quinta-feira, 6 de outubro de 2005


A RAPOSA E O CABORÉ*
(História contada por Ivan Pankararú durante o IV módulo do Curso de Formação de Professores Indígenas de Minas Gerais - Parque Estadual do Rio Doce, janeiro de 2002 - Fonte: site Bay Universidade Indígena)
* Caboré é um pássaro semelhante à coruja, mas de tamanho menor, 17 cm

Certo dia o caboré saiu a passeio pela floresta. Quando de repente ouviu soluços de choros. Quando olhou para cima era a sabiá que chorava pelos seus filhos. Curioso, perguntou-lhe:
– Por que choras, sabiá?
– Choro porque D. Raposa disse que se eu não jogar um filhote meu para ela, ela sobe aqui e come todos.
O caboré falou:
– Deixa de ser boba, sabiá! Onde já se viu raposa subir em árvore?
A sabiá ficou feliz com a notícia. Não demorou, chega a raposa e diz:
– Bom dia, D. Sabiá! Vá jogando um filhote, senão eu subo aí e como tudo.
A sabiá então respondeu:
– Eu nunca ouvi dizer que raposa sobe em pau.
A raposa falou:
– Ficou esperta, hein? Quem lhe contou isso?
– Foi o caboré.
Então a raposa pensou: “esse caboré intrometido atrapalhou o meu almoço, mas ele me paga!” e saiu à procura do caboré. Chegando perto de um lago, avistou o caboré bebendo água e estava todo molhado.
Aí a raposa pensou: “ele está todo molhado e não pode voar. É agora!”. E deu um pulo e pegou o caboré.
A raposa então falou:
– É, seu caboré, você está me devendo um almoço.
O caboré respondeu:
– Por que?
– Porque você avisou a D. Sabiá que eu não subo em árvore.
O caboré então começou a pensar como sair dessa, e ganhar tempo. Falou:
– Escuta, D. Raposa! É mentira! Então vamos perguntar a ela?
A raposa concordou e foram até onde estava a sabiá. Chegando lá, o caboré que já estava enxuto, falou:
– Fala assim, D. Raposa! É esse aqui o fuxiqueiro, D. Sabiá?
A raposa, quando foi abrindo a boca, o caboré levantou vôo e disse:
– Mais uma vez enganada, sua boba! Onde se viu falar de boca cheia?
E a raposa tenta pegar o caboré até hoje.

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