sábado, 8 de outubro de 2005


Seca nos rios isola um terço das cidades da Amazônia
(Publicidade KÁTIA BRASIL da Agência Folha, em Manaus)
Um terço dos municípios do Amazonas está ameaçado de isolamento devido à seca nos rios da região. São 21 cidades, dos 62 municípios do Estado. Caapiranga, a oeste de Manaus, já está totalmente isolada. Chega-se à cidade apenas por meio de helicópteros.Nesta sexta-feira, a Defesa Civil notificou o Ministério da Integração Nacional sobre a escassez de alimentos em Anori, Atalaia do Norte, Caapiranga e Manaquiri --as prefeituras das cidades decretaram calamidade publica."Essas cidades serão as primeiras a receber medicamentos e alimentos de um plano emergencial do governo do Amazonas", disse o tenente-coronel Roberto Rocha, coordenador da Defesa Civil.Por conta da pouco navegabilidade, a Capitania Fluvial da Amazônica Ocidental proibiu a navegação no rio Madeira no período noturno, no trecho que vai da cidade de Porto Velho (RO) a Humaitá (AM). "O comandante de barco que desrespeitar a determinação será multado", disse o capitão-de-mar-e-guerra Edlander Santos.
Meteorologia
Segundo o pesquisador do Cptec/Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Carlos Nobre, a região centro e oeste da Amazônia está enfrentando uma "estiagem atípica", cuja causa ainda está em estudo.Em 1997 uma estiagem severa na região foi relacionada ao fenômeno El Niño (aquecimento das águas do Pacífico), que neste ano não está ativo. "Existe uma especulação dos cientistas de que pode estar contribuindo para essa seca atual na Amazônia o aquecimento das águas do Atlântico tropical norte, que estão mais quentes do que a média, mas é preciso estudar para provar", afirmou Nobre.Já o meteorologista do Sipam (Sistema de Proteção da Amazônia), Everaldo Souza, disse que o déficit de chuvas nos Estados do Amazonas, Acre e no norte de Rondônia, acentuado nos últimos cinco meses, pode estar relacionado "à persistência do aquecimento das águas do Atlântico"."O fenômeno provocou furacões no Atlântico norte, formação de ciclones e frentes frias que se formaram ou se deslocaram pelo Atlântico sul e que atingiram o sul do Brasil." Em conseqüência, observou-se "um ramo de ar descendente compensatório inibindo chuvas sobre a região amazônica".O Serviço Geológico do Brasil, ligado ao Ministério de Minas e Energia, está concentrando os dados da seca nos rios. Ontem o engenheiro hidrólogo Daniel Oliveira classificou a vazante do rio Negro como a mais forte da década de 2000.O nível desceu de 27,76 m (média de cheia) para 16,04 m. No rio Solimões, o nível desceu de 12,30 m para 40 cm. No rio Madeira, que tem média de nível para navegação de 12,95 m, anteontem o nível mínimo chegou a 1,83 m.Por telefone, a secretária da Saúde de Anamã (161 km de Manaus), Maria Lúcia Compto, disse que 40 comunidades, nas quais vivem 4.500 dos 7.000 habitantes do município, estão isoladas depois que secou o paraná Anamã, que desemboca no rio Solimões."Temos poucos medicamentos no hospital para enviar a essas comunidades. Nem todas têm poço artesiano, já há escassez de água", disse.
Caapiranga
Em Caapiranga (222 km a oeste de Manaus), o secretário da Educação, Afonso Martins, suspendeu as aulas de 27 (2.100 alunos) das 50 escolas do município. Disse que elas só retornarão no ano que vem, porque as escolas estão sem acesso por via fluvial. Com 9.500 habitantes, 68% da população vive na zona rural área --a mais afetada pela estiagem. A cidade enfrenta racionamento de energia, e a prefeitura está construindo poços artesianos para abrir fontes de água nas comunidades.O prefeito Antônio José Marques (PMDB-AM) disse que a cidade está isolada porque a via fluvial, através do lago de Caapiranga, que está seco, não é mais navegável. Ele aguarda o apoio da Defesa Civil Estadual para as próximas 48 horas. "Esse apoio tem que vir por via aéreo porque não temos acesso nenhum, estamos isolados."

Manaquiri
O prefeito de Manaquiri, Jair Aguiar Souto (PL), disse que as aulas nos distritos foram suspensas porque os alunos não conseguem chegar às escolas. As crianças têm que andar até 13 km pelas margens do rio seco, em um percurso que antes feito por barcos.As embarcações que atendem 43 escolas pararam de fazer as viagens. As escolas que continuam funcionando ficam na sede do município e abrigam 2.500 alunos. A rede escolar municipal tem 5.300 alunos.Segundo Souto, falta água potável e medicamento. A prefeitura disponibilizou R$ 30 mil para compras emergenciais, mas espera ajuda do governo do Amazonas.

3 comentários:

Jôka P. disse...

Seca no Rrio não é boa notícia...
:(
Que Tupã proteja a floresta !!!

Sou o amigo 2.290 !!!
:)
JÔKA P.

Anônimo disse...

Linda a onça correndo, apaixonei!
Beijos, :).

Angela Ursa disse...

Querido Jôka, a Ursa está realmente preocupada com essa terrível seca na Amazônia exatamente por causa da floresta, dos índios e dos animais. Beijos!

Amiga nanbiquara, se quiser pode levar a oncinha para você ;)) Beijo!