quinta-feira, 10 de agosto de 2006

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Xavante de Marãiwatsede
(Fonte: Lista de literatura Indígena)

Dia 10 de agosto, os Xavante de Marãiwatsede completam dois anos que retomaram as suas terras tradicionais. Infelizmente, eles não podem comemorar, pois o clima continua bastante tenso e os seus invasores aumentam cada dia mais. Após anos de luta o Cacique Damião Paridzané, mesmo estando dentro de sua Terra Indígena Marãiwatsede, que está homologada, ainda não conseguiu o seu território sagrado de volta. Atualmente, os indígenas ocupam apenas uma parte pequena da terra indígena, isso dificulta bastante o modo tradicional de vida daquele povo.

A língua Xavante pertence à família lingüística Jê do tronco Macro-Jê e é falada pelo povo de mesmo nome, que vive em várias aldeias localizadas em 8 reservas indígenas, no estado de Mato Grosso. As primeiras referências ao povo Xavante encontradas na literatura datam de 1788 e os localizavam a leste do Araguaia, a 50º de longitude e 15º de latitude. No século XVIII os Xavante localizavam-se desde o sul do Maranhão até o centro de Goiás. No século XX eles foram encontrados não mais em Goiás, mas a oeste do Rio Araguaia, em Mato Grosso.

O contato definitivo deste povo com os não índios foi estabelecido na década de 60, principalmente por padres salesianos e, desde então, os Xavante têm estado submetidos a uma forte política de aculturação e dominação por parte da sociedade envolvente, seja através da ação missionária, seja pela ação de fazendeiros, grileiros, madeireiros e outros, que visam à exploração econômica das terras indígenas.

Marãiwatsede é um território Xavánte, cuja população foi transferida contra sua vontade, há cerca de 40 anos, pelos funcionários do Serviço de Proteção aos Índios (SPI), com a colaboração da Força Aérea Brasileira (FAB), para a Missão Salesiana São Marcos, localizada a mais de 400 km de Marãiwatsede. Os Xavantes de Marãiwatsede, descontentes com essa medida, resolveram retornar à terra de origem, tendo primeiramente mudado para a Reserva de Pimentel Barbosa, mais próxima de Marãiwatsede, e, mais recentemente, tendo acampado à beira da BR 158, nas proximidades do seu antigo território, onde ficaram até conseguirem, na justiça, o direito de reocupar a sua terra tradicional.
Em 10 de agosto de 2004, finalmente os Xavante de Marãiwatsede puderam retomar sua terra, concretizando o direito reivindicado, agora reconhecido pela justiça brasileira.