sábado, 8 de julho de 2006

As duas flautas escuras nas pontas, foram construídas pelos índios Tukano, um dos povos que vivem na região do rio Uaupés - noroeste do Amazonas - e cuja história tem forte presença do Jurupari.

O Jurupari
(Trechos de artigo publicado no Boletim Iandé)
O Jurupari é um personagem que aparece em inúmeras lendas amazônicas. Em algumas histórias é retratado como um herói que trouxe ordem ao mundo, em outras aparece como um temível demônio. Às vezes chamado de "filho do Sol", outras vezes de "filho do Trovão". O fato é que Jurupari está presente na mitologia de diversos povos indígenas, notadamente os que vivem na região de fronteira entre Brasil e Colômbia.

As flautas sagradas de Jurupari

Jurupari carregava consigo uma bolsa que lhe foi entregue pelo próprio Sol. De dentro da bolsa, Jurupari retirava pedras que eram pintadas com as sombras do céu, e que mostravam tudo o que acontecia pelo mundo. Nessas pedras, Jurupari também podia ver o futuro.
Em uma dessas pedras, Jurupari viu a morte de Ualri. Ele se transportou até a palmeira passiua que havia nascido do corpo de seu enviado. Uma música saía da palmeira quando o vento assoprava. Jurupari pediu às aves que cortassem as folhas da árvore, e usando a mandíbula de um peixe serrou a palmeira, que na verdade eram os ossos de Ualri.
Daquela palmeira, Jurupari construiu um conjunto de flautas sagradas para que fossem utilizadas nos rituais a partir dali. Cada uma das flautas foi batizada com um nome da língua dos diversos povos que viviam no local. E cada flauta possuia um significado. A seguir estão algumas da flautas construídas por Jurupari:
- O instrumento principal tinha a altura de Jurupari e foi chamado Ualri, cuja história já foi contada.
- A flauta Tintabri (nome de uma ave, em uaupés) tinha o tamanho de um braço. Sua história é a de uma mulher muito bonita mas que era tão vaidosa que foi transformada nessa ave pelo chefe de sua aldeia.
- A flauta Mocino (grilo, no idioma arapazo) tinha o tamanho da coxa de Jurupari. Ela representa a sombra de um homem-mulher que, por não querer amar ninguém viveu sempre escondido cantando apenas de noite. Foi transformado em grilo pela própria mãe da noite.
- A flauta Arandi (arara na língua pira-tapuia) tinha o tamanho de dois braços. Representa uma mulher bonita, mas que não gostava de homens. Foi transformada em arara.
- A flauta Piron (águia, no dialeto Jurupixuna) tinha a largura de três mãos. Representa o pajé, que ganhou da águia as pedras em que via tudo pela imaginação.
- A flauta Titi (paca, na língua Baniwa) do tamanho da medida dos joelhos à cabeça. Representa uma velha que vivia roubando e foi transformada em paca por um esquilo.
- A flauta Canaroarro (saúva, na língua manau) do tamanho da medida dos ombros até o umbigo. Representa um velho que viu em sonho a fome comendo a Terra, e que passou a vida acumulando provisões dentro de casa para quando viesse a fome. Foi transformado em formiga pelo tatu.

13 comentários:

Jonas Prochownik disse...

Angela, vim ler as novidades da floresta, ouvir o canto enebriante do Uirapurú, ver essas imagens lindas e lhe desejar uma boa noite.
Beijos da
Kristal

Daia disse...

Oi, amiga.
Estive desaparecida, mas nunca ausente.
Os galhos da samaumeira cobriam o mundo, escurecendo tudo. As coisas estão normalizando. Ainda tenho alguns resultados de exames complementares, mas espero que tudo esteja bem. Estou colocando a leitura em dia aos poucos, pelo Bloglines. Gostei muito de ver reproduzida a casaca: é muito usada no ES, principalmente no congo.
Bjs.

Angela Ursa disse...

Kristal, obrigada pela visita! Beijos e um ótimo domingo! :))

Daia, seja bem-vinda! Boa sorte nos exames! Beijos :))

Anônimo disse...

Oi Ursa, li que se chama Angela. Gigi agradece pelas flores! Já tinha estado aqui no seu blog e que bom que redescobri o caminho.
Bjs,
PP

Angela Ursa disse...

Pedro Paulo, seja sempre bem-vindo à floresta da Ursa! Muito sucesso para você sempre! Beijos! :))

Lia Noronha disse...

Ursa: sua floresta esta recebendo até atistas globais...a Natureza está mesmo em alta!
Beijo grande e boa noite de Domingo pra vc minha boa amiga.

Angela Ursa disse...

Lia, foi através do Jôka que eu fui no blog do Pedro Paulo, o tio Gigi. Ele fez um tópico em homenagem às vedetes da novela e ao Gigi, que cantou no espetáculo. Beijos da Ursa! :))

Anônimo disse...

Angela,
Também admiro muito o seu trabalho por aqui. Queria trocar umas idéias, pode me passar o seu e-mail?
Beijos

Janaina disse...

Cada vez que eu venho aqui eu gosto mais...
Beijos.

Saramar disse...

Ursa, boa tarde.

Que história maravilhosa! Estou até pensando em tentar escrever um poema sobre ela. Simplesmente linda!
Obrigada.

Beijos e uma ótima semana para você.

Saramar disse...

Ursa voltei para indicar a você este belo post e o blog também.
Sei que irá gostar.
http://trilhaseterras.blogspot.com/2006/07/brasil-brasileiros.html

Matilda Penna disse...

Lindas as flautas e a história As flautas sagradas de Jurupari, como sempre, gosto muito do que encntro aqui, me encanta mesmo.
Beijos, :).

Angela Ursa disse...

Marco, seja sempre bem-vindo! Já enviei e-mail para você. Beijos da Ursa! :))

Janaína, a Ursa e a Floresta agradecem as suas palavras. Beijos floridos!

Saramar, depois quero ver o poema! Obrigada pela dica do blog! Vou visitar já. Beijos :))

Nanbiquara, obrigada pelo carinho! Beijos da Ursa :))