quinta-feira, 15 de junho de 2006

Índios homenageiam mortos - tribos do Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso, fazem homenagem aos mortos, através do Kuarup (Fonte da imagem)

Um índio morto a cada 60 dias na Amazônia
(notícia publicada no site Amazonia.org.br )
(Local: Belém - PA - Fonte: O Liberal )

Igreja católica - Acusa o governo federal de negligenciar demarcação de terras e saúde das tribos

Sete índios assassinados, de seis etnias diferentes, três conflitos de terra, três ameaças de morte e quatro casos de estupro a crianças e adolescentes, bem como casos de racismo e de negligência à saúde. Esses são os principais crimes contra os povos indígenas do Pará e Amapá, entre 2003 e 2005, cujos motivos estão vinculados à cobiça das terras por fazendeiros, grileiros e madeireiros. A denúncia está no relatório 'A Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil', produzido pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) - Regional Norte II, que reuniu jornalistas e ativistas do movimento social, ontem pela manhã, na sede da regional Norte II da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para divulgar o documento, cujas cópias foram enviadas ao Ministério da Justiça e à Fundação Nacional do Índio (Funai), com pedido de providências urgentes.
Quarenta missionários do Cimi elaboraram o documento a partir de depoimentos coletados em aldeias de 27 etnias nos dois estados. Eles ouviram as próprias vítimas, membros das comunidades atingidas, organizações indígenas; e cotejaram matérias publicadas nos jornais e nos registros policiais. O relatório trata de quatro grandes grupos de violências contra os índios, provenientes de conflitos e direitos territoriais, contra indígenas, provocadas por omissões do Poder Público e contra povos isolados e de pouco contato.
Os sete assassinatos registrados ocorreram entre 2003 a 2004. Os autores são brancos. Dos três conflitos de terra, dois ocorreram na aldeia Baú, em Novo Progresso, e um em Caluaia, Altamira, na região do Xingu, sudoeste do Pará. O relatório atribui os conflitos na aldeia Baú à 'atitude irresponsável do governo federal', acusado de suspender a demarcação das terras indígenas e dar posse de 300 mil hectares que pertencem aos índios a fazendeiros da região. 'Isso é resultado da atual política indígena do governo Lula, que tem compromisso apenas com as elites, desprezando os índios', acusa Claudemir Monteiro, coordenador regional do Cimi.
Os três casos de ameaça de morte também foram registrados entre 2003 e 2004, contra índios Tembé e Amanaê, que vivem no nordeste paraense. Os quatro casos de estupros envolveram crianças e adolescentes Mundurucu, em Itaituba e Jacareacanga, na região oeste do Pará.

Racismo
O exemplo mais notório de racismo, ressaltado no relatório, é o do ex-presidente da Câmara Federal Severino Cavalcante (PPB), que renunciou ao mandato para fugir à cassação por causa de seu envolvimento na cobrança de propina para a exploração do serviço de restaurantes na Câmara, em Brasília. Ao visitar o Pará em maio do ano passado, Severino chamou os índios de preguiçosos e gananciosos, ecoando a acusação preconceituosa de grileiros contra as nações indígenas, por causa da demarcação de suas terras. 'Também é grande o número de políticos do interior do Pará e do Amapá que utilizam a luta contra os interesses dos indígenas para conseguir votos durante as eleições, mesmo sabendo que essas terras já foram demarcadas e homologadas pelo governo federal', destacou Claudemir Monteiro.
Ameaças de morte, de seqüestro e tentativas de invasões já se incorporaram à rotina de várias tribos indígenas, constata o relatório. 'Há mais de 40 anos lutamos para chamar a atenção do Poder Público e da sociedade sobre a situação em que vivemos, mas até hoje ninguém olhou por nós', denunciou o índio Piná Tembé, que vive em uma aldeia de Santa Luzia, na região Guajarina. Os Tembé têm naquela região 279 mil hectares de terras demarcadas, mas o território deles está invadido por grileiros, agricultores e até plantadores de maconha.
Os casos mais graves, porém, envolvem os 60 grupos de povos isolados, principalmente na região do alto Xingu, bem como 18 etnias do Amapá. O isolamento os deixa ainda mais vulneráveis aos ataques de posseiros, grileiros e fazendeiros.
O descaso da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) com o atendimento médico às comunidades indígenas é apontado como responsável pela morte de nove de crianças Mundurucu em Jacareacanga, no ano passado.
O arcebispo metropolitano de Belém, Dom Orani João Tempesta, informou que o relatório do Cimi objetiva reduzir a violência contra os indígenas no Brasil. 'A população precisa tomar consciência da importância do índio e cobrar providências do governo para acabar com esta situação. E a igreja sempre estará presente nas ações em favor dos povos indígenas, fazendo denúncias e ajudando a proporcionar a eles saúde e educação. No ano que vem o tema da Campanha da Fraternidade será a Amazônia, quando vamos tratar de diversas questões como a biodiversidade, a água, os problemas fundiários, assim como a violência e o preconceito contra os índios', advertiu.

6 comentários:

Jôka P. disse...

Essa floresta sempre levantando questões importantes e oportunas.
Parabéns, Dona URSA !
Bjs!
:)

Tom disse...

Ursa! Saudades de você!

Beijos e um ótimo fim de semana!

Tom

Angela Ursa disse...

Jôka, obrigada pelo carinho e pelo apoio! Beijos floridos da Ursa :))

Tom, um ótimo final de semana para você também! Beijos da Ursa :))

Matilda Penna disse...

Linda a foto e sempre é bom denunciar esses abusos, essas questões.
Beijos, :).

Jonas Prochownik disse...

O seu blog fala de fraternidade, ecologia, respeito as diferenças e a biodiversidade.
Parabéns pela qualidade dessa sua importante divulgação.
Estou encantada.
Kristal

Angela Ursa disse...

Nanbiquara, a persistência é a última que morre ;)) Beijos!

Kristal, seja sempre bem-vinda à floresta! Obrigada pelas suas palavras! Beijo da Ursa :))