terça-feira, 4 de julho de 2006

O Xavante Dutsã mostra como os padrinhos fazem a perfuração da orelha. Foto: Guto Pascoal

O Daporewau Xavante
Um outro exemplo da resistência da cultura, respeito às tradições e aos ensinamentos dos mais velhos acontece entre os Xavante, que vivem no estado do Mato Grosso. A cultura desse povo é marcada pela coletividade e a falta de individualismo. A principal marca de identidade Xavante é o uso de pedaços de madeira atravessados nos lóbulos das orelhas dos homens.
Esse adorno é conhecido na língua xavante como Daporewau (a pronúncia pronúncia é dapo-revaú). Hoje a população é de cerca de 12 mil pessoas que vivem em 150 aldeias e todos os Xavante do sexo masculino usam o adorno, porque os meninos só podem começar a namorar e casar depois de passar pelo ritual. As preparações para o ritual duram três meses.
A perfuração dos lóbulos dos meninos no ritual de passagem para a idade adulta é feita por um padrinho, geralmente uma pessoa mais velha com experiência nessa prática. O Xavante Dutsã Tserenhíõmo, 19 anos, explica as técnicas e os cuidados usados na perfuração, segundo a tradição. "O padrinho atravessa a orelha com o osso da canela de onça parda e depois coloca o osso na boca e engole o sangue, que não pode cair na terra senão pode trazer infecções", diz Dutsã.
O cacique Tseretsu, 62 anos, é o líder da aldeia Abelhinha e é avô de Dutsã. Segundo o costume, como homem mais velho ele é o responsável por ensinar os cantos, as danças, o artesanato e as técnicas da construção das casas para os mais jovens, além de contar a mitologia do povo.

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