Eucalipto consome muita água
(informações extraídas de matéria publicada no site ambientebrasil)
Em palestra proferida na conferência paralela realizada em Porto Alegre (RS), ao mesmo tempo em que se desenrolava a Conferência Mundial sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural organizada pela FAO/ONU (7 a 10 de março de 2006), o ex- presidente da Emater-RS, Lino de David, disse que é preciso distinguir entre o plantio de pinus e eucalipto feito em pequena escala pelos agricultores para seu uso no dia-a-dia e a produção em larga escala feita pelas empresas multinacionais para a produção de celulose.
Um dos problemas do reflorestamento é sua grande exigência de água, tanto para o desenvolvimento das florestas de pinus e eucalipto, como para o processo de produção da celulose. Ainda segundo David, na perspectiva mais otimista, esta planta consome por hectare a mesma quantidade da água da chuva que a terra recebe. Pesquisa realizada em 2005 na Argentina mostrou que em áreas de plantio de eucalipto, 53% dos rios e córregos diminuíram de volume e 13% secaram. O ecologista Augusto Ruschi, de saudosa memória (falecido em 1986), já denunciava no documento “Desertos de Florestas” que, no Estado do Espírito Santo, onde há grandes áreas reflorestadas “Se considerarmos que na região dos eucaliptais da Aracruz Celulose e da CVRD ou Flonibra a precipitação anual chega em média a 1.400 mm/ano de chuva (o que não é suficiente para o eucalipto), a diferença necessária de mais de 2.000 mm é retirada do solo e do subsolo, tanto pela função osmótica como pela função de sucção das raízes. Retira até mesmo do lençol freático o restante da água que necessita (...) na Austrália, pátria de mais de 400 espécies de Eucalyptus, só se pode plantar, em cada região, as espécies que nela são nativas”. Como se vê, há uma política ecológica para o primeiro mundo e outra para os países pobres.
Um ponto central para a compreensão do ato contra a Aracruz, diz respeito diretamente ao porquê do estabelecimento de grandes empresas de celulose na região sul da América do Sul. Além dos 260 mil hectares ocupados no Rio Grande do Sul, o Uruguai já apresenta 700 mil hectares de eucalipto plantado; o sul do Chile, 2 milhões de hectares; e a Argentina, 500 mil hectares. David justifica o interesse nessa região com os seguintes dados: nos países frios do Norte (Estados Unidos, Canadá e Escandinávia), maiores produtores de celulose do mundo, o pinus tem um ciclo de corte de 35 anos. Nos citados países do Sul, o eucalipto tem um ciclo de 6 a 7 anos, e existe uma grande “disponibilidade” de terras. Isto significa uma capacidade de produção de matéria-prima cinco vezes maior, portanto um aumento na lucratividade.
sábado, 25 de março de 2006
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4 comentários:
Oi, amiga.
O assunto Aracruz Celulose é um assunto que acompanho sempre. A empresa está preparando uma armadilha para os agricultores capixabas: faz campanha para ampliar o que chama de Programa Produtor Florestal. A campanha, em desenvolvimento na mídia, tem como objetivo expandir o plantio de eucalipto em pelo menos 70 mil hectares - hoje são cerca de 300 mil - para abastecer uma nova fábrica, a quarta da empresa no ES. Na avaliação de um dos coordenadores do Movimento de Pequenos Agricultores - MPA no Estado, Valmir Noventa, um dos principais objetivos da Aracruz Celulose com sua mídia, paga ou não, é abafar os crimes ambientais e sociais que pratica. O eucalipto também afeta a vida dos índios: a empresa tomou cerca de 40 mil hectares das terras indígenas capixabas, das quais o governo reconhece 18.070 hectares como dos índios e ainda falta demarcação oficial. Recentemente a empresa tomou 11.009 hectares dessa área quer manter em seu poder. E até agora nada ficou resolvido.
Beijos. :)
Daia, obrigada pelas informações! A gente precisa mesmo ficar atenta ao que está por trás desses tipos de programa. Como diz o ditado: de boas intenções, o inferno está cheio. Beijos da Ursa
Ursa: vc sempre fazendo o seu máximo pela Natureza!
Vc é demais!!!
Beijos bem urbanos.
Angela, acho até que já tinha comentado isso contigo aqui no teu blog. A Suécia é coberta "de fio a pavio" de floresta de uma espécie semelhante ao pinheiro, originário da Finlândia. Essas florestas são aliás reflorestamento. Floresta nativa aqui já praticamente não existe mais. Pois onde há esses florestas, também exploradas pela indústria de celulose, não ha biodiversidade. Só o que cresce embaixo dessas árvores é musgo e cogumelo. Verdadeiros desertos de florestas, como escrito no texto.
Abraço
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