta, não quer dizer que o problema esteja resolvido. Na Baixada, apenas 1% do esgoto é tratado nos municípios antes de cair no Guandu. “Não há duvida de que nós temos que tratar o esgoto até por questões econômicas. É mais barato tratar o esgoto e coletar o lixo da rua do que coletar o lixo dentro do rio. é mais barato tratar o esgoto do que tratar as doenças decorrentes do contato da população com o esgoto”, aponta Paulo Canedo, professor e pesquisador da Coppe/UFRJ. O excesso de poluição faz com que o Rio Guandu receba uma cota extra de água do Rio Paraíba do Sul. É uma medida de emergência, que evita um corte no abastecimento das cidades. Mesmo assim, a Cedae gasta por ano R$ 40 milhões em produtos químicos pra limpar a água. Só que, além do esgoto e do lixo doméstico, os ambientalistas alertam para um outro tipo de poluente: o que vem das empresas. Em Queimados, o distrito industrial do município fica ao lado dos dois mais importantes afluentes do Guandu. Os rios Poços e Queimados se encontram a pouco mais de 50 metros dali. De barco, a equipe do RJTV navegou até o ponto de junção das águas e encontrou um contraste impressionante. O Rio Poços é negro e de cheiro forte. Forma um canal de poluição que agride e se mistura lentamente ao Rio Queimados. Análises da Feema e de universidades, encomendadas pelo Comitê para Proteção da Bacia do Guandu, já teriam comprovado a existência de resíduos industriais. “São, basicamente metais pesados, e também uma presença muito grande de óleos e de tinta dentro do Rio dos Poços. Nós estamos querendo que sejam feitas, através do Comitê do Guandu, auditorias ambientais em todas as empresas da região. Isso está previsto em uma lei do estado do Rio de Janeiro, mas infelizmente nenhuma empresa, ao longo do Rio Guandu e da Baía de Sepetiba, tem auditoria ambiental”, afirma Sérgio Ricardo, representante do Comitê Proteção da Bacia Guandu. Os efeitos da poluição da água são denunciados pelos moradores da região. “Há o problema da saúde, principalmente em crianças e idosos. Os postos de saúde estão lotados de gente”, aponta o líder comunitário Luiz Gonzaga.
Na lagoa artificial em Seropédica, os reflexos já foram percebidos pela comunidade ribeirinha. Quem depende da pesca reclama que muitos tipos de peixe desapareceram. “Agora tem mais tilápia. Antigamente tinha cará e todo o tipo de peixe, mas agora só tilápia mesmo. Ela está sobrevivendo. À noite, ainda pego outros tipos de peixe, mas é muito raro. Dizem que a tilápia come a ova do peixe, mas ela também come a lama e sujeira. Acho que ela é a que mais sobrevive por isso”, comenta um jovem pescador.
Fiscalização e multas Um dos órgãos responsáveis pela fiscalização dos detritos despejados no Rio Guandu é a Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (Serla).

quarta-feira, 8 de março de 2006

Rio Madeira (Fonte da imagem: site Rio Madeira VIVO)

Mobilização contra hidrelétricas no Rio Madeira
(Fonte: Adital - Agência de Informação Frei Tito para a América Latina notícia publicada no site Amazônia.org.br)
Adital - O lançamento de uma cartilha com os impactos sócio-ambientais previstos com a construção das usinas hidrelétricas Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, deu início a uma mobilização contra esse projeto. O presidente da organização ambientalista Rio Terra, Alexis Bastos, disse que a cartilha Viva o Rio Madeira Vivo é o começo de uma campanha popular de mobilização contra essas obras. O texto de 22 páginas será apresentado no Fórum de Debates sobre Energia de Rondônia (Foren) em Porto Velho. "Aqui no Estado só o lado bom do empreendimento está sendo apresentado às pessoas, pela Furnas, pela mídia e pelo governo", disse. O organizador do texto, Artur Moret, doutor em Planejamento Energético e professor da Universidade Federal de Rondônia (Unir), disse que é preciso mostrar o que está por trás da construção dessas usinas, que modelo de integração da Amazônia é esse, que não inclui as pessoas e só se preocupa com o capital. Foram feitas 5 mil cópias da cartilha, que serão distribuídas gratuitamente em escolas, faculdades, organizações não-governamentais (ONGs), movimentos sociais e veículos de comunicação. O texto é voltado para formadores de opinião e difícil para quem não tem hábito de leitura. Mas os organizadores da cartilha já estão trabalhando em uma outra cartilha, mais ilustrada e com linguagem mais simples. Além da perda do patrimônio histórico, outros problemas que o empreendimento trará ao estado, apontadas pela cartilha, são o reassentamento de 2 mil ribeirinhos, que terão suas casas alagadas, enfrentarão dificuldades em conseguir indenização (porque não possuem documento da terra) e perderão sua fonte de renda (a pesca); o inchamento populacional de Porto Velho; o assoreamento do rio Madeira, nos trechos anteriores às barragens; as alterações ambientais nocivas aos animais e plantas protegidos pelas estações ecológicas de Moji Canava e Serra Dois Irmãos, que ficam na área de influência das usinas. A capacidade de geração das novas hidrelétricas será de 6,45 mil megawatts, mais da metade da energia produzida pela usina hidrelétrica de Itaipu (a maior do Brasil, com potencial de gerar 11,20 mil megawatts) e 20 vezes o atual consumo total de energia em Rondônia. A construção das duas barragens faz parte da viabilização da hidrovia do rio Madeira, que vai permitir o transporte da soja do Centro-Oeste pelo Oceano Pacífico, passando pela Bolívia e pelo Peru. As obras devem demorar de oito a 10 anos - e só serão iniciadas após a obtenção da licença ambiental prévia, seguida da concorrência pública para sua execução (por meio dos chamados leilões de energia). O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ainda analisa o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) elaborado pelas Furnas Centrais Elétricas e pela construtora Odebrecht. A audiência pública em Rondônia está prevista para abril. O site www.riomadeiravivo.org traz informações e ações da campanha Rio Madeira Vivo. Fazem parte do fórum o Grupo de Pesquisa em Energia Renovável e Sustentável da Unir, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a ong ambientalista Kanindé, a rede Grupo de Trabalho Amazônico (Rede GTA), a Organização dos Seringueiros de Rondônia (OSR), a ONG Rio Terra e o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

