sexta-feira, 7 de outubro de 2005

Petygua
Um relato: Artefatos Guarani (fonte: site Índios Guarani)
Sete horas da manhã, Aldeia Araponga, Guarani Nhande-iva Tambeopé, município de Paraty, Rio de Janeiro. o sol se apresenta no céu. Aparece sobre a grande silhueta negra de montanhas, que graças a ele mudam e monstram suas tonalidades. Tanta vegetação saturada de beleza! A familía Nhande - iva Tambeopé se levanta e, como de costume, eles ocupam o espaço privilegiado debaixo do teto de palma sem paredes de barro, onde recebem o sol nascente. Outra luz invade o cenário natural que a lua levava horas pintando de prata. Dentro da cozinha, outros parentes conversam em língua guarani enquanto uma das mulheres reacende a fogueira para preparar o "chipá", pão de milho, ou "mbojapé", pão frito de cada dia.
O sol se derrama sobre a fértil montanha.Baixo a ramada e dentro da cozinha, a família retoma o trabalho aprendido desde sempre, expressão manual da sua cultura. Cada adulto é um artesão e os mais novos ainda aprendem. Brincam com os materiais, às vezes inovam, imitam, tentam recriar os símbolos, para que floresça a aldeia. As crianças também aprendem o que seus avôs entenderam há mais de umas décadas : que o contato com o "mundo branco" é inevitável. melhor é propiciá-lo de uma boa maneira.Viver à sorte das flutuações do mercado é coisa de brancos, mas já precisam de produtos e serviços na aldeia.Trançado e talha em madeira são trabalhos e expressões do guarani que hoje também comercializa. Questão de um trabalho milenar, adaptado às condições de nossa era. "Cinco palmeiras sustentam a terra." Uma ocupa o centro, as outras se encontram nos quatro pontos cardeais: karai: este, tupan: leste, ventos favoráveis: norte, tempo original: sul. Trata se de palmeiras de "pindó", às que se pode subir pois carecem de espinhas.O "pindó" é de grande importância para os Guarani: da madeira se talham os arcos, com as palmas se cobrem as casas, de suas fibras se fazem as cordas dos arcos, o palmito se consome.Estas palmeiras são azuis, "ovy". São ditas azuis todas as coisas e todos os seres não mortais, que moram no domínio celeste do divino"
O sol se derrama sobre a fértil montanha.Baixo a ramada e dentro da cozinha, a família retoma o trabalho aprendido desde sempre, expressão manual da sua cultura. Cada adulto é um artesão e os mais novos ainda aprendem. Brincam com os materiais, às vezes inovam, imitam, tentam recriar os símbolos, para que floresça a aldeia. As crianças também aprendem o que seus avôs entenderam há mais de umas décadas : que o contato com o "mundo branco" é inevitável. melhor é propiciá-lo de uma boa maneira.Viver à sorte das flutuações do mercado é coisa de brancos, mas já precisam de produtos e serviços na aldeia.Trançado e talha em madeira são trabalhos e expressões do guarani que hoje também comercializa. Questão de um trabalho milenar, adaptado às condições de nossa era. "Cinco palmeiras sustentam a terra." Uma ocupa o centro, as outras se encontram nos quatro pontos cardeais: karai: este, tupan: leste, ventos favoráveis: norte, tempo original: sul. Trata se de palmeiras de "pindó", às que se pode subir pois carecem de espinhas.O "pindó" é de grande importância para os Guarani: da madeira se talham os arcos, com as palmas se cobrem as casas, de suas fibras se fazem as cordas dos arcos, o palmito se consome.Estas palmeiras são azuis, "ovy". São ditas azuis todas as coisas e todos os seres não mortais, que moram no domínio celeste do divino"
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Petygua
MATERIAIS:
1) Madeira de nó de pinho talhada. Tubo de taquara para aspirar a fumaça. Cachimbo de uso comum.
2) Cerâmica com decoração incisa e tubo de taquara. Cachimbo utilizado nas rezas.
Mulheres e homens utilizam o " petyguá" . Na aldeia de Araponga, se reúnem a qualquer hora do dia debaixo da ramada ou dentro da cozinha para fumar tabaco do mesmo cachimbo, entre várias pessoas. Trata-se de uma atividade comunitária igual ao do costume de beber erva mate do chimarão.O tipo de tabaco que fumam atualmente não é tão importante, comprado muitas vezes nas lojas de abastecimento, como o fato que seja fumado no cachimbo "petyguá" objeto de uso cotidiano, e tamém ritual. O fumo é o estado realmente importante do tabaco. Durante a s rezas, o "petyguá" feito de cerâmica é essencial para curar doenças ao soprar o fumo sobre o paciente. Antes de tocar, cantar e dançar, dentro da casa de reza, os instrumentos recebem também um banho de fumo do pajé. De igual maneira, ele dirige fumo sobre os cultivos para propiciar uma futura boa coleta.Os meninos da aldeia observam com curiosidade e imitam os gestos dos adultos que fumam do "petyguá" e cospem sempre depois sobre o chão . Desde curta idade são ensinados a fumar, contolados pelos maiores, já que se trata de um costume com um papel importante dentro da cultura, como medicina tradicional, como elemento ritual religioso e como elemento socializante ao ser compartilhado."A bruma é companheira da chama, assim como fumo do cachimbo é companheiro do tabaco consumido. A bruma "jakaira" junta dentro de si a substância divina do humano, as belas palavras. A bruma dos pajés e dos profetas (o fumo dos seus cachimbos), lhes permite o acesso á bruma original, lhes permite escutar os deuses falar." (clastres, 1974)
Autora do Catálogo: Liliana González Rojas

6 comentários:

Jôka P. disse...

Quando eu estou aqui, eu vivo este momento lindo.
Olhando pra você e as mesmas emoções sentindo.
São tantas já vividas são momentos que eu não me esqueci.
Detalhes de uma vida.
Estórias que eu contei aqui.
Amigos eu ganhei, saudades eu senti partindo.
E as vezes eu errei. Você me ver chorar, sorrindo.
Sei tudo que o amor é capaz de me dar.
Eu sei já sofri, mas não deixo de amar.

Se chorei ou se sorri ...
o importante é que emoções eu vivi.


Roberto Carlos e Erasmo Carlos

Bjs,
JÔKA P.
:)

Angela Ursa disse...

Jôka, a Ursa gostou de ver você cantar aqui na floresta! O uirapuru ficou enlouquecido com a melodia. Beijos musicais da Ursa ;))

Anônimo disse...

Angela , passeando pela Net cheguei até o seu espaço mágico e o achei maravilhoso . Estarei sempre aqui e saiba que você tem o meu carinho e admiração.

Angela Ursa disse...

Olá, 111x6, que nick diferente! :))
Muito obrigada pelas palavras gentis e pela sua visita. Volte sempre! Abraços florestais da Ursa

Palpiteira disse...

Morei numa cidade do Paraná que se chama Arapongas. É uma cidade acolhedora, hospitaleira e eu gostava de lá.
Beijo. Bom fim de semana.
Onde vc tá que choveu granizo? No Rio?

Angela Ursa disse...

Oi, amiga palpiteira! Não conheço Arapongas. Do Paraná, só visitei mesmo Curitiba e passei rapidamente por Londrina.
Eu sou carioca, mas desde 1998 que estou morando no interior de SP, em Botucatu (nome tupi que significa Bons Ares). A cidade fica a quase 1000 metros de altitude e tem muito vento. Mas chuva de granizo é raro por aqui, já faz muitos anos que não tinha.
Beijos!