domingo, 22 de julho de 2007

Índios Fulni-ô (Fonte da imagem)

VIDA DE ÍNDIO
(Fonte: Usina de Letras)
A repórter Xereta entrevistou alguém muito especial para a nossa reportagem: a índia Maria Helena Sarapó, que estava de passagem por Brasília.
Nossa entrevistada mora na tribo dos Fulni-ô, uma aldeia de 6 mil índios no interior do Pernambuco, e contou como é a vida em sua aldeia.
Você vai ver que ela é gente como a gente.
Como é a vida na sua tribo? O que vocês fazem no dia-a-dia?
A gente faz artesanato, cozinha e busca lenha no mato.
Os homens caçam e fazem artesanato também: arco, flecha e lança.
As crianças de manhã vão para a escola aprender português, e de tarde vão para a escola da nossa língua, o Iatê.
Normalmente ficamos mesmo na aldeia, mas no final de agosto a gente vai para a reserva passar três meses, onde praticamos nossos rituais e ensinamos às crianças as tradições da tribo.
A escola consegue atender a todas as crianças da tribo?
Sim, a escola tem 10 salas de aula, e todas as crianças estudam.
A tribo tem energia elétrica?
Na aldeia temos energia elétrica, sim, e também televisão, som, escola de computação, telefone e água encanada. Mas na reserva, que é uma área mais isolada, só tem água encanada; não tem energia porque o cacique prefere que não tenha, lá a luz é de lampião.
A escola de computação é para toda a comunidade?
Sim, para toda a aldeia, e tem acesso à internet. Só que são 10 computadores para a aldeia toda (de 6 mil índios).
Que tipo de brinquedos as crianças têm na tribo?
Os pais fabricam brinquedos, mas eles recebem muita doação de bola, carrinho e outros brinquedos.
Alguns índios têm mais condição e compram para os próprios filhos.
Alguns índios da minha aldeia são funcionários da prefeitura e do estado.
Esses têm mais condição, porque têm salário certo. Os que não têm, vivem das plantações, do artesanato e de doações.
Em que idade as crianças começam a ser consideradas adultas na tribo?
As meninas são consideradas adultas depois da menstruação, e os meninos, a partir dos 13 anos.
As crianças trabalham? Ajudam na plantação?
Só quando elas têm um tempinho, mas sempre a escola está em primeiro lugar.
O que a senhora acha de mais importante que os índios devem reivindicar?
A terra, pois as reservas não têm espaço suficiente.
A nossa área é de 11 mil hectares.
Antigamente era de 53 mil hectares, mas o branco foi tomando e só ficaram 11 mil.
É muito apertado para mais de 6 mil índios. Porque a gente planta muitas coisas: milho, feijão, algodão, verduras, frutas.
Para a senhora, qual a importância de ter um dia dedicado aos índios?
É bom para as pessoas lutarem pelos direitos dos índios, porque ainda tem muita gente que não gosta de índio.
Seria bom se as pessoas entendessem e apoiassem, porque de vez em quando tem questão de terra, com gente querendo tomar.
Até índio queimado já mataram aqui mesmo em Brasília (o índio Galdino Jesus dos Santos foi queimado por cinco jovens enquanto dormia num ponto de ônibus, em 20 de abril de 1997) .
Que mensagem deixaria para as crianças?
Eu falaria para as crianças não seguirem maus exemplos, que elas seguissem sempre bons exemplos, porque quando a pessoa é criada vendo bons exemplos ela vai fazer boas ações.
Vendo televisão, a gente vê tanta coisa ruim, mas quem tem um coração bom vai tentar ajudar para que o mal não aconteça mais.
Eu queria que as crianças crescessem tendo paz no coração.
Recado dado, né, pessoal? Os índios têm muito o que nos ensinar!

13 comentários:

DE-PROPOSITO disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
DE-PROPOSITO disse...

Olá.
Não sei se é benéfico o contacto 'com o dito "mundo civilizado"'(O mundo civilizado que produz armas de destruição macissa). Ele produz o aculturamento, com a perda de costumes e saberes tradicionais.
O mundo da Net é algo maravilhoso, mas com muitos perigos.
Fica bem.
Felicidades.
Manuel

Angela Ursa disse...

Manuel, atualmente como já existe bastante a mistura de culturas, o importante é procurar valorizar e preservar os costumes indígenas. Beijos da Ursa :))

Tom disse...

Ursa,
A Índia Sarapó é high-tech! Adorei a entrevista. Muito esclarecedora.
Apesar de eu não concordar com as doações de brinquedos de brancos para os indiozinhos. Acho que eles deveriam manter suas tradições de brincar com a natureza, e não com os brinquedos poluentes que temos na civilização branca.

Beijos planaltinos,
Tom

Angela Ursa disse...

Tom, eu também acho que as brincadeiras e jogos indígenas devem ser valorizadas. Beijos floridos da Ursa :))

Maria Clarinda disse...

Mais uma lição!!Gostei de saber que os Indios pelo menos em Agosto vão para a reserva praticar e ensinar as tradições aos mais pequenos.Não concordo com algumas coisa, mas, fazer o quê?
Jinhos

Jôka P. disse...

Um beijo, Dona Ursa !

Angela Ursa disse...

Clarinda, ensinar as tradições às crianças é muito importante para os índios sim. Beijos! :))

Jôka, beijos de inverno diretamente da Floresta para você, Gigi, e a linda Copacabana! :))

Anônimo disse...

É muito comovente depararmos com depoimento em que nas entrelinhas podemos perceber o teor de ameaça que nós, ditos da civilização, exercemos sobre a cultura e até ao espaço físico dos índios. Chega a ser covarde isso. O índio para o Brasil ostenta uma sabedoria que não conseguimos sequer avaliar. Linda a entrevista.
Cadinho RoCo

Angela Ursa disse...

Cadinho Roco, quantos conhecimentos tem os índios que poderiam ajudar a todos. Beijos!

Janaina disse...

Adorei a entrevista.
Beijos, Angela!

Angela Ursa disse...

Janaína, que bom! Beijos da Ursa da floresta gelada :))

Lia Noronha &Silvio Spersivo disse...

Ursa: que bela lição pra todos nós...não é verdade?
Bjus mil!!!