sábado, 10 de dezembro de 2005

Um animador jovem trabalhando. Foto cortesia de Wilson Lazaretti

Uma Aventura em Desenho Animado nos limites da Floresta Amazônica
(informações extraídas de texto de Wilson Lazaretti, publicado, em 1998, no site Animation World Magazine - AWM )

Começamos nossa experiência em animaçâo em 1975 na cidade de Campinas, Estado de São Paulo, Brasil. Começamos com um curso de desenho animado para crianças e que posteriormente se transformou num centro para a didática do cinema de animaçâo destinado principalmente às crianças. Consideramo-nos animadores de campo, nâo de prancheta, e o nosso grande laboratório para pesquisas é o Brasil.
Entrando na Amazônia
Foi em 1991 que realizamos o primeiro curso de animaçâo com crianças índígenas em São Gabriel da Cachoeira, no estado da Amazônia. Foi a nossa oficina mais importante, conquistando medalha de ouro no 35th. Annual Broadcasting Awards, em Nova lorque, Estados Unidos. Era como se estivessemos ensinando em um outro país. O comportamento das crianças é diferente, e a relação delas com os adultos também. Os adultos consideram as crianças o futuro da tribo, e as crianças sentem e reconhecem essa importancia. Neste curso participaram 35 crianças de 20 etnias diferentes, com idades entre 9 a 12 anos. As crianças falam no mínimo 3 linguas: a lingua mãe, nnheengatu (uma lingua geral entre tribos) e o Português. Estes detalhes foram considerados de grande importançia para o desenvolvimento do curso.

Nossos filmes
Talvez a nossa oficina de desenho animado mais exótica tenha sido aquela realizada no Parque Nacional do Xingu em julho de 1995. Eu, o animador Mauricio Squarisi e o músico Ney Carrasco trabalhamos diretamente com índios, adolescentes e adultos. Fomos convidados pela escola Paulista de Medicina, que há 30 anos vem desenvolvendo na regiâo do parque cursos especiais de medicina branca para os índios, principalmente para cuidar das doenças levadas pelos brancos. É importante dizer que os médicos deste projeto federal tem plena consciência de seus deveres e respeitam muito a sábia medicina indigena.

O desenho animado Kamenâ trata justamente da relaçâo entre as medicinas branca e indígena, contando uma história que vai desde antes da chegada dos brancos até os dias de hoje, ou seja: a tribo convivendo em harmonia, o conflito com os brancos e posteriormente a convivência pacifica entre ambos.O filme é de suma importância para os índios pois atualmente ele é mostrado em todas as aldeias do Parque Nacional do Xingu, tornando-se no principal assunto de uma discussâo sobre as portas de entrada de qualquer doença que possa ser levada para os índios.

2 comentários:

Matilda Penna disse...

Esse desenho animado Kamenâ, que trata da relaçâo entre as medicinas branca e indígena deve ser muito interessante, coisas assim deviam passar nas televisões para todos verem, seria bem melhor que esses progamas de fofocas que colocam toda tarde, ao menos uma tarde por semana poderia ter coisas assim.
Beijos, :).

Angela Ursa disse...

Amiga nanbiquara, eu também acho que a cultura indígena devia fazer parte da programação da TV. Beijos da Ursa!