terça-feira, 7 de março de 2006

Fonte da imagem: Galeria Marubo do site CTI - Centro de trabalho Indigenista
Maloca do José Rufino (Fonte: Associação Marubo de São Sebastião - site Marubo do Médio Curuçá)

Três elementos parecem marcar a maloca Marubo como uma unidade social: cada qual tem seu "dono" (aquele que promoveu sua construção), seu trocano (instrumento de percussão constituído de um tronco de madeira com uma cavidade retangular profunda) e faz seus convites para refeições e ritos. (Fonte: Enciclopédia dos Povos Indígenas no Brasil - site ISA)
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Trocano (fonte: site de Rosane Volpatto)
Instrumento de comunicação entre tribos. Consiste em uma tora leve e sonora, de 2 a 3 metros de comprimento e 1,5 de largura. Nela encontramos escavados círculos com dez centímetros de diâmetro, interligados por estreitas fendas. Ela é colocada em um buraco e fica suspensa entre quatro paus presos à tiras de cipó que lhe permitem um movimento para cima ou para baixo. A percussão se processa através de bastões envoltos em tiras de couro. De acordo com o local que se golpeia e sua variação de quantidade é possível produzir mensagens, que são ouvidas até uma distância de 10 Km.

segunda-feira, 6 de março de 2006

Greenpeace protesta contra maior desmatamento dos últimos anos na região de Santarém (Leia mais acessando este link do Greenpeace)
Numa remota área da floresta, a 120 km de Santarém, no Pará, moradores de comunidades da região e o Greenpeace protestaram hoje contra o desmatamento da Amazônia impulsionado pela soja. O grupo de 50 pessoas viajou cerca de 5 horas por estradas de terra em precárias condições para chegar a uma área de 1.650 hectares totalmente devastada, conhecida como Gleba Pacoval. Ali, o grupo abriu uma faixa de 2.500 metros quadrados com a mensagem “100% Crime” e plantou mudas de castanheiras. De acordo com o Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis), este é o maior desmatamento da região nos últimos sete anos.

domingo, 5 de março de 2006



Alfredo Katukina apronta-se para a extração do veneno, amarra o sapo, raspa a secreção com uma ripa e a deixa cristalizar na palheta de madeira (Fotos por: Ernesto de Souza - Fonte: O Guia Rio Branco)

Índios denunciam uso ilegal de secreção do sapo kambô
(em 28/02/2006 - Fonte:
Radiobrás - Patrícia Landim e Paula Catarina, da Agência Brasil e da Rádio Nacional da Amazônia)
Brasília – A sabedoria dos povos indígenas do Acre tem sido usada por falsos terapeutas para atrair interessados em curas milagrosas. O alerta é dos próprios índios. Em entrevista à Rádio Nacional da Amazônia , líderes da comunidade Yawanawa denunciaram o uso indevido de uma substância retirada da barriga da rã Phyllomedusa bicolor, conhecida popularmente como vacina do sapo kambô.O índio Joaquim Luiz explicou que a secreção é, para os povos indígenas do Acre (Yawanawa, Katukina e Kaxinawa), uma espécie de vacina que protege contra as doenças, as energias negativas, além de rejuvenescer as energias de uma pessoa. No entanto, o material é utilizado com os cuidados próprios de uma cerimônia milenar."A gente está ouvindo muito falar que, no Sul do país, as pessoas usam a vacina sem respeito, visando o lucro com a venda do leite do sapo pela Internet e aplicação do mesmo sem nenhum tipo de preparo e nenhuma permissão dos povos indígenas, com risco até de morte", alertou Joaquim Luiz.De acordo com ele, as comunidades indígenas estão envolvidas em um projeto com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para proibir o uso do sapo kambô até que haja uma lei que proteja o conhecimento dos índios. Há dois anos, Anvisa já havia determinado a suspensão de toda propaganda da vacina veiculada nos meios de comunicação. A venda é considerada crime ambiental.
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A Ciência do Sapo Kambô (informações extraídas do site O Guia Rio Branco)

(José Augusto Bezerra - Fotos acima de: Ernesto de Souza )
Os katukina, povo indígena do grupo lingüístico pano, uma das várias etnias que habitam o Vale do Juruá, considerada a região de maior biodiversidade do mundo, eles se sentem lesados pela apropriação do kambo (pronuncia-se kambô), nome pelo qual identificam o sapo Phyllomedusa bicolor, o veneno expelido pelo animal e o ritual de uso da substância, patenteada por empresas farmacêuticas norte-americanas, israelenses e italianas, entre outras. Verde, com manchas circulares nas laterais, a espécie ocorre em todos os países amazônicos, especialmente na região fronteiriça do Brasil com o Peru - os kaxinawá e os yamanawá o chamam de kampú; os ashaninkas, de grupo lingüístico diferente, de wapapatsi.
José Augusto Bezerra Fotos: Ernesto de Souza
A finalidade básica do kambo é "tirar a panema". Ou seja, atrair a caça e as mulheres. Os katukina usam-no também como antídoto em caso de picada de cobra, medicamento para males diversos, fortificante e purgatório. Embora difícil de achar (confunde-se com as folhas), pode ser encontrado nas proximidades dos igarapés, quando canta anunciando chuva. Os índios geralmente os "colhem" ao amanhecer. Extremamente venenosos, não reagem à captura. Nem se mexem, como se não tivessem predadores. Aparentemente, são intragáveis - as cobras, espécimes quase sempre cegos, que se orientam pelo calor das presas, os cospem, desesperadas, quando os abocanham. A técnica de extração do veneno é tão antiga quanto simples. Amarra-se o bicho pelos pés, em forma de "X" e cospe-se nele três a quatro vezes, para irritá-lo. "Só assim solta o veneno", justifica Alfredo Jaqueira que, segundo se diz na reserva de Rio Campinas, em Cruzeiro do Sul, AC, onde mora, herdou do pai o entendimento das coisas, raízes, plantas, bichos e gente. Liberada a secreção, basta raspá-la com um pedaço de pau. A secreção (parece espuma) cristaliza-se rapidamente, podendo ser utilizada a qualquer hora. Entre os katukina, o ritual é cumprido em jejum. "Tem que beber ao menos dois litros d'água ou suco", adverte o velho Antônio Jaqueira - o propósito é provocar vômito, para limpar o organismo. Duas reações opostas caracterizam o kambo: a primeira, o sofrimento experimentado imediatamente após a aplicação; a segunda, o bem-estar ao final da vomitação. A pessoa se sente leve, tranqüila, cheia de energia.

A "vacina do sapo" virou tratamento alternativo em Rio Branco e outras cidades da Amazônia. Popularizou-se, abrindo espaço à fraude e à atuação de falsos curandeiros.

sábado, 4 de março de 2006


Chuva de goiabas!
No verão, são comuns os temporais de fim de tarde. Mas aqui no quintal-floresta da Ursa, a chuva é diferente e não pára. A goiabeira resolveu se vingar do calorão e, diariamente, chove goiaba no quintal. Isso ocorre durante 24 horas. Nunca vi cair tanta goiaba de uma árvore! E o pior é que são goiabas brancas e elas já caem machucadas ou apodrecidas, devido ao efeito mortal do calor exagerado.
É preciso cuidado ao passar pelo quintal para não levar uma goiaba-cometa na cabeça.
A Ursa não gosta muito de goiaba, principalmente, da branca. Goiaba boa é a vermelha, mas só se for num doce em calda, numa goiabada ou em suco.
Fora isso, o cheiro é muito forte, enjoativo, e toda hora é preciso juntar os restos mortais da revolta da goiabeira para não se afogar numa inundação frutífera.
Agora, é preciso esperar a goiabeira se acalmar para ela poder oferecer, novamente, apenas a sua sombra refrescante no quintal.