terça-feira, 9 de maio de 2006

Xingu - O dia começa logo cedo e, depois do primeiro banho de rio, a comunidade inicia suas atividades. Mesmo sem rotina fixa, o trabalho é organizado de forma coletiva. Aos homens estão reservadas tarefas manuais como o corte da madeira e a amarração da casca de imbira, que dará sustentação à oca. (Fonte: site Rota Brasil Oeste)

Lideranças indígenas se reúnem para discutir a hidrelétrica Paranatinga II -
(Local: Cuiabá - MT, trechos de matéria publicada no site: 24 Horas News )

Mato Grosso, Parque do Xingu. No fim da tarde, dois aviões pequenos aterrissam na pista de pouso do Posto Indígena Leonardo Villas-Bôas. Eles levam representantes da Funai para participarem de uma reunião com lideranças de diversas aldeias do Baixo, Médio e Alto Xingu. Na pauta, assuntos como aumento do orçamento da Administração Regional, convênio da Associação da Terra Indígena Xingu (Atix) com a Funai para a fiscalização da área, pedido de criação de uma nova administração regional em Sinop-MT, ecoturismo, entre outros. Mas o centro das atenções dos índios foi mesmo a construção da hidrelétrica Paranatinga II, uma usina de pequeno porte, com 29 mil kw de potência, que deve afetar as terras indígenas Parque do Xingu e Parabubure (Xavante).
O empreendimento fica no município de Campinópolis, a cerca de 100 km do Parque do Xingu e a 30 km de Parabubure. Apesar de estar fora da terra indígena, os índios preocupam-se com os impactos ambientais que a hidrelétrica pode gerar para a comunidade. “Eles (empreendedores) dizem que a hidrelétrica não vai poluir o rio, mas os motores só funcionam com lubrificante. Então, pode não poluir agora, mas certamente vai prejudicar os nossos netos e bisnetos”, diz Pirakumã Yawalapiti, liderança do Alto Xingu.
Assim como Pirakumã, todas as outras lideranças da área posicionaram-se contra a construção da Paranatinga II e chamaram a atenção para a necessidade de pensar nas gerações futuras. “Nós estamos contando com o apoio da Funai para sabermos como vamos resolver essa situação. Se hoje, na época da seca, já temos problema com o fluxo da água e com a quantidade de peixes, imagine lá na frente”, alerta Aritana, também da etnia Yawalapiti e cacique reconhecido pelas 15 etnias do Parque do Xingu. A maior preocupação dos índios e da Funai é com relação à preservação dos rios que passam pelas áreas indígenas. Esses rios são fonte da base alimentar dos índios - os peixes – e estão abalados por usinas hidrelétricas e atividades agropecuárias, que usam muitos produtos químicos.

Ainda no ano passado, o juiz federal de Cuiabá Julier Sebastião da Silva concedeu uma liminar suspendendo a construção da hidrelétrica, mas o Tribunal Regional da 2ª Região derrubou-a. Assim, a empreendedora Paranatinga Energia S/A retomou os trabalhos na barragem.
“Embora o juiz tenha decidido paralisar a obra, essa briga ainda não acabou. A empreendedora vai recorrer e nós precisamos estar preparados. Por isso é tão importante sabermos quais serão os impactos ambientais na área caso a empreendedora consiga reverter a situação a favor dela”, diz Izanoel.

Comissão
A Paranatinga Energia S/A deve entregar ainda nesta semana o estudo etnoambiental que avalia os impactos da hidrelétrica dentro da terra indígena. O indigenista Izanoel Sodré sugeriu que as lideranças do Xingu formassem uma comissão para fazer a análise do estudo junto com a Funai. Assim, durante a reunião, as lideranças elegeram seis indígenas, dos quais três são líderes mais experientes e três integram o Movimento dos Jovens Indígenas do Xingu. Eles devem chegar em Brasília no dia 13 de maio para discutir o estudo da empreendedora com técnicos ambientais e antropólogos da CGPIMA.

Um comentário:

Daia disse...

Oi, amiga.
Depois do acontecido com a tribo Ava-Guarani, os índios têm que ficar com os dois pés atrás...
Beijos. :